Discurso no Senado Federal

APOIO DO PARTIDO SOCIAL BRASILEIRO A GREVE GERAL A SER DEFLAGRADA NO DIA 21 DE JUNHO PROXIMO.

Autor
Ademir Andrade (PSB - Partido Socialista Brasileiro/PA)
Nome completo: Ademir Galvão Andrade
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA.:
  • APOIO DO PARTIDO SOCIAL BRASILEIRO A GREVE GERAL A SER DEFLAGRADA NO DIA 21 DE JUNHO PROXIMO.
Aparteantes
Marina Silva.
Publicação
Publicação no DSF de 19/06/1996 - Página 10207
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • APOIO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO (PSB), GREVE, TRABALHADOR, AMBITO NACIONAL, MANIFESTAÇÃO, NECESSIDADE, IMPLEMENTAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, REFORMA AGRARIA, POLITICA DE EMPREGO, POLITICA PREVIDENCIARIA, POLITICA SALARIAL, DIREITOS E GARANTIAS TRABALHISTAS.

O SR. ADEMIR ANDRADE (PSB-PA. Como Líder, pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, quero falar aqui em nome da Executiva Nacional do meu Partido, o Partido Social Brasileiro, e quero me referir especialmente à greve geral convocada para a próxima sexta-feira, 21 de junho de 1996, que vem num momento extremamente importante para toda a Nação brasileira. O nosso Partido, o PSB, está trabalhando para que esta greve de fato aconteça, para que esta greve paralise o País e chame a atenção do governo para a necessidade de mudança nos rumos da nossa política econômica e social.

Os trabalhadores de todo o Brasil, unidos através de suas centrais sindicais, programaram esta greve e vão fazer atos públicos em todas as capitais e nos principais centros urbanos brasileiros, chamando a atenção para a necessidade da reforma agrária, para a necessidade de uma política de geração de empregos, para a necessidade de uma aposentadoria digna, de um salário justo e da manutenção dos direitos trabalhistas.

Nós, do PSB, gostaríamos de ressaltar que os vários segmentos empresariais desta Nação deveriam aderir, participar e apoiar esta greve, porque não se trata apenas de um movimento dos trabalhadores. Trata-se de um movimento que objetiva mostrar a necessidade de uma mudança de condução da política econômica e social do nosso País. Muitos empresários brasileiros estão massacrados pela política econômica, estão falidos, endividados, comprometidos com os bancos, sem poder pagar as suas dívidas, sem poder fazer investimentos, sem poder crescer e, evidentemente, sem poder gerar mais empregos.

Portanto, este deveria ser um dia do Brasil, um dia dos brasileiros, um dia em que o próprio governo deveria assimilar e conhecer as dificuldades que tem encontrado para mudar a realidade da nossa Nação.

Todos nós devemos ter a responsabilidade de participar deste ato que vai acontecer em todo o País.

Os funcionários do Congresso Nacional, os funcionários do Senado Federal, nós Senadores da República, enfim, a Nação inteira deve considerar esta convocação e participar ativamente, deixando de trabalhar no dia 21. É um dia em que esta Nação precisa paralisar, é um dia em que esta Nação precisa colocar o seu clamor de uma maneira mais clara, mais evidente, e esta oportunidade nos é dada agora com a convocação da greve geral do dia 21 de junho, próxima sexta-feira.

O PSB estará engajado neste movimento em todos os cantos do País onde o partido tem a sua estrutura, o seu diretório, os seus militantes. O nosso partido estará ao lado das centrais sindicais, ao lado de outros partidos, trabalhando pela paralisação geral no dia 21. Uma paralisação que poderá trazer dias melhores para a Nação brasileira. Essa é a nossa convicção, essa é a palavra que trago aqui, como Líder do meu Partido, como sendo uma mensagem da Executiva Nacional do Partido Socialista Brasileiro.

A Srª Marina Silva - V. Exª me concede um aparte?

O SR. ADEMIR ANDRADE - Ouço, com muito prazer, a Senadora Marina Silva.

A Srª Marina Silva - Senador Ademir Andrade, a greve do dia 21 vai acontecer justamente num momento em que os institutos de pesquisa demonstram que o Presidente está caindo num descrédito muito grande, porque não tem dado respostas compatíveis ao seu programa de campanha, principalmente no que se refere à questão social. A revista IstoÉ coloca, numa matéria de capa, o quanto a população está descrente da ação do governo. E é incrível como a população faz uma diferença entre o governo como instituição e o governo como pessoa, a pessoa do Presidente Fernando Henrique Cardoso. Eu queria apartear V. Exª para dizer que talvez a população levante as mãos para mostrar ao Presidente que, apesar de Sua Excelência ter "amputado" os cinco dedos que levantou durante a campanha, ela continua exigindo que o programa de governo seja cumprido. Inclusive o dedo que representava o emprego, o dedo mínimo - a revista IstoÉ faz esse registro -, passou a ser o maior problema do governo.

O SR. ADEMIR ANDRADE - Obrigado, Senadora Marina Silva.

Todos nós - e o próprio Presidente deveria enxergar isso - queremos ver esta Nação com melhor distribuição de renda e com melhores oportunidades de uma vida digna para o nosso povo. É isso que queremos.

Em determinados momentos, nós nos associamos ao Presidente. Por exemplo, com relação à administração do Ministro Extraordinário da Reforma Agrária, que tem enfrentado os conflitos com cautela, sem agressões, sem essa questão de querer manter a autoridade. Infelizmente, foi essa situação de manter a autoridade que levou o Governador Almir Gabriel a permitir, de certa forma, que acontecesse aquele morticínio no Pará, aquele ato tão grave e sério.

Não foi bom quando o Ministro Pedro Malan, fechado em seu gabinete, aquiesceu em conversar com os grevistas, que se retiraram e, no outro dia, foram recebidos, ouvidos? É assim que tudo deve funcionar. Outro seria o resultado se o Ministro partisse para uma ação de violência e colocasse a Polícia para retirar aquelas pessoas a qualquer custo. Então, no momento em que o governo não pensa nessa questão da autoridade e busca o diálogo e o entendimento, temos de elogiá-lo, dar o nosso apoio à sua decisão.

Esta greve não é contra a pessoa do Presidente Fernando Henrique Cardoso. Trata-se de um alerta, pelo qual o povo deve levantar-se.

Em nome do nosso Partido, queremos deixar um recado ao povo brasileiro: vamos todos parar esta Nação na sexta-feira; não vamos trabalhar; vamos nos reunir, discutir política, discutir novos rumos, uma saída para as nossas dificuldades, vamos parar os nossos trabalhos. Este apelo, eu faço inclusive aos funcionários do Senado Federal. Vamos parar na sexta-feira para dar a nossa solidariedade aos trabalhadores de todo o Brasil e mostrar que não estamos satisfeitos, que queremos que os rumos da nossa política econômica e social mudem, e mudem para melhor.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/06/1996 - Página 10207