Discurso no Senado Federal

OBSERVAÇÕES SOBRE A ENTREVISTA DO GOVERNADOR ORLEIR CAMELI, QUEIXANDO-SE DE PRESSÕES CONTRA OS TRABALHOS DE PAVIMENTAÇÃO E DE IMPLANTAÇÃO DE NOVOS TRECHOS RODOVIARIOS NO ESTADO DO ACRE.

Autor
Nabor Júnior (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AC)
Nome completo: Nabor Teles da Rocha Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DO ACRE (AC), GOVERNO ESTADUAL.:
  • OBSERVAÇÕES SOBRE A ENTREVISTA DO GOVERNADOR ORLEIR CAMELI, QUEIXANDO-SE DE PRESSÕES CONTRA OS TRABALHOS DE PAVIMENTAÇÃO E DE IMPLANTAÇÃO DE NOVOS TRECHOS RODOVIARIOS NO ESTADO DO ACRE.
Publicação
Publicação no DSF de 21/06/1996 - Página 10498
Assunto
Outros > ESTADO DO ACRE (AC), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • DEFESA, POLITICO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), ACUSAÇÃO, ORLEIR CAMELI, GOVERNADOR, ESTADO DO ACRE (AC), LOBBY, SUSPENSÃO, AMPLIAÇÃO, MELHORIA, RODOVIA.
  • CRITICA, GOVERNADOR, ESTADO DO ACRE (AC), IRREGULARIDADE, DIVIDA, ADMINISTRAÇÃO, RECURSOS, TRANSPORTE.

O SR. NABOR JÚNIOR (PMDB-AC. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, na longa série de atitudes suspeitas e controversas adotadas pelo atual Governador do Estado do Acre, surgiu, esta semana, fato novo, carente de esclarecimento imediato, para que não prospere junto à opinião pública nacional e, particularmente, na sociedade acreana, uma versão maldosa, distorcida e francamente falsa em torno das polêmicas obras rodoviárias que o Sr. Orleir Cameli vem alardeando e tratando como se fossem invenções e méritos exclusivamente seus.

S. Exª deu entrevista, na noite da última terça-feira, ao prestigioso programa do jornalista Antônio Klemmer, transmitido pela TV Gazeta, de Rio Branco. Na tentativa de mostrar imagem de firmeza e sinceridade e se queixando de pressões contra os trabalhos de pavimentação e de implantação de novos trechos rodoviários no Estado, afirmou que "só Deus ou a Justiça podem parar as estradas" - e reiterou críticas genéricas contra políticos que estariam fazendo apelos para a estrada parar.

Ora, o ex-Prefeito Orleir Cameli já tem uma longa ficha de atividades como político, aderindo e depois renegando diversas legendas, disputando eleições dentro do mais legítimo sistema democrático. Da mesma forma, vários membros de sua administração também têm longa e vitoriosa carreira como políticos militantes, o que enseja a dúvida: será que S. Exª se referia aos políticos que o cercam, quando, de maneira delirante, falou sobre essa pretensa campanha contra a ampliação da malha rodoviária?

Quem são, afinal, esses políticos que estão fazendo apelos para a suspensão dos trabalhos, privando as estradas acreanas de melhoramentos indispensáveis?

Só podem ser os políticos aliados e auxiliares do Governador!

Os do PMDB, certamente, não são, porque toda a história do Partido é marcada por gestões, lutas por verbas, pressões junto ao Governo Federal, justamente em prol da implantação de novos trechos e para que os já existentes recebam asfalto e cuidados destinados a sua preservação.

Não foi à toa, aliás, que o asfaltamento da BR-364 e a ligação permanente entre Rio Branco e Porto Velho se concretizaram no Governo Flaviano Melo, valendo-se de recursos orçamentários e repasses federais que a bancada acreana defendeu em sucessivas legislaturas, com minha participação, a luta permanente dos saudosos Geraldo Fleming e Ruy Lino e o endosso de toda a população.

Hoje, mais do que nunca, esta é uma bandeira que empunhamos com coragem e determinação, principalmente dentro da consciência de que sem tais estradas o Acre continuará condenado à miséria, ao isolamento e ao esquecimento pelos outros brasileiros. V. Exªs, Srªs e Srs. Senadores, são testemunhas das vezes em que exigi, cobrei, denunciei, mostrei a importância da malha rodoviária acreana - importante para todo o Brasil, não apenas para o Estado que tenho a honra de representar nesta Casa.

V. Exªs, com generosa paciência e acentuado espírito público, sempre deram ouvidos atentos às reclamações e aos registros que tenho feito, em mais de duas décadas no Congresso Nacional, sobre essa matéria essencial.

O que tem acontecido nos últimos meses, e o Governador distorce maldosamente, é a sucessão de irregularidades e atitudes suspeitas que marcam o processo de desenvolvimento rodoviário no Acre, onde os parcos recursos disponíveis não estariam recebendo o tratamento correto e eficaz que todos desejamos e exigimos das autoridades. Queremos essas estradas, não desejamos a paralisação das máquinas, não admitimos que o povo acreano sofra duplamente, com as suspeitas de malversação dos valores repassados e o seu corte.

Permitam-me V. Exªs reiterar o ponto nuclear da questão: os recursos são poucos, e as carências são muitas - e, portanto, o dinheiro tem de ser empregado do modo mais racional, honesto e transparente possível, sem que nada possa ameaçar o prosseguimento das obras; os valores do metro quadrado e do trecho empreitado têm de ser fixados claramente; e os processos de licitação e a qualificação das empresas não podem sofrer qualquer suspeição ética ou administrativa, sob pena de comprometer-se toda a sua credibilidade e, portanto, todo o cronograma dos trabalhos.

O metro quadrado custa R$ 80 mil ou R$ 380 mil? Quem é o dono verdadeiro das máquinas empregadas nas obras? Quem contrata quem? Quem subempreita para quem? Que famílias estão envolvidas no processo? As empresas pertencentes à família do Governador são beneficiárias diretas ou indiretas de contratos? Existem ou não existem testas-de-ferro que mascaram os logotipos das máquinas da família Cameli com as marcas de outras empresas?

Isso é o que precisa ser esclarecido. O resto é manobra diversionista, a calúnia pura e simples contra quem sempre defendeu verdadeiramente o povo e o Estado do Acre; ao invés de desmentir o que todos os acreanos sabem, ao invés de acusar os Senadores e Deputados de inimigos das estradas - inimigos das estradas que sempre defendemos, é bom que se explicite -, ao invés de fazer esse papel lastimável, o que o Governador Orleir Cameli tem é de esclarecer as suspeitas seguidamente pela sociedade levantadas e repercutidas pela melhor imprensa nacional.

O resto, enfim, é a sucessão de denúncias e acusações concretas que vêm marcando esses tão longos dezoito meses em que o veterano político Orleir Cameli se faz notável pela presença nas páginas negativas de toda a imprensa do Acre e dos demais Estados, além de freqüentar tribunais estaduais e federais.

É a explicação que a sociedade acreana e os representantes dos demais Estados merecem, ante as novas denúncias contra o Governador Orleir Cameli.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/06/1996 - Página 10498