Discurso no Senado Federal

COMENTARIOS A PRONUNCIAMENTO DO PRESIDENTE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO A RADIO NO RIO GRANDE DO SUL, SOBRE A CRIAÇÃO DE UM BANCO PELO (MERCOSUL), VISANDO FINANCIAR OS PROJETOS DAQUELA REGIÃO E QUE O ESTADO TEM CONDIÇÕES DE SER A SEDE FINANCEIRA DA ENTIDADE.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • COMENTARIOS A PRONUNCIAMENTO DO PRESIDENTE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO A RADIO NO RIO GRANDE DO SUL, SOBRE A CRIAÇÃO DE UM BANCO PELO (MERCOSUL), VISANDO FINANCIAR OS PROJETOS DAQUELA REGIÃO E QUE O ESTADO TEM CONDIÇÕES DE SER A SEDE FINANCEIRA DA ENTIDADE.
Publicação
Publicação no DSF de 04/07/1996 - Página 11461
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • AGRADECIMENTO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, DECLARAÇÃO, VONTADE, ESTABELECIMENTO, SEDE, BANCO DE DESENVOLVIMENTO, AMBITO REGIONAL, LOCALIDADE, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), OBJETIVO, CONTROLE FINANCEIRO, MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL), MOTIVO, INCENTIVO, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, REGIÃO.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB-RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, neste final de sessão é com muita alegria que falo a respeito do pronunciamento que o Presidente Fernando Henrique Cardoso concedeu a uma emissora de rádio do Rio Grande do Sul.

Todos sabemos que foi realmente admirável o trabalho que o Presidente da República fez em todas as estações de rádio e televisão do Brasil por ocasião do segundo aniversário do Plano Real.

No Rio Grande do Sul, fizeram-lhe uma pergunta com relação ao Rio Grande do Sul, ao Mercosul e ao Banco Meridional.

Já sabíamos que, na última reunião dos Presidentes dos países membros do Mercosul, ocorrida em Buenos Aires, quando tivemos a alegria de presenciar a entrada do Presidente do Chile, Eduardo Frei, foi tomada a decisão de que o Mercosul criará um banco para financiar os projetos da região, um banco de desenvolvimento do Mercosul. Trata-se de uma atitude corretíssima, altamente positiva, altamente necessária.

Quando uma repórter do Rio Grande do Sul, se não me engano a ilustre e extraordinária jornalista Ana Amélia Lemos, da Rádio Gaúcha, fez-lhe uma pergunta sobre o Banco Meridional, o Presidente respondeu que Porto Alegre reunia condições para ser a sede do setor financeiro do Mercosul.

É do maior significado e da maior importância essa afirmativa do Presidente. O Meridional é um banco do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, banco que resultou da fusão de bancos estaduais. Inicialmente, foi criado o Sul Brasileiro. Em virtude da má situação do Sul Brasileiro, o Governo criou o Meridional, banco estatal. Agora se debatia sobre a privatização desse banco. Em duas ocasiões, cogitou-se de sua colocação em leilão, mas problemas aconteceram e as licitações não foram realizadas. Em meio a esse debate, ocorreu a reunião dos Presidentes dos países que fazem parte do Mercosul, em Buenos Aires, na qual se tomou a decisão de criar um banco de desenvolvimento regional. Recebo com alegria a afirmativa do Presidente Fernando Henrique Cardoso de que Porto Alegre poderá ser a sede do setor financeiro do Mercosul. O Banco Meridional reúne condições de se transformar no organismo de integração do setor financeiro do Mercosul e poderá ser o mais amplo possível.

No momento em que o Meridional seria privatizado, no primeiro dia, quem tinha mais condições de ser o banco de desenvolvimento do Mercosul era o Banco de Boston, um grande banco, mas que nada tem a ver com a economia sul do Brasil e nada resolveria ou somaria para nós um banco a mais do exterior no Rio Grande do Sul a substituir um banco que hoje é nosso.

O Governo pode estudar a fórmula que nós entregamos. O prefeito de Porto Alegre, vários ex-governadores e toda a bancada do Rio Grande do Sul no Congresso entregaram uma proposta ao Presidente do BNDES no sentido de fazer do Banco Meridional um banco de desenvolvimento das pequenas e médias empresas.

O extraordinário e competente Governador do meu Estado, Antônio Britto, apresentou uma outra proposta de unificação do Banco Meridional com o Banco do Rio Grande do Sul, a Caixa Econômica Estadual e o BRDE.

Em meio a essa discussão, o Presidente da República - repito, em cima da decisão dos presidentes dos países membros do Mercosul, em Buenos Aires, onde decidiram que tem que se criar um Banco de Desenvolvimento do Mercosul -, falando para o Estado do Rio Grande do Sul, por intermédio da ilustre jornalista Ana Amélia, diz: "Acho que Porto Alegre reúne condições para ser a sede de um Banco de Desenvolvimento Regional do Mercosul."

Essa notícia é importante demais.

Quero dar um abraço muito carinhoso no Presidente da República e agradecer, em nome do Rio Grande do Sul, essa manifestação de Sua Excelência. Será muito importante para o nosso Estado. O Rio Grande vive momentos interessantes. Quando Governador do Estado, participei muito de discussões e depois, como Ministro da Agricultura do Governo José Sarney, naquele primeiro ano da Nova República, iniciamos os debates de aproximação do Mercosul. Primeiramente, uma aproximação entre Brasil e Argentina, entre Sarney e Alfonsín, porque todos sabíamos que não podíamos falar de Mercosul, de integração da América Latina, antes de aparar arestas entre Brasil e Argentina. Isso foi feito desde a primeira reunião, em Montevidéu, com a presença dos presidentes da Argentina, Uruguai e Brasil, dos respectivos ministros das Relações Exteriores, e comigo, Ministro da Agricultura, por ser do Rio Grande do Sul e por ter participado, desde o início dessas negociações, quando teve início aquele longo trabalho de integração do Mercosul.

Neste momento, o Rio Grande do Sul tem dificuldades, Sr. Presidente - desde o início sabíamos disso -, porque produz o que a Argentina e o Uruguai produzem: arroz, soja, trigo, frutas, vinho, carne, leite. O que não é o caso de São Paulo, que praticamente produz o que a Argentina não produz, e a Argentina produz o que São Paulo não produz.

É este o momento de fortalecer aquele Estado que sempre foi a vigilância do nosso País. Sempre se disse que o Rio Grande do Sul traçou o mapa do Brasil no sul, a pata do cavalo. No momento de dar uma compensação, vem o Presidente da República e faz essa afirmação magnífica.

O Brasil, ao invés de privatizar o Meridional em troca de moeda podre, seja lá o que for, coloca-o à disposição da integração do Mercosul.

A Argentina pode entrar com um banco ou com dinheiro; o Uruguai, o Paraguai, o Chile. Podem entrar as prefeituras, os governos das províncias, as indústrias da Argentina, do Uruguai, do Brasil, que compõem esse mercado, criando um grande banco de desenvolvimento.

Felicito, com muita alegria, o Presidente Fernando Henrique Cardoso pela sua declaração. Votei em Sua Excelência e sinto-me grato com essa afirmativa. Se Porto Alegre for o centro financeiro do Mercosul, creio que será um grande ato de respeito ao Rio Grande do Sul. Na minha opinião, para que isso seja feito imediatamente, o Meridional, que já foi retirado da privatização comum - como deve ser - deve ser colocado à disposição da integração do Mercosul pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso na próxima reunião dos presidentes.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/07/1996 - Página 11461