Discurso no Senado Federal

GESTÕES DUVIDOSAS DO BNDES NA PRIVATIZAÇÃO DA LIGHT E NA UTILIZAÇÃO DO FUNDO DE AMPARO AO TRABALHADOR - FAT. ABORDAGEM DO RELATORIO SOBRE DESENVOLVIMENTO HUMANO - 1996, DA ONU.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. POLITICA DE DESENVOLVIMENTO.:
  • GESTÕES DUVIDOSAS DO BNDES NA PRIVATIZAÇÃO DA LIGHT E NA UTILIZAÇÃO DO FUNDO DE AMPARO AO TRABALHADOR - FAT. ABORDAGEM DO RELATORIO SOBRE DESENVOLVIMENTO HUMANO - 1996, DA ONU.
Publicação
Publicação no DSF de 18/07/1996 - Página 12326
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. POLITICA DE DESENVOLVIMENTO.
Indexação
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O GLOBO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), CORREIO BRAZILIENSE, DISTRITO FEDERAL (DF), DENUNCIA, PROCEDIMENTO, BANCO NACIONAL DO DESENVOLVIMENTO ECONOMICO E SOCIAL (BNDES), AQUISIÇÃO, AÇÕES, LEILÃO, PRIVATIZAÇÃO, LIGHT SERVIÇOS DE ELETRICIDADE S/A (LIGHT), TITULO DA DIVIDA AGRARIA, UTILIZAÇÃO, RECURSOS FINANCEIROS, FUNDO DE AMPARO AO TRABALHADOR (FAT), EMPRESTIMO, EMPRESA PRIVADA, REGISTRO, INADIMPLENCIA, CADASTRO INFORMATIVO DOS CREDITOS DE ORGÃOS E ENTIDADES FEDERAIS NÃO-QUITADOS (CADIN).
  • RELATORIO, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), PROJETO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO (PNUD), DESENVOLVIMENTO SOCIAL, ANALISE, AMBITO INTERNACIONAL, VINCULAÇÃO, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, BEM ESTAR SOCIAL, QUALIDADE DE VIDA, RENDA PER CAPITA, DESEQUILIBRIO, CRESCIMENTO ECONOMICO, SITUAÇÃO, BRASIL, COMPARAÇÃO, PAIS, AMERICA LATINA, DESIGUALDADE REGIONAL, DESIGUALDADE SOCIAL, CONCENTRAÇÃO DE RENDA.

O SR. EDUARDO SUPLICY (PT-SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, duas notícias no dia de hoje nos causam preocupação relativamente a procedimentos no BNDES. Eis o que publicou o jornal O Globo, pelo jornalista Ricardo Boechat:

      Registrados como roubados na Polícia Federal, R$6 milhões em títulos da dívida agrária foram aceitos, este ano, em dois leilões de privatização de estatais.

      Os papéis pertenciam a clientes do banco BFC, liquidado em outubro pelo Banco Central.

      Sem autorização de seus verdadeiros donos, os TDAs foram vendidos ao Banco Vetor e usados, por diversos grupos, nas privatizações da Light e da Deten Química.

      Até agora, o BNDES só conseguiu reaver R$1,6 milhão do total do golpe de que foi vítima.

      Falta o resto.

Ora, Sr. Presidente, é preciso que venha o BNDES esclarecer esses fatos. Gostaríamos de lembrar que os empregados da Light solicitaram o financiamento junto ao BNDES, que, segundo as regras, deveriam significar a possibilidade de aquisição de 5,9% das ações da empresa a que teriam direito a preços que os trabalhadores terão de pagar, acima da cotação de mercado. Estão aguardando, da parte do Presidente Luiz Carlos Mendonça de Barros, a resposta a essa proposição.

Eu gostaria de lembrar ao Presidente do BNDES que os trabalhadores estão estranhando como podem ser aceitas moedas podres roubadas, utilizadas no leilão da Light e da Deten Química - a se confirmar esta informação do jornal O Globo de hoje. Ao mesmo tempo, há recusa de resposta aos trabalhadores da Light.

Por outro lado, há uma agravante. Os recursos do FAT e do PIS/Pasep, que nominalmente pertencem aos trabalhadores brasileiros - lembramos que as empresas recolhem à Receita Federal 0,65% de seu faturamento bruto mensal para o Programa de Integração Social e os órgãos públicos contribuem com 1% do valor de sua folha de pessoal para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público - têm sua arrecadação repassada para o Tesouro Nacional, que, por sua vez, já recolheu cerca de 7,6 bilhões de reais em 1996. O Tesouro destina cerca de 27% dessa receita para o Fundo de Estabilização Fiscal. Do que sobra, 40% vão para o BNDES. Aí, de novo, o Tesouro tira mais algum, atrasando o repasse dos recursos. O restante vai para o Ministério do Trabalho, que o mantém numa conta especial do Banco Central. Parte desse valor é para financiar o seguro-desemprego; outra parte é usada para pagar abono anual de salário mínimo aos assalariados com renda mensal de até dois salários mínimos. Por vezes, ainda, o FAT tem arcado com despesas do INSS e custeio da safra agrícola.

Ora, Sr. Presidente, o Correio Braziliense de hoje diz que o BNDES está destinando recursos do FAT a taxas de juros bem menores do que as de mercado a diversas empresas inadimplentes. Solicito que sejam transcritos os nomes dessas empresas, conforme publica o Correio Braziliense.

Sr. Presidente, amanhã estaremos dando entrada a um requerimento de informações sobre os dois temas, para que a direção do BNDES possa esclarecer os episódios.

Requeiro seja também considerado como lido pronunciamento que preparei referente ao Relatório sobre o Desenvolvimento Humano de 1996, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e o Brasil, que foi ontem divulgado aqui no Senado Federal.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/07/1996 - Página 12326