O SR. EDUARDO SUPLICY (PT-SP. Para uma comunicação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a Nação está estarrecida, acompanhando, com extraordinário interesse, o desvendar da morte do Sr. Paulo César Farias e de sua namorada, Suzana Marcolino da Silva. De um lado, a violenta morte, o assassinato de Paulo César, e, de outro, o suicídio - se é que houve suicídio, senão assassinato também - da Srª Suzana.

Ontem estive com o Ministro do Justiça, Nelson Jobim, quando solicitei informações precisas sobre as providências que estão sendo adotadas pelo Governo Federal sobre o acontecimento. S. Exª disse que houve determinação ao Diretor da Polícia Federal, Vicente Chelotti, para ir a Alagoas acompanhar as investigações de responsabilidade da Polícia Estadual e do Governador Divaldo Suruagy.

No decorrer do dia de ontem, foram feitas revelações de grande importância, que suscitaram mais dúvidas ainda sobre a primeira versão da morte de Paulo César Farias e ao suicídio da Srª Suzana Marcolino da Silva.

É muito grave o fato de a Polícia Militar de Alagoas ter adquirido o revólver que a Srª Suzana Marcolino da Silva usou ou teria usado para matar o Sr. Paulo César Farias. Hoje o comandante da PM disse que, no dia 14, às 16h, essa arma teria sido vendida para a Srª Suzana. Aí surge uma outra dúvida: como é que a Polícia Militar adquire armas e depois as vende a particulares? Ainda hoje, conversando com o ex-Governador e atual Senador Roberto Requião, S. Exª me disse que nunca ouviu falar que uma arma da Polícia Militar pudesse ser vendida a uma pessoa particular.

Por outro lado, o médico e Coronel da Polícia Militar George Sanguinetti apresentou evidências, segundo seu estudo, de que a Srª Suzana Marcolino da Silva não cometeu suicídio e que há 90% de chance de o empresário Paulo César Farias ter morrido em pé.

Sr. Presidente, é muito importante que o Governo Fernando Henrique Cardoso, por intermédio do Ministro da Justiça, Nelson Jobim, realize investigações sob a responsabilidade da Polícia Federal e do Ministério da Justiça. É claro que a Polícia de Alagoas e o Governador Divaldo Suruagy têm que averiguar da forma mais completa, porque essa é a sua atribuição. Mas o Governador Divaldo Suruagy tem que dar as boas-vindas - e não pensar que vai ser intervenção branca - à colaboração dos melhores e maiores especialistas em laudos periciais, em investigação, para que a Nação brasileira conheça os fatos na sua integralidade.

Não pode haver mistério ou dificuldades. Todo o esforço dos especialistas nacionais e internacionais tem que ser desenvolvido para que o povo brasileiro venha a saber - pois merece saber - por que mataram Paulo César Farias.

Sem dúvida, havia muitas pessoas que não gostariam que fosse revelado tudo aquilo que PC sabia, todos os fatos de que participou, tudo o que aconteceu desde a campanha eleitoral, desde as eleições, desde os três anos de administração de Fernando Collor de Mello, todo o dossiê, tudo o que está em disquetes, o que ele falou aos seus irmãos, aos amigos, ou aos seus advogados. É necessário o empenho do povo brasileiro e desse Governo eleito pelo povo, para que, usando de toda a técnica investigatória possível, venha a desvendar a verdade completa. E o Senado Federal precisa acompanhar isso de perto.

Sr. Presidente, Srs. Senadores, acredito que, em agosto próximo, o Ministro Nelson Jobim, já tendo todos os elementos, poderá vir ao Senado Federal explicar o resultado das apurações até então realizadas. Precisamos conhecer em profundidade a seriedade com que deve e será feita a investigação.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.