O SR. ELCIO ALVARES (PFL-ES. Como Líder. Para uma comunicação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, eminentes Colegas, ao longo deste mandato que venho exercendo como Senador da República, jamais ocupei a tribuna para fazer qualquer reparo a noticiário divulgado na imprensa, seja a do Espírito Santo, seja a nacional.

Sou jornalista, com longa militância, respeito profundamente conceitos, análises e críticas, porém, neste momento, quero ler uma notícia publicada no Jornal O Globo - vou lê-la por inteiro - e depois, Sr. Presidente, refutá-la, porque entendo que não espelhou, de maneira alguma, a conversa que mantive com o jornalista autor da matéria.

No O Globo de hoje temos a seguinte matéria:

      "Eleição: Parlamentares abandonam as grandes questões e se voltam para as bases.

      Congresso mergulha na campanha e só pensa nos votos de Ibiraçu e Eunápolis."

Esclareço perante o Senador Gerson Camata que Ibiraçu é um simpático município capixaba, ao longo da BR-101.

A matéria tem o seguinte texto, do qual lerei uma síntese para que os eminentes colegas possam compreender a razão do meu comparecimento à tribuna, principalmente como Líder do Governo.

      "O destino do Brasil está decisivamente ligado aos rumos políticos e aos palanques de campanha em Ibiraçu e de Eunápolis. A primeira, cidade da Zona da Mata do Espírito Santo, área de reflorestamento, onde o Líder do Governo no Senado, o pefelista Elcio Alvares, quer eleger o prefeito. A segunda, cidade de 120 mil habitantes no litoral da Bahia, na qual o Líder do Governo na Câmara, Benito Gama, também do PFL, costuma ser bem votado e também quer eleger o prefeito. Desde segunda-feira, os dois não economizam telefonemas para aquilo que chamam de suas "bases eleitorais."

Agora começa a matéria no ponto realmente em que quero refutá-la.

      "Os dois Líderes não fazem nem mais nem menos que outros Deputados e Senadores. E a constatação óbvia é que a proximidade da eleição de 3 de outubro esvaziou o Congresso. Um Congresso, aliás, que trabalhou menos este ano do que em 1995. De janeiro a maio votaram-se apenas 38 projetos no plenário da Câmara e uma única emenda constitucional (a da Previdência, e só em primeiro turno). No mesmo período do ano passado, aprovaram-se 64 projetos na Câmara e três emendas constitucionais."

Aí começa uma declaração minha:

      "- No máximo aprovamos a reforma da Previdência este ano. Nada mais. O Congresso, a partir desta semana, estará esvaziado e todos vamos cuidar de nossas campanhas eleitorais - constata Elcio, preparando-se para viajar a Vitória amanhã e organizar, no fim de semana, um encontro de prefeituráveis do PFL nos municípios de Ibiraçu, Aracruz, Fundão e Santa Tereza.

Sr. Presidente, como Líder do Governo, seria, até certo ponto, uma sandice afirmar que não vamos votar outra reforma a não ser a da Previdência e, muito mais ainda, dizer que os nossos colegas, principalmente os do Senado, vão cuidar das eleições municipais e deixar de lado as grandes questões que interessam ao País.

O Presidente Fernando Henrique Cardoso tem enfatizado sobremodo a importância das reformas. E eu, se realmente tivesse me empenhado, conforme noticiam as matérias, nas eleições municipais do Espírito Santo, teria um caminho lógico: entregar a Liderança ao Presidente Fernando Henrique Cardoso e dizer que, a partir desse momento, a exemplo de outros Parlamentares, eu iria cuidar de bases eleitorais.

Mas, felizmente, tenho aqui ao meu lado, o Senador Gerson Camata que conhece tão bem, palmo a palmo, o território do Espírito Santo. Teremos, na sexta-feira, no Espírito Santo, - o Senador Gerson Camata também comparecerá - uma reunião das Lideranças políticas de Fundão, Santa Tereza, Ibiraçu e Aracruz, exatamente no município de Aracruz, onde está sediada a grande empresa, para discutir a viabilidade econômica do Porto de Vila do Riacho. Nada mais, nada menos do que isso. Interpelado pelo jornalista sobre o que eu iria fazer no fim de semana, declarei ao mesmo que iríamos participar - os três Senadores pelo Espírito Santo - de um debate muito importante para todos nós, principalmente em se tratando de um porto que tem grandes perspectivas para aprimorar, cada vez mais, o sentido de exportação no Espírito Santo.

A partir daí, Sr. Presidente, foi criada e passada a idéia de que estamos esvaziados e que não votaremos nada. Repilo esse tipo de notícia. No fundo, Sr. Presidente, querem passar uma imagem do Congresso que todos sabemos não é verdadeira. V. Exª tem trabalhado juntamente com a Mesa para que tenhamos um fluxo de matéria praticamente com pautas esgotadas porque os Srs. Senadores estão votando. Acredito - e tenho reiterado isso por intermédio de muitas entrevistas - que, mesmo havendo eleições municipais, o Senado da República terá a presença dos Srs. Senadores, conscientes de sua responsabilidade para votar matéria de alta importância.

Portanto, como Líder do Governo, quero reafirmar que acredito que vamos votar todas as reformas. Confio no patriotismo dos Parlamentares, principalmente dos Senadores da República, e jamais vou declarar que um interesse de base municipal venha a postergar um interesse maior, principalmente relacionado às reformas.

Não declarei, conforme está constando na matéria, qualquer tipo de notícia nesse sentido. Quero comunicar que hoje encaminhei ao jornalista Franklin Martins, Diretor da sucursal de O Globo em Brasília, um fax pedindo a retificação, porque se se tratasse simplesmente do Senador Elcio Alvares, a notícia passaria como passam todas aquelas que, às vezes, não são agradáveis a nós, mas que estão dentro do âmbito da análise, da crítica da imprensa brasileira. Porém, como Líder de Governo, não fica bem afirmar que, ao término da votação da Reforma da Previdência, o Congresso ficará esvaziado e que vamos cuidar de bases eleitorais, não votando mais coisa alguma.

Portanto, Sr. Presidente, com constrangimento, pois não gosto de fazer isso, quero fazer esse registro, porque entendo que estamos imbuídos num propósito, que é o mesmo de V. Exª, de toda a Mesa e de todos os Srs. Senadores, de votar, mesmo com as eleições municipais, uma vez que todos os Senadores têm consciência de que as reformas são fundamentais para a vida do País. Enquanto tivermos essa mentalidade dentro do Senado, não tenho dúvida em afirmar que jamais os Parlamentares vão abandonar as grandes questões para voltar às suas bases e para não se ater principalmente às necessidades das reformas.

Era o registro que gostaria de fazer, como Líder do Governo, Sr. Presidente.