O SR. ROMERO JUCÁ (PFL-RR. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o inverno tem sido extremamente rigoroso no Estado de Roraima. Especialmente neste mês, tivemos, no Estado e na Capital, Boa Vista, as maiores chuvas dos últimos 100 anos. Elas causaram, Sr. Presidente, extremos estragos e extrema dor à população de Boa Vista. Tivemos o Rio Branco inundado, tivemos a maioria da cidade alagada e, mais do que isso, os córregos da cidade levando avenidas e empreendendo a destruição de vias públicas, de equipamentos comunitários e de casas, principalmente de pessoas mais humildes.

Venho à tribuna hoje não só para relatar esse fato, mas também para registrar as providências tomadas pela Prefeitura de Boa Vista, que contou, desde o primeiro momento, com o apoio extremo das forças do Exército e da Aeronáutica no Estado. A Prefeita Teresa Jucá, decretando calamidade pública, teve condições de dar uma resposta rápida à situação, não só com o atendimento das pessoas desabrigadas e mais carentes, mas sobretudo com uma atuação mais estrutural, de recuperação dos danos causados pela água em nossa capital.

Quero registrar a importante posição e a firme decisão do Presidente Fernando Henrique Cardoso, que determinou ao Governo Federal providências para que os estragos e a assistência fossem realizados de forma rápida. Com a liberação de recursos emergenciais e o apoio pessoal do Presidente Fernando Henrique Cardoso, os Ministros Antonio Kandir, Gustavo Krause, Fernando Catão e os Secretários-Executivos do Planejamento e dos Recursos Hídricos, Andrea Calabi e Paulo Romano respectivamente, tomaram todas as providências para que a população de Boa Vista pudesse ser amparada.

Quero que façam parte do meu pronunciamento, Sr. Presidente, os recortes de jornal que demonstram as providências tomadas com relação a essas ações.

Mas quero registrar aqui também um fato lamentável. Infelizmente, nessa situação de dor, nesse momento de calamidade em Boa Vista, nem todas as figuras públicas do Estado agiram como deveriam. É preciso registrar aqui, para que conste não só nos Anais desta Casa, mas na consciência da população de Boa Vista e de Roraima, que o Governador do Estado, Sr. Neudo Campos, numa atitude oposta à do Governo Federal, numa postura oposta à de decisão e de apoio tomada pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso, não só proibiu que a Polícia Militar, o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil do Estado atuassem em conjunto com a Prefeitura - o que é um fato lamentável, para não dizer criminoso -, mas passou o dia andando de helicóptero em cima da cidade, dando adeus para a população que sofria embaixo.

Enquanto a Prefeita estava dentro da água prestando assistência à comunidade carente, o Governador, talvez assessorado por figuras e "marqueteiros" da comunicação, preferiu fazer como deve ter visto, em outras ocasiões, pela Rede Globo, preferiu atuar como Bill Clinton, preferiu andar de helicóptero por cima da cidade, esquecendo-se de que Bill Clinton, quando desce do helicóptero, nos Estados Unidos, em áreas conflagradas, deixa recursos, deixa apoio e deixa decisão política.

Infelizmente, o Governador limitou-se, no primeiro momento, a olhar a miséria de cima; depois, tendo em vista o repúdio da opinião pública, fez pior: foi com sua trupe para uma área alagada, arregaçou as calças, entrou na água para se deixar filmar, entregou duas cestas básicas, para produzir um filme para a televisão, e depois se retirou. Além de não atuar ajudando a população, o Governador teve o desplante de zombar dessa mesma população, produzindo um clipe para a televisão, produzindo uma mentira para a televisão, e teve a coragem de, nesse clipe, acusar a Prefeitura de Boa Vista de não ter prestado assistência à população.

Faço aqui essa ressalva para dizer também que quero que faça parte do meu pronunciamento uma nota oficial do PSDB, Partido do qual faz parte a Prefeita Teresa Jucá, que repudia essa atuação do Governador; quero que façam parte também dois artigos publicados na Folha de Boa Vista, jornal mais importante do Estado de Roraima, de autoria do jornalista Sócrates Arantes. No primeiro deles, de 21 de junho de 1996, intitulado O Helicóptero e a Lama, com muito sarcasmo e competência o jornalista descreve esses fatos zombeteiros que acabei de registrar aqui.

O outro artigo, também do jornalista Sócrates Arantes, publicado no jornal Folha de Boa Vista, no dia 25 de junho, tem o título de A Canoa Furada e trata exatamente desse clipe que o Governador fez, no qual teve inclusive a cara-de-pau de entrar numa canoa e sair remando, olhando para as câmeras, para depois mostrar para a população. E o jornalista, nesse artigo, com muita propriedade, diz que é uma pena que o Estado de Roraima não seja uma canoa, porque se fosse uma canoa, talvez o Governador tivesse competência para dirigi-lo.

Quero solicitar que fique registrado também, do próprio jornal Folha de Boa Vista, do jornalista e chargista Marco, uma charge que retrata bem essa palhaçada que o Governador Neudo Campos empreendeu em Roraima.

Quero encerrar minhas palavras, Sr. Presidente, registrando, agora sim, um ponto importante, para não deixar consignado nos Anais apenas dor, críticas e um pouco do sofrimento do povo de Roraima.

Quero registrar, especialmente para o Senador Eduardo Suplicy, que, na próxima segunda-feira, o Ministro da Educação, Paulo Renato, estará em Boa Vista, entregando, junto com a Prefeita Teresa Jucá, os primeiros cheques da bolsa familiar para a Educação, referentes a um programa de complementação de renda familiar, nos mesmos moldes do que foi feito aqui, no Distrito Federal, pelo Governador Cristóvam Buarque.

Com toda a calamidade, com toda a dificuldade, com todo o esforço empenhado pelo nosso Estado e pelo nosso Município, a Prefeitura, com recursos próprios, estará iniciando esse programa, que deverá, até o final do ano, atingir todas as crianças carentes da rede municipal de ensino.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.