Discurso no Senado Federal

CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DAS PROVIDENCIAS TOMADAS PELO IBAMA PARA SUSPENDER AS OBRAS DE PAVIMENTAÇÃO DAS RODOVIAS BR-364 E 317, NO ESTADO DO ACRE.

Autor
Nabor Júnior (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AC)
Nome completo: Nabor Teles da Rocha Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DAS PROVIDENCIAS TOMADAS PELO IBAMA PARA SUSPENDER AS OBRAS DE PAVIMENTAÇÃO DAS RODOVIAS BR-364 E 317, NO ESTADO DO ACRE.
Publicação
Publicação no DSF de 26/06/1996 - Página 10688
Assunto
Outros > POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • INFORMAÇÃO, AUSENCIA, LOBBY, SENADOR, DECISÃO, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), INTERDIÇÃO, OBRA PUBLICA, RODOVIA, ESTADO DO ACRE (AC), EFEITO, SOLICITAÇÃO, PROCURADORIA GERAL DA REPUBLICA, MOTIVO, GOVERNO ESTADUAL, DESCUMPRIMENTO, LEGISLAÇÃO, PROTEÇÃO, MEIO AMBIENTE, OBRIGATORIEDADE, RELATORIO, IMPACTO AMBIENTAL.
  • CRITICA, ATUAÇÃO, GOVERNADOR, ESTADO DO ACRE (AC), INFORMAÇÃO, GESTÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), CONCLUSÃO, RODOVIA, PROTESTO, ACUSAÇÃO, LOBBY.
  • INFORMAÇÃO, NEGOCIAÇÃO, PRAZO, APRESENTAÇÃO, RELATORIO, IMPACTO AMBIENTAL, CONTINUAÇÃO, PAVIMENTAÇÃO.

O SR. NABOR JÚNIOR (PMDB-AC. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, embora o Senador Flaviano Melo já tenha se ocupado do tema que pretendo abordar nesta oportunidade, considero indispensável tecer algumas considerações a respeito de providências determinadas pelo Ibama visando à suspensão das obras de pavimentação das rodovias federais que servem o meu Estado, a BR-364 e a BR-317.

Em primeiro lugar, para desfazer versões maldosas e dar maior clareza ao assunto, faço questão de informar à Casa e ao País -- e, principalmente, à população do meu Estado -- que a decisão do Ibama atende a uma solicitação da Procuradoria da República no Estado do Acre e não tem qualquer vínculo ou intermediação de caráter político. Foi o Procurador da República que, no cumprimento de suas funções legais, através de expediente ao Ibama, cobrou a interdição daquelas obras, até que o Governo do Estado do Acre, através do Departamento Estadual de Estradas de Rodagem, DERACRE, apresentasse o relatório de impacto ambiental das duas rodovias.

Como é do conhecimento geral, e o Governador deveria saber, a legislação ambiental brasileira determina: qualquer rodovia a ser aberta, ou mesmo pavimentada, na Região Amazônica, tem que ter as suas obras iniciais precedidas da apresentação do relatório de impacto ambiental. Esse laudo é que determina qual deve ser a utilização das áreas marginais a essas rodovias; é quem faz o levantamento das reservas indígenas, das reservas florestais, dos parques nacionais, e assim por diante, para que não haja uma devastação indiscriminada, como aconteceu, por exemplo, no Estado de Rondônia, quando se pavimentou o trecho Cuiabá--Porto Velho da BR-364.

O Ibama já havia solicitado ao Governo do Estado do Acre o relatório de impacto ambiental há algum tempo, mas, até agora, não foi atendido. Foi essa omissão que forçou o Procurador-Geral da República, no estrito cumprimento do seu dever legal, a se dirigir ao Ibama para exigir a interdição dos trabalhos naquelas duas rodovias.

Nós, do PMDB, lutamos mais do que qualquer outra pessoa pela conclusão das rodovias e entendemos que tanto os trabalhos na BR-364, nos trechos Rio Branco-Sena Madureira e Tarauacá-Cruzeiro do Sul, como na BR-317, no trecho Rio Branco-Brasiléia, não devem ser interditados, não devem ser suspensos, mesmo sabendo que a irresponsabilidade do Governador criou o impasse e forçou a determinação que está sendo expressa pelo Ibama junto às empresas construtoras daqueles trechos.

Isso, Sr. Presidente, vai causar inúmeros prejuízos à população dos municípios servidos pelas duas rodovias, que já está promovendo um grande movimento popular de protesto. Há dois dias, a comunidade de Sena Madureira, em um ato público que contou com a participação de mais de mil pessoas, mostrou seu desagrado quanto à paralisação das obras da BR-364, no trecho Rio Branco--Sena Madureira -- e, como seria de esperar, nesse período pré-eleitoral, apareceram alguns oradores de partidos adversários ao nosso, querendo atribuir a responsabilidade pela paralisação das obras aos Parlamentares do PMDB e do PT. Isto é uma acusação leviana e injusta, porque em nenhum momento nós interferimos junto ao Ibama para que fosse determinada a suspensão dos trabalhos. Ao contrário, sempre que falamos com o Governo Federal foi para pedir a aceleração e a ampliação das obras rodoviárias no Estado.

A nossa mais recente iniciativa, com relação a essas duas rodovias, foi procurar o Ministro dos Transportes, Deputado Odacir Klein, para, mais uma vez, solicitar de S. Exª que agilizasse o liberação dos recursos destinados pela União ao Governo do Estado para o custeio dos melhoramentos das duas rodovias. E, ao mesmo tempo, preocupados com os prejuízos que o povo acreano teria, caso esses recursos não fossem corretamente usados, solicitamos que o Ministério dos Transportes, através do DNER, fiscalizasse a sua aplicação e o andamento das obras.

Essas foram, exclusivamente, as iniciativas que tomamos!

Comparecemos duas vezes ao Ministério dos Transportes para encarecer a S. Exª, o Sr. Ministro Odacir Klein, que determinasse a fiscalização do andamento das obras e a aplicação dos recursos liberados pelo Governo Federal para o Governo do Estado do Acre. Mas, com relação ao relatório de impacto ambiental, em nenhum momento nós tivemos contatos com o Ibama, cuja ação decorreu, como já disse e repito aqui, de providências tomadas pelo Procurador-Geral da República no Estado Acre, Dr. Luís Francisco.

Não aceitamos e até veementemente protestamos contra a exploração política que estão querendo fazer no Estado do Acre -- exploração voltada para convencer a população de que somos nós, os Senadores e os Deputados do PMDB e do PT, que estamos procurando impedir o prosseguimento das obras das Rodovias 364 e 317.

Hoje mesmo procuramos manter contato com o Presidente do Ibama, Sr. Eduardo Martins, para sugerir que S. Sª fixe um prazo de 90 dias para que o Governo do Estado do Acre apresente o relatório de impacto ambiental das duas rodovias, mas sem suspender a execução dos seus trabalhos. Como ele já trabalhou no Estado e conhece as suas peculiaridades, sabe que é importante aproveitar o período de estiagem, chamado de "verão" no Estado do Acre, para que as obras dessas estradas possam ter prosseguimento normal.

Assim sendo, queremos deixar aqui a nossa posição em favor do prosseguimento das obras das duas rodovias federais que cortam o Estado do Acre, para que seu povo não se veja prejudicado pela inércia do Governo do Estado, que está na obrigação de apresentar o relatório de impacto ambiental. Mas que se abra um novo prazo para tanto, sem a paralisação das obras de pavimentação dessas duas rodovias. Serão atendidos, desta forma, os propósitos preservacionistas do Ibama e os superiores interesses da sociedade acreana.

Muito obrigado, Sr. Presidente. (Muito bem!)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/06/1996 - Página 10688