Discurso no Senado Federal

REALIZAÇÃO DO FESTIVAL DO MAR, IMPORTANTE EVENTO ARTISTICO DA CIDADE DE FLORIANOPOLIS, ENTRE OS DIAS 1 E 5 DE MAIO.

Autor
Esperidião Amin (PPB - Partido Progressista Brasileiro/SC)
Nome completo: Esperidião Amin Helou Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA CULTURAL. TURISMO.:
  • REALIZAÇÃO DO FESTIVAL DO MAR, IMPORTANTE EVENTO ARTISTICO DA CIDADE DE FLORIANOPOLIS, ENTRE OS DIAS 1 E 5 DE MAIO.
Publicação
Publicação no DSF de 28/06/1996 - Página 10999
Assunto
Outros > POLITICA CULTURAL. TURISMO.
Indexação
  • INFORMAÇÃO, REALIZAÇÃO, FESTIVAL, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), APRESENTAÇÃO, DIVERSIDADE, ARTES, PARTICIPAÇÃO, PUBLICO, DESTINAÇÃO, RENDA, ASSOCIAÇÃO DOS PAIS E AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS (APAE), DEMONSTRAÇÃO, CAPACIDADE, TURISMO.
  • CRITICA, GOVERNO, ATRASO, POLITICA NACIONAL, TURISMO.

O SR. ESPERIDIÃO AMIN (PPB-SC) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, entre os dias primeiro e cinco de maio, a cidade de Florianópolis foi palco de um evento extremamente bem sucedido, que seguramente vai se transformar numa das principais datas do já movimentado calendário turístico da capital catarinense. Estou me referindo ao Festival do Mar, que teve como mérito principal o fato de desencadear a apresentação de tudo o que vem sendo feito nos vários ramos da arte em Santa Catarina.

O número dos visitantes que passaram pelo Ilha Shopping, no trevo dos Ingleses -- local onde se desenvolveram as atividades -- comprova também o sucesso de público do evento. Passaram por ali cerca de cinqüenta mil pessoas, sendo que cinco por cento delas oriundas de outros Estados, principalmente turistas de São Paulo e Rio Grande do Sul, que se encontravam em visita a nosso Estado.

O evento artístico mais destacado foi, sem dúvida, a encenação de "Catharina -- Uma Ópera de Ilha", que se repetiu, diariamente, ao longo de todo o festival, sempre às vinte e uma horas. Trata-se de um espetáculo musical, com dezenas de figurantes, que traça a evolução histórica da Ilha de Santa Catarina através da vida de seus personagens mais expressivos. O conhecido pianista Artur Moreira Lima teve uma participação especial nesse drama musical, de características contemporâneas, intercalado por partes recitativas e coreografias. Todas as apresentações foram encerradas sob um o aplauso entusiasmado das platéias.

Mas foram incontáveis e de excelente nível as demais atrações artísticas. Grupos de danças típicas da ilha, conjuntos musicais e escolas de balé se revezaram ao longo do Festival para entreter os visitantes. Havia estandes com exposição de quadros de pintores locais e com venda de artesanato florianopolitano, em especial de rendas. Muitos foram também os acontecimentos esportivos, entre os quais se sobressaíram as exibições de balonismo, as disputas de triatlon e de esportes aquáticos.

Outro fato marcante foi a presença de numerosa delegação de autoridades portuguesas. Como se sabe, a Ilha de Santa Catarina foi colonizada, a partir de 1746, por casais trazidos das ilhas dos Açores. Treze anos depois, a população do então povoado de Nossa Senhora do Desterro chegava a cinco mil pessoas. Ainda hoje são muito fortes nas artes, na arquitetura, na culinária e na linguagem da Ilha os traços da herança lusitana.

Também deve ser mencionado aqui o fato de a receita líquida do Festival do Mar -- um valor bastante expressivo -- ter sido repassada à benemérita Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais de Florinópolis, que desenvolve um importante trabalho social e educativo.

O primeiro Festival do Mar, realizado neste ano, serviu acima de tudo para mostrar que Santa Catarina tem condições de gerar atrativos até mesmo nos meses da chamada baixa temporada turística. Mas representou bem mais que isso. Foi como um alento para os nossos criadores catarinenses -- sejam eles pintores, músicos, artistas ou dançarinos -- que contam agora com mais uma data para apresentar o que produzem. O Festival do Mar, em suma, pode funcionar como um fator que ajuda no florescimento da arte em nossa capital.

Quero aproveitar essa oportunidade para chamar a atenção do Ministério da Cultura para esse importante evento. Sabemos, é claro, das dificuldades materiais vividas por aquele Ministério, mas certamente alguma ajuda seus técnicos têm a dar aos que organizam o Festival do Mar. O Ministério da Cultura, que tem como obrigação fazer o mapeamento do que se produz nas artes brasileiras, deve estar presente a promoções como essa, seja para repassar conhecimentos, seja para colher informações a serem levadas a outros Estados.

Finalmente, não posso deixar passar essa oportunidade para me referir à sempre tão postergada questão do turismo do Brasil. Recentemente, o Presidente Fernando Henrique Cardoso anunciou uma Política Nacional para o Turismo. Já era tempo. Mas a verdade é que, infelizmente, estamos muito atrasados nesse campo da economia. O potencial turístico brasileiro, todo mundo sabe, é imenso. O do nosso Estado de Santa Catarina, particularmente, é fantástico. Temos ali representadas todas as diversas etnias que formam o povo brasileiro, bem como todos os climas e relevos do Brasil. Só para exemplificar, lembro que a cidade de Florianópolis tem quarenta e duas praias!

No entanto, o Brasil ocupa hoje o desonroso quadragésimo oitavo lugar na lista dos países que mais recebem turistas ou que mais receita obtêm em função disso. Segundo levantamento da Organização Mundial de Turismo, no ano passado, o Brasil recebeu apenas um vírgula sete milhão de turistas, que aqui gastaram cerca de um vírgula quatro bilhão de dólares. São números irrisórios quando confrontados com o nosso potencial. A França, por exemplo, recebeu sessenta milhões de visitantes e teve receita de vinte e sete bilhões de dólares. Já os Estados Unidos, embora tenham recebido menos pessoas, faturaram mais: foram quarenta e quatro milhões de turistas que gastaram cinqüenta e oito bilhões de dólares. O Brasil ficou muito atrás da Argentina e do Uruguai. Isso sem falar no México, o país latino-americano que mais recebeu turistas: 22 milhões.

O turismo é, sem dúvida nenhuma, um ramo de atividade que pode alavancar o crescimento econômico brasileiro. Temos que nos voltar para esse assunto. Precisamos discuti-lo seriamente. E apoiar decididamente todas as iniciativas setoriais bem sucedidas, como é o caso do Festival do Mar de Florianópolis.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/06/1996 - Página 10999