O SR. BERNARDO CABRAL (PFL-AM. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, em primeiro lugar, agradeço ao eminente Senador José Eduardo Dutra, que lidera o Partido dos Trabalhadores com a mesma proficiência com que já o fizera o Senador Eduardo Suplicy.

Quero dizer que a comunicação é inadiável, porque parece que nós, amazonenses, estamos sempre na crista daqueles que, não sendo da nossa terra, desconhecem a luta que, ao longo dos anos, travamos para ficar com alguma independência regional.

Por uma dessas coincidências, V. Exª preside os trabalhos desta sessão e, ao fazê-lo, sabe, tanto quanto eu, que, no passado, o Amazonas vivia vinculado ao Estado do Pará, numa relação de dependência, cuja burocracia só trazia empecilhos para a boa ordem dos trabalhos administrativos. Com a criação da Zona Franca de Manaus, começamos a palmilhar um novo caminho, distanciando-nos daquela dependência a que me referi ainda há pouco, que era justificada e justificável no passado, mas que não mais se compadece com os dias atuais, depois do Decreto-Lei nº 288.

Imaginem, V. Exª e meus eminentes Pares, que acabo de tomar conhecimento de uma matéria publicada na página da sessão Economia, do Amazonas Em tempo, com este título: "Vem aí a Suframa diet"!

Quero lavrar nesta tarde, desta tribuna, o meu mais veemente protesto pela forma com que se quer tratar a Zona Franca de Manaus, tornando-a praticamente subordinada à Sudam.

Nos últimos tempos, a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia, pelo menos no nosso Estado, tem sofrido uma estagnação que permite reprovação, a ponto de alguém já ter dito que o ideal para a nossa terra, para o nosso Estado, seria a extinção da Sudam. O que vejo, Sr. Presidente, é que o atual Superintendente da Zona Franca - que, por enquanto, abre um crédito de confiança -, não sendo da terra e não tendo ali maior vivência, quer que a Suframa se transforme unicamente numa agência de planejamento. Até aí, tudo bem. Mas, logo a seguir, declara que a análise de projetos, que hoje é feita por técnicos da Suframa, teria sido feita pela Sudam. E mais: admite que essa proposta foi realizada pelo Superintendente da Sudam, Frederico Andrade.

Ora, Sr. Presidente, convenhamos, recentemente foi criado, pelo Presidente da República, um chamado Grupo Especial de Trabalho. Esse grupo é que iria definir as mudanças na Suframa, na Zona Franca de Manaus, composto pelo Secretário-Geral do Ministério do Planejamento, Andrea Callabi, pelo Presidente do Conselho da Companhia do Desenvolvimento da Amazônia -Ciama-, Professor Adroaldo Moura, colega de universidade do Presidente da República e amazonense de nascimento, e pelo Secretário de Fazenda, Samuel Hanan.

Em 120 dias, esse grupo deveria apresentar um relatório com as propostas para a nova Suframa e para o modelo da Zona Franca de Manaus.

Vê-se, portanto, que, em verdade, a Suframa quer antecipar-se às mudanças que deveriam ser propostas. Corremos o risco de viver um retrocesso, o que é absolutamente condenável e condenado, e lembrar a figura que conhecemos do curupira: aquele animal que pensa que anda para frente, mas, como tem os pés para trás, ele caminha distanciando-se da perspectiva do futuro.

Sr. Presidente, voltarei a esta tribuna. Nesse momento, tenho certeza de que V. Exª e eu denunciaremos o que poderá ser de alto prejuízo para a Superintendência da Zona Franca de Manaus e, como um todo, para a Zona Franca de Manaus, se delegarmos os nossos serviços à Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia - Sudam.

Por ora, é esse o protesto. Mais adiante, vamos requerer providências que, por certo, não serão do agrado daqueles que estão maquinando um trabalho altamente desfavorável ao nosso Estado.

Sr. Presidente, era essa a comunicação que eu gostaria de fazer. Muito obrigado.