Discurso no Senado Federal

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL O ESTADO DE S.PAULO DE HOJE, SOB O TITULO OBRIGATORIEDADE DA VOZ DO BRASIL PODE SER REVISTA.

Autor
Epitácio Cafeteira (PPB - Partido Progressista Brasileiro/MA)
Nome completo: Epitácio Cafeteira Afonso Pereira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
TELECOMUNICAÇÃO.:
  • ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL O ESTADO DE S.PAULO DE HOJE, SOB O TITULO OBRIGATORIEDADE DA VOZ DO BRASIL PODE SER REVISTA.
Publicação
Publicação no DSF de 03/07/1996 - Página 11303
Assunto
Outros > TELECOMUNICAÇÃO.
Indexação
  • ANALISE, CRITICA, ARTIGO DE IMPRENSA, PUBLICAÇÃO, JORNAL, O ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), REFERENCIA, DECLARAÇÃO, AUTORIA, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, OPOSIÇÃO, CARATER OBRIGATORIO, TRANSMISSÃO, RADIO, PROGRAMA, VOZ DO BRASIL, MOTIVO, EXCESSO, LUCRO, PROPRIETARIO, MEIOS DE COMUNICAÇÃO, NECESSIDADE, DEFESA, MANUTENÇÃO, DIREITOS, COMUNICAÇÃO SOCIAL, CONGRESSO NACIONAL, SOCIEDADE, BRASIL, ESPECIFICAÇÃO, MUNICIPIOS, PAIS.

O SR. EPITACIO CAFETEIRA (PPB-MA. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o jornal O Estado de S. Paulo de hoje, no seu primeiro caderno, às páginas 16-A, tem a seguinte manchete: "Obrigatoriedade da ´Voz do Brasil` pode ser revista".

Nós sabemos que as emissoras de rádio são contra a transmissão da Voz do Brasil. Não pagam nada pela concessão que recebem do Governo, mas reclamam porque, durante uma hora por dia, nos dias comuns, têm que transmitir a Voz do Brasil.

Ora, Sr. Presidente, o lucro das emissoras de rádio é muito grande. No Brasil existem desde a Índia - o Norte e o Nordeste - até a Bélgica - o Sul do País. Na Índia não existe outro meio de comunicação senão o rádio. Quando ali aparecem rádio e televisão particulares, podem conferir porque eles pertencem a um político, que os usa para fazer a sua promoção pessoal. Notícia dos adversários só se eles morrerem.

O Poder Legislativo, que não tem os meios para, de repente, falar em todas as televisões, como ontem fez o Presidente da República, sofre muito. Ele só tem essa maneira de se comunicar.

Faço questão de ler essa notícia que diz que a obrigatoriedade da Voz do Brasil pode ser revista, Sr. Presidente, para que entendam o motivo do meu pronunciamento.

      "Presidente admite criar uma fórmula que dê mais flexibilidade à transmissão de programa."

A palavra flexibilização está muito em moda no Governo. Querem encontrar uma maneira de haver flexibilização na transmissão da Voz do Brasil.

E diz mais:

      "O Presidente Fernando Henrique Cardoso admitiu ontem a possibilidade de chegar a uma fórmula que dê mais flexibilidade à obrigatoriedade da transmissão da Voz do Brasil. Em entrevista sobre os dois anos do real à Rádio Eldorado ele disse que é ´contra tudo o que é obrigatório`."

Ou seja, o Presidente não pode ser contra o que é obrigatório por lei, porque Sua Excelência tem de cumpri-la. O anarquista é contra a sua obrigatoriedade, e até admito que, na Oposição, existam os que pensam da mesma forma. Mas o Presidente da República não pode dizer que é contra a obrigatoriedade do cumprimento da lei, porque, caso contrário, Sua Excelência a estará subvertendo.

O Presidente diz que considera o problema difícil, porque uma parte do programa é do Congresso, a outra, do Governo. E há regiões em que a "Voz do Brasil" é o único meio de a população saber o que ocorre no Congresso. A Rádio Eldorado promove, juntamente com outras 900 emissoras, uma campanha contra a obrigatoriedade da transmissão.

Ora, se o Poder Executivo não concorda com essa obrigatoriedade, deveria abrir mão de meia hora do programa! A "Voz do Brasil" seria transmitida em meia hora, e não em uma, como ocorre atualmente. O Presidente poderia fazê-lo, porque, toda vez que quiser comunicar-se com a Nação, tem condições de convocar rádios e televisões, como fez ontem. Mas nós, legisladores, não temos essa condição. É exatamente através da "Voz do Brasil" que estamos prestando contas ao eleitorado do nosso Estado, dizendo que estamos lutando em seu benefício.

Querem tirar até isso do Congresso Nacional! O Presidente quer tirar-nos o direito de nos comunicarmos com o povo. Dizem que existem regiões onde só se ouve a "Voz do Brasil", o que é uma verdade.

Sr. Presidente, conclui a nota: "Fernando Henrique diz que, na sua opinião, ´quanto mais livre melhor`".

Mas, para que houvesse essa liberdade, seria importante que cada um de nós tivesse condições de se comunicar com a população. Porém, as concessões são dadas a poucos e, dessa forma, não existe liberdade. A nossa liberdade é feita através da "Voz do Brasil".

E mais, o Presidente admitiu a possibilidade de se criar um projeto sobre o assunto: "É preciso ver o momento, porque já tenho tantos problemas e esse seria mais um", disse Sua Excelência.

Sr. Presidente, se houver esse projeto, estarei nesta Casa defendendo o Poder Legislativo e o nosso direito de nos comunicarmos com o povo de nossos Estados. Não admito sequer discutir o assunto.

Concluo, mencionando o substitutivo do Senador Josaphat Marinho: "Para acabar com as medidas provisórias, sou porta-bandeira; estou aqui para lutar e para acabar com essa excrescência". Em prol da liberdade do Congresso de comunicar-se com o povo através da "Voz do Brasil", também estarei aqui com a bandeira desfraldada.

Esta é a voz da Liderança do Partido Progressista Brasileiro.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/07/1996 - Página 11303