Discurso no Senado Federal

REINAUGURAÇÃO DO THEATRO PEDRO II, NA CIDADE DE RIBEIRÃO PRETO (SP).

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA CULTURAL. POLITICA SOCIO ECONOMICA.:
  • REINAUGURAÇÃO DO THEATRO PEDRO II, NA CIDADE DE RIBEIRÃO PRETO (SP).
Publicação
Publicação no DSF de 21/06/1996 - Página 10535
Assunto
Outros > POLITICA CULTURAL. POLITICA SOCIO ECONOMICA.
Indexação
  • INFORMAÇÃO, INAUGURAÇÃO, RESTAURAÇÃO, MODERNIZAÇÃO, RECONSTRUÇÃO, TEATRO, TRADIÇÃO, MUNICIPIO, RIBEIRÃO PRETO (SP), ESTADO DE SÃO PAULO (SP), PARTICIPAÇÃO, PREFEITURA, COMUNIDADE.
  • ELOGIO, ATUAÇÃO, ANTONIO PALOCCI FILHO, PREFEITO, IMPLANTAÇÃO, PROGRAMA, GARANTIA, RENDA MINIMA, MUNICIPIO, RIBEIRÃO PRETO (SP), ESTADO DE SÃO PAULO (SP).

O SR. EDUARDO SUPLICY (PT-SP. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, estive ontem em Ribeirão Preto, que, em demonstração de amor à arte e à cultura, reinaugurou o Theatro Pedro II.

Na década de 20, Ribeirão Preto vive seu apogeu econômico. A maior produção de café do mundo dá à cidade ares de Eldorado. É nesse contexto que, em 1928, João Meira Júnior, então Presidente da Companhia Cervejaria Paulista, iniciou a construção de um grande teatro de ópera com projeto inspirado nas casas de espetáculos européias. O crack da Bolsa de Nova York, em 1929, e a crise econômica mundial têm reflexos na construção do Theatro Pedro II. Diversos padrões foram alterados.

Ainda assim, por sua beleza e importância, o Theatro Pedro II surge como o último símbolo do poder da sociedade cafeeira.

Em 8 de outubro de 1930, numa seção do filme "Alvorada do Amor", o Theatro Pedro II é inaugurado.

Nas cinco décadas seguintes, o Theatro Pedro II se transforma na principal referência cultural de Ribeirão Preto e da região, palco de muitos acontecimentos sociais e políticos.

Na década de 60, tendo já atravessado sucessivas crises, o prédio passa por uma reforma que o descaracteriza. O Pedro II fica, então, restrito à condição de cinema.

Nos anos 60, já com acentuados sinais de decadência, o teatro passa a pertencer à Companhia Cervejaria Antarctica, que adquire a Companhia Cervejaria Paulista, antiga proprietária. O Theatro Pedro II continua sem maiores perspectivas.

Em 15 de julho de 1980, o Theatro Pedro II vive sua própria tragédia. Um incêndio destrói a cobertura, o forro do palco e grande parte do seu interior durante a exibição do filme "Os Três Mosqueteiros Trapalhões". As chamas consomem anos de história e comprometem dramaticamente a estrutura do teatro.

Ante a ameaça de ver o Pedro II vir ao chão, cidadãos, artistas, intelectuais e políticos realizam campanhas pela preservação do prédio e pelo resgate de sua função cultural.

No dia 7 de maio 1982, a mobilização desses grupos resulta no tombamento do teatro.

Em maio de 1991, inicia-se a primeira etapa de restauração e modernização do teatro, tendo como principal preocupação manter as características originais do prédio.

Em janeiro de 1993, começa a segunda etapa. Foi então que o Prefeito Antonio Palocci Filho, a sua administração e toda a cidade se envolveu plenamente na reconstrução.

Um concerto de música erudita, em abril de 1994, arrecada US$10 mil, provando a grande vontade do povo em recuperar um de seus maiores patrimônios.

Ontem, ao comemorar 140 anos de história, Ribeirão Preto abriu oficialmente esse teatro, o terceiro maior teatro de ópera do País.

Foram consumidos cinco anos de trabalho. Cerca de mil profissionais, entre operários, engenheiros, arquitetos e restauradores, participaram. No teatro, há agora a sala de balé, o teatro de câmara, sofisticados equipamentos; o palco ganhou modernos recursos de iluminação; há mais espaço e conforto nos novos camarins e, em especial, obra de arte é a nova cúpula do teatro, projeto de Tomie Ohtake, uma das mais renomadas artistas plásticas brasileiras, que estava presente à inauguração.

Para cobri-la, foram concebidas duas cúpulas de gesso estrutural, uma delas recortada. Tomie Ohtake disse que se inspirou no movimento das águas, criando uma tensão e contrapondo a cúpula à rigidez formal da platéia e galerias.

"O trabalho no Theatro Pedro II é, com certeza, um dos mais importantes da minha vida", diz ela.

Sr. Presidente, eu gostaria de dar o meu testemunho da beleza do Theatro Pedro II, com área total de 6.500 m2, altura de 30m, capacidade de 1.580 lugares - só o Teatro Municipal do Rio de Janeiro e o de São Paulo com, respectivamente, 2.000 e 1.590 lugares, superam-no. Há ainda um teatro de câmara, com 198 lugares, seis camarotes do proscênio, 24 camarotes coletivos; enfim, uma série de melhoramentos.

A cultura brasileira resgatou um dos seus mais importantes patrimônios. A cidade estava em festa. Representantes empresariais, trabalhadores, toda a administração municipal, representantes do Executivo, do Legislativo, Ministros do Superior Tribunal de Justiça, artistas e músicos estavam lá.

Sr. Presidente, desejo cumprimentar o Prefeito Antonio Palocci Filho, de Ribeirão Preto, pela iniciativa que, na área da cultura, completa outros empenhos importantes para a área social.

S. Exª, neste ano de 1996, também iniciou o programa de garantia de renda mínima. Já são 1.072 as famílias inscritas nesse Programa, e, até o final do ano, sua previsão é de que 2.000 famílias estejam inscritas. Trata-se de outra experiência tão relevante quanto àquela de Campinas, do Distrito Federal e de outras 60 cidades que estão debatendo essa proposição.

O nosso cumprimento a Ribeirão Preto pelos seus 140 anos e a todos que ali estão-se empenhando por oportunidades maiores de cultura para a população brasileira.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/06/1996 - Página 10535