Discurso no Senado Federal

HOMENAGEIA O TRANSCURSO DO OCTOGESIMO ANIVERSARIO NATALICIO DO DEPUTADO FEDERAL ANDRE FRANCO MONTORO.

Autor
José Roberto Arruda (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/DF)
Nome completo: José Roberto Arruda
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEIA O TRANSCURSO DO OCTOGESIMO ANIVERSARIO NATALICIO DO DEPUTADO FEDERAL ANDRE FRANCO MONTORO.
Aparteantes
Antonio Carlos Magalhães, Artur da Tavola, Hugo Napoleão, Jader Barbalho, José Ignácio Ferreira, Romeu Tuma, Sérgio Machado.
Publicação
Publicação no DSF de 11/07/1996 - Página 11762
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, ANDRE FRANCO MONTORO, DEPUTADO FEDERAL, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB).

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA (PSDB-DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, meu caro Deputado, Senador, Governador, Ministro, Franco Montoro, no momento em que V. Exª é homenageado pelo Senado Federal - Casa onde V. Exª marcou presença histórica -, como último orador inscrito desta sessão, sinto-me castigado, porque penso ser quase impossível - depois dos pronunciamentos dos Senadores Ney Suassuna e Lúcio Alcântara, que teve a idéia desta homenagem, e agora com a presença nesta Casa do Presidente do Congresso Nacional, Senador José Sarney, e com todos os apartes que tivemos - é muito difícil lembrar aqui episódios e etapas da vida de V. Exª que já não foram lembrados por aqueles que nos antecederam.

Mas, Sr. Presidente, Srs. Senadores, gostaria de dizer que a Consultoria Legislativa desta Casa havia preparado algumas anotações para meu discurso e, como V. Exª também é muito querido pelos profissionais que trabalham aqui no Senado Federal, me sugeriam que lembrasse, desta tribuna, que V. Exª nasceu exatamente durante o Governo de um conterrâneo meu, da mesma cidade, o ex-Presidente Wenceslau Brás. Sugeriram também que lembrasse que V. Exª, ao completar 80 anos de vida, completa praticamente 50 anos de vida pública. Sugeriram, inclusive, que lembrasse o início da carreira de V. Exª como Vereador, como Deputado Estadual, como Presidente da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo; que lembrasse aqui as passagens de V. Exª na Câmara Federal, no Ministério do Trabalho e da Previdência Social, no Governo do Estado de São Paulo, no Senado da República. Todavia, meu caro Deputado Franco Montoro, tudo isso já foi lembrado, e de forma clara por todos os que nos antecederam.

Eu me permito, portanto, na incumbência de concluir esta homenagem, dizer que V. Exª, na verdade, nos motiva a esta sessão solene muito mais pela sua longevidade política do que pelo fato de estar tão jovem, tão dinâmico e tão bem-disposto para a vida pública ao completar 80 anos de idade. Essa longevidade, Senador Franco Montoro, é preciso que se coloque de forma muito clara, nasce de uma sutileza que marca sua vida pública: É que, ao longo desses 50 anos, sempre que teve que decidir entre o mérito e o sucesso, V. Exª optou pelo mérito.

Essa colocação, muito feliz, é do Senador Artur da Távola, que foi presidente do PSDB nacional e é um dos homens que marcam a linha de pensamento da social-democracia brasileira, ao fazer uma referência sobre o exemplo que V. Exª dá a todos nós de que, em determinados instantes fundamentais da vida pública de cada um, é preferível optar pelo mérito do que pelo sucesso, até porque o primeiro é mais duradouro que o segundo.

Todos temos um grande carinho por sua presença na Executiva Nacional do PSDB, onde mais que Conselheiro é membro atuante a definir caminhos; todos temos um carinho muito grande pela presença de V. Exª no Congresso Nacional; mas, sobretudo, temos muito presente que o exemplo de V. Exª, o exemplo de cada um de seus gestos, de cada um dos momentos importantes de sua vida pública, tantos aqui lembrados, são eles os que devem nos inspirar, os que devem pontuar nossos caminhos.

O País, caro Senador, caro Deputado Franco Montoro, vive um momento importante, porque, provavelmente, nesses 50 anos de vida pública de V. Exª foram muito poucos os momentos em que tivemos ao mesmo tempo liberdade, democracia, estabilidade econômica e temos ainda um projeto de País.

O que sinto no dia-a-dia da convivência com V. Exª, no seio de nosso Partido ou nas lides do Congresso Nacional, é que mais do que a experiência que V. Exª traz a esta Casa, muito mais do que essa experiência, esta homenagem se deve à capacidade de V. Exª de sonhar e de ajudar a construir novo projeto de País. Nessa convivência com V. Exª, sentimos que é a tarefa de esculpir esse modelo de País mais justo, menos desigual, que é esse exercício diário o que lhe rejuvenesce; é o que lhe confere juventude de espírito e, mais que um exemplo pelos 50 anos de vida pública, é o que faz V. Exª ser reverenciado pela capacidade de olhar o futuro com otimismo, com alegria, com prazer de fazer vida pública com prazer e, por isso mesmo, fazer tão bem feito.

O Sr. Artur da Távola - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA - Pois não. Antes de concluir, ouço, com prazer, o aparte de V. Exª, nobre Senador Artur da Távola.

O Sr. Artur da Távola - Obrigado a V. Exª, nobre Senador. Meu prezado Franco Montoro, a esta altura dos nossos pronunciamentos, é praticamente impossível aduzir qualquer consideração que não seja repetitiva, mas há no lugar-comum uma situação muito interessante: quando as pessoas partem do lugar-comum, elas não estão sendo originais, mas quando chegam ao lugar-comum descobrem a essência pela qual alguma coisa é comum às demais. E chegar ao lugar-comum não é pecado; pecado talvez seja partir do lugar-comum. V. Exª é lugar-comum na política brasileira, no verdadeiro sentido dessa palavra. V. Exª é referência; é referência para nós que somos seus companheiros de Partido, é referência para qualquer político, é referência ética. V. Exª também é referência internacional do Brasil. E é muito importante chegar a esse ponto. Talvez exista em V. Exª um defeito para o político: V. Exª é equilibrado demais; V. Exª é generoso; V. Exª não está cercado de certa aura polêmica que tanto encanta os noticiários e que faz muitas vezes o destaque de algumas figuras; V. Exª é um construtor; V. Exª opera na linha do entendimento. V. Exª, ademais, traz nesse equilíbrio um outro traço que precisa ser ressaltado: o da aplicação de idéias cristãs à política. As idéias cristãs aplicadas à política dividiram o próprio pensamento cristão; já foram aplicadas pela Direita como são aplicadas pela Esquerda, mas partem de um princípio fundamental de generosidade, com base na doutrina social da igreja, com base em uma concepção de vida segundo a qual é dentro dos indivíduos que se darão as transformações necessárias, as transformações que hão de se dar na sociedade. Esse primado do indivíduo sobre o social numa época de coletivismos, que V. Exª atravessou com absoluta coerência no pensamento, é marca da ação política de V. Exª. Acrescentando ao que foi ressaltado aqui, eu gostaria de trazer à consideração dos Srs. Senadores e dos vários Deputados aqui presentes, alguns dos quais já fizeram a tentativa de romper o nosso Regimento para usar da palavra, porque queriam associar-se às homenagens, o fato de que essa marca, essa descoberta do indivíduo na sua eminente dignidade é que dá o sentido social da ação política de V. Exª. O PSDB, como todos os partidos do mundo, possui duas vertentes muito claras - e ainda bem que as possui, e ainda bem que as incorpora: possui uma vertente oriunda do pensamento social - socialistas, socialistas democráticos - e possui uma vertente oriunda do pensamento democrata cristão. V. Exª comanda essa vertente e, às vezes, é até um tanto implacável quando se pretende no PSDB apenas fortalecer o veio de natureza social, deixando de equilibrar as tendências de um liberalismo progressista, advindo do pensamento da posição social, dos princípios sociais da democracia cristã. Pude avaliar essa experiência melhor do que o fez muita gente porque vivi no Chile quando ela esteve no poder. Não pertenço a essa corrente, mas tenho por ela enorme admiração. V. Exª, portanto, capitaneia também a nível internacional; V. Exª é referência internacional dessa presença na vida brasileira. Deputado Franco Montoro, não pretendo tomar o tempo do orador - o aparte é sempre uma injustiça para com ele -, mas eu não poderia deixar de trazer, como seu admirador, como seu fã, se me permite essa expressão, e sobretudo como seu companheiro de partido - dentre as suas grandezas existe a de saber-se nosso guia e, mais do que nosso guia, colocar-se como companheiro - trazer o abraço comovido de quem o respeita, admira e, lá nas suas opções mais profundas, várias vezes procura seguir o seu exemplo.

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA - Agradeço ao Senador Artur da Távola pelo aparte, que se referiu basicamente à participação importante de André Franco Montoro na construção programática do PSDB.

Referia-me, meu caro Deputado Franco Montoro, à participação de V. Exª, neste momento da História do País, na construção do projeto do País.

O Sr. Romeu Tuma - Senador José Roberto Arruda, quando possível, eu gostaria de um aparte.

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA - Com o maior prazer.

Caro Deputado Franco Montoro, é esse episódio, é essa variável da disposição de V. Exª de ajudar a moldar, de ajudar a esculpir esse novo projeto de País que eu gostaria neste momento de sublinhar.

Concedo o aparte primeiramente ao nobre Senador Sérgio Machado; em seguida, ao nobre Senador Romeu Tuma.

O Sr. Sérgio Machado - É uma satisfação muito grande, como Líder do PSDB, participar desta sessão, primeiro porque posso testemunhar a justiça que se faz a um homem que marcou, pela sua simplicidade, pela visão coletiva e pela falta de apego ao poder, a História do Brasil. Franco Montoro é esse símbolo. No Governo, descentralizava. Não queria o poder, queria a descentralização para melhorar a situação dos que se sentiam excluídos. Esta foi sempre a marca de Franco Montoro: ajudar o Brasil a avançar. Houve o exemplo de sua atuação nas Diretas Já, quando não teve nenhum apego, quando não pretendeu ser Presidente da República. Naquele momento S. Exª queria que o País avançasse. Franco Montoro é, dentro do nosso Partido, o mais jovem, o mais idealista dos integrantes; é aquele que luta - e o faz com garra - na defesa de suas idéias. Para mim, Franco Montoro é uma baliza, um exemplo a ser seguido. Por essa razão, como Líder do Partido de S. Exª, estou profundamente orgulhoso em poder constatar as manifestações de integrantes de todos os partidos, palavras de justiça para com aquele que é o nosso Presidente de Honra e um dos grandes símbolos do nosso Partido, aquele que o povo elegeu para ocupar os mais importantes cargos de São Paulo. Estou muito orgulhoso por saber que o homem que exerceu todos esses cargos reconhece que o importante, para construir, é descentralizar, é unir, é somar forças. Parabéns, Franco Montoro! Continue sendo esse exemplo para todos nós.

O Sr. Romeu Tuma - Permite-me V.Exº um aparte?

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA - Com prazer, nobre Senador.

O Sr. Romeu Tuma - Agradeço a V. Exª, Senador José Roberto Arruda, por esta oportunidade. Quando o Senador Lúcio Alcântara teve a brilhante idéia de homenagear V. Exª, Deputado Franco Montoro, pretendi inscrever-me para falar, para discursar a respeito de fatos que acompanhei da sua vida política. Colhi alguns dados. Consultei até uma enciclopédia da Fundação Getúlio Vargas, que traz um retrospecto atualizado da vida de V. Exª. Há um detalhe importante a que se referiu o Senador Artur da Távola, sobre o Partido Democrata Cristão. Franco Montoro, mediante suas atividades políticas, sempre deixou claro esse amor a Cristo, essa opção pela democracia cristã. Existe, nessa enciclopédia, uma passagem intitulada: "Montoro e a sucessão paulista", que diz:

      "Empenhado em sua candidatura para o Governo de São Paulo, Montoro passou a angariar apoio para a mesma. Em 6 de janeiro de 1981 era recebido pelo Papa João Paulo II, em audiência privada no Vaticano. Na ocasião, o Papa deu o seu apoio à abertura política do Brasil, manifestando a esperança..."

E por aí vai. Sou testemunha, Governador Montoro - eu, que poderia ter sido auxiliar de V. Exª e tenho a tristeza disso não constar do meu currículo -, pois acompanhei as dificuldades por que passou principalmente no início da sua gestão à frente do Governo de São Paulo, quando a Abertura realmente começava a ser implantada no nosso País. E V. Exª, com aquela firmeza de caráter, com aquela paciência e amor que distribui aos seus companheiros de trabalho, pôde superar os quatro anos de dificuldades apresentadas nos confrontos políticos e trazer São Paulo como um exemplo da abertura política. Quero cumprimentar o Senador Lúcio Alcântara por esta oportunidade que nos dá de homenagear um grande brasileiro; e não poderia deixar também de cumprimentar D. Lucy, que, com aquele carinho permanente, sempre ao lado do Governador Montoro, mais do que primeira-dama, era praticamente a mãe dos paulistas. Que Deus o proteja e que possamos continuar a gozar da sua presença e do auxílio dos seus conhecimentos!

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, meu caro Deputado e homenageado, André Franco Montoro, ao agradecer os apartes, quero lembrar a V. Exª, que foi Senador por tantos anos, que poucas vezes este Plenário esteve tão atento a uma sessão de homenagem.

O Sr. Jader Barbalho - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA - Concedo o aparte ao nobre Senador Jader Barbalho, com o maior prazer.

O Sr. Jader Barbalho - Não resisti a solicitar um novo aparte - não a V. Exª, mas nesta sessão - para destacar um aspecto paradoxal desta homenagem: estamos aqui a homenagear Franco Montoro, até certo ponto como S. Exª estivesse prestes a encerar a vida pública. O sentimento que tenho é o de que 80 anos é muito pouco para Franco Montoro. Uma das características do nosso homenageado, com quem tive oportunidade de privar quando eu era Deputado Federal e S. Exª Senador, conhecida em toda a Casa, em todo o Congresso, é que o Montoro sempre estava com pressa. Era a sensação que S. Exª nos passava. A profissão do Montoro - e alguém já disse, eu não tenho originalidade - seguramente seria viver. Retornar à Câmara dos Deputados para Montoro não era ter um mandato, ter um cargo público, porque, como ressaltei anteriormente, Montoro é dessas figuras da vida pública nacional que dispensa cargo. Quer dizer, onde passa, perguntam: Quem é aquele cidadão? Não precisa saber se é Governador, se é Deputado Federal, se é Senador, se é Ministro. É uma instituição, como tantos outros que reverenciamos na vida pública nacional. Montoro é um desses. Mas Montoro seguramente voltou para a Câmara porque quer continuar contribuindo, através do mandato parlamentar, com o Brasil. Esse é um exemplo que faço questão de ressaltar. Essa vontade de viver, essa vontade de contribuir dá-nos o sentimento de que, para Montoro, 80 anos é muito pouco, 50 anos de vida pública é muito pouco. Que Deus abençoe o Brasil! Quem sabe não estaremos, ou outros estarão, aqui a festejar os 100 anos de Franco Montoro, com a presença de S. Exª, ainda contribuindo para o Brasil?

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA - Muito bem! O Senador Jader Barbalho, de forma interessante, lembra aqui, meu caro Deputado Franco Montoro, a idéia central que procurei sublinhar neste curto pronunciamento, que é dizer que muito mais pela experiência de V. Exª, queremos homenageá-lo pelo seu exemplo de vida, pela capacidade de V. Exª de sonhar, de olhar o futuro sempre; e isso é o que lhe confere jovialidade, e é este seu exemplo que miramos nas nossas vida públicas.

Mas, ao concluir, gostaria de dizer que falo aqui também em nome de outras pessoas. Em primeiro lugar, caro Deputado Franco Montoro, o Senador Valmir Campelo e eu queremos homenageá-lo em nome da população do Distrito Federal, em nome da população da Capital deste País, onde V. Exª durante vários anos exerceu o magistério, sendo professor dos nossos filhos, sendo professor de uma grande geração de brasileiros que aqui vivem. Essa é a nossa homenagem, em nome do povo de Brasília.

O Sr. Antonio Carlos Magalhães - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA - Com o maior prazer, concedo o aparte ao nobre Senador Antonio Carlos Magalhães.

O Sr. Antonio Carlos Magalhães - Gostaria de incorporar uma palavra não só do meu Partido, como minha pessoal, às homenagens que o Senado presta ao Senador, Deputado, Governador Franco Montoro. É sem dúvida uma das figuras maiores não apenas do seu Partido, mas da política nacional, e está a merecer, quando completa os seus 80 anos, que a classe política lhe preste estas justas manifestações de apreço. E V. Exª, Senador José Roberto Arruda, é bem o intérprete de toda a Casa, como o foi o Senador Lúcio Alcântara, dos nossos desejos de transformar esta festa do Senado em uma festa de todo o Brasil, e não apenas do Distrito Federal, que V. Exª tão bem representa. Quero lembrar que em momentos difíceis da vida nacional encontramos sempre o Senador Franco Montoro, inclusive na campanha de Tancredo Neves, quando lá estivemos com ele, comandando o processo em São Paulo e nos levando de seu Palácio diretamente para os palanques, em hora difícil da vida nacional e fazendo uma mudança radical na vida política brasileira, mas sempre mostrando a sua figura de homem público singular, sério e compreensivo, e sabendo fazer as transições que o País vivia e vive. Por essa sabedoria política, também o Senador, Governador e hoje Deputado Franco Montoro está a merecer as homenagens desta Casa do Congresso Nacional.

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA - Muito obrigado, Senador Antonio Carlos Magalhães.

Quero, em segundo lugar, meu caro Deputado Franco Montoro, dizer que de certa forma eu represento aqui, hoje, também uma geração de brasileiros que nasceram após o ingresso de V. Exª na vida pública. Há um testemunho que gostaria de prestar: quando a nossa geração sonhava com a redemocratização do País, quando sonhava com a volta da liberdade, quando sonhava com o privilégio de eleger os nossos governantes e os nossos representantes - e tivemos todos esses sonhos na nossa adolescência e no início de nossas vidas profissionais - , tinha na figura de V. Exª na liderança desses movimentos um marco. Embora ainda inexperientes, trilhávamos um caminho que nos levaria a bom termo. A bom termo - e disseram isso o Senador Antonio Carlos Magalhães e alguns que me apartearam - não só porque propunha mudanças, não só porque propugnava para a vida pública do País uma revolução, mas principalmente porque buscava todas essas mudanças pelo caminho democrático, com equilíbrio, com sensatez, olhando sempre o futuro. Essa é a marca que V. Exª imprimiu aos sonhos da geração que aqui também represento.

O Sr. José Ignácio Ferreira - Senador José Roberto Arruda, V. Exª me permite um aparte?

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA - Pois não, Senador José Ignácio Ferreira.

O Sr. José Ignácio Ferreira - Senador José Roberto Arruda, pressenti que V. Exª estava perorando, mas não posso perder esta oportunidade de render uma homenagem a uma pessoa a quem rendo íntimos cultos, e seguramente tenho traduzido isso permanentemente. O homem público Franco Montoro, Deputado Federal, como disse bem alguém que me antecedeu, dispensa cargos públicos para estar presente na vida pública e ser sempre uma figura símbolo de muitas virtudes. Seus padrões elevados, padrões éticos, cívicos, teológicos, levam-no sempre a ser uma espécie de farol para as gerações. Realmente, eu cheguei à vida pública tendo esse farol, essa figura que ajudava na iluminação dos meus caminhos. É um homem que conserva o sonho no coração, que não tem sentimentos menores, que tem uma larga experiência e que seguramente vai continuar cercado do respeito, do carinho e da admiração de todo o povo brasileiro. Muito obrigado a V. Exª.

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA - Muito bem!

Meu caro Presidente José Sarney, caro Deputado Franco Montoro, gostaria de dizer a este Plenário, aos Srs. Senadores presentes, particularmente àqueles que participaram ativamente desta homenagem, aos Srs. Deputados Federais que honram esta Casa com a suas presenças neste plenário, a todos os que, no Congresso Nacional ou pelos meios de divulgação, acompanham esta homenagem, que cumpro, ao final do meu pronunciamento, uma tarefa que me é particularmente honrosa e agradável, a de transmitir a V. Exª, Deputado Franco Montoro, um abraço de um amigo seu, de um homem que iniciou a sua vida pública como seu suplente a uma candidatura ao Senado Federal.

Trago aqui, como Líder do Governo no Congresso, o abraço afetuoso do seu amigo, o Presidente Fernando Henrique Cardoso, que pediu que eu dissesse desta tribuna que a vida pública de V. Exª tem sido para Sua Excelência, Presidente Fernando Henrique, a exemplo do que tem sido para todos nós, um marco, uma referência a indicar os caminhos da construção de um futuro deste País, que todos desejamos mais justo e menos desigual - bandeira essa que marcou toda a trajetória pública de V. Exª.

O Sr. Hugo Napoleão - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA - Se me permite o Presidente José Sarney, concedo o último aparte ao Líder do PFL nesta Casa, Senador Hugo Napoleão.

O Sr. Hugo Napoleão - Muito obrigado a V. Exª. Quero dizer que, indiscutivelmente, os pontos traçados por V. Exª bem representam a vida digna, honrada, séria e patriótica, de Franco Montoro. Nesta Casa o vi, desde os idos de 1975, pontificando. Já o vi como Líder do MDB, em diversas funções, e tive a honra, finalmente, de ser seu colega quando eu era Governador do meu querido e sofrido Piauí e S. Exª do grandioso Estado de São Paulo. Naquela ocasião, participamos da grande jornada cívica pela redemocratização do País - o Senador Jader Barbalho, Líder do PMDB, era Governador do Estado do Pará, em seu primeiro Governo. Participamos daquela jornada cívica, juntamente com o Presidente José Sarney, quando fincamos os alicerces desses novos tempos, desses novos ventos, dessa nova aurora que passamos a viver, em termos de democracia. Sem dúvida alguma, ajudou a coordenar os nossos trabalhos, os trabalhos dos Governadores, o Governador do Estado de São Paulo, Franco Montoro, como um pilar da democracia brasileira, aqui presente, para testemunhar que todos nós temos, por sua honrada vida, a maior admiração.

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA - Agradeço ao nobre Senador Hugo Napoleão.

Concluo a minha homenagem, meu caro Deputado André Franco Montoro, afirmando que, por mais que esta Casa tenha tentado, por mais que todos nós tenhamos nos esforçado, temos consciência de que as nossas palavras e esta homenagem simples não estão à altura de tudo aquilo que V. Exª fez na vida pública brasileira.

Peço a V. Exª, ao final deste pronunciamento, que leve consigo não a tradução da nossa emoção, mas, principalmente, o nosso afeto, o nosso carinho, a nossa admiração, o nosso respeito, a nossa reverência, a tudo o que V. Exª fez por este País. Concluo com esta linha de pensamento: especialmente, pela capacidade que V. Exª tem, ao cabo de 50 anos de vida pública, de valer mais pelas idéias e pelos sonhos de futuro do que por tudo aquilo que já fez nesse passado que reverenciamos.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/07/1996 - Página 11762