Discurso no Senado Federal

CRITICAS AOS PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS DO GOVERNO FEDERAL PARA LIBERAÇÃO DE RECURSOS AOS ESTADOS DO NORDESTE E, EM PARTICULAR, AO MARANHÃO.

Autor
Edison Lobão (PFL - Partido da Frente Liberal/MA)
Nome completo: Edison Lobão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.:
  • CRITICAS AOS PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS DO GOVERNO FEDERAL PARA LIBERAÇÃO DE RECURSOS AOS ESTADOS DO NORDESTE E, EM PARTICULAR, AO MARANHÃO.
Publicação
Publicação no DSF de 20/07/1996 - Página 12825
Assunto
Outros > ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.
Indexação
  • CRITICA, PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO, GOVERNO FEDERAL, LIBERAÇÃO, RECURSOS, ESTADOS, REGIÃO NORDESTE, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DO MARANHÃO (MA), OPORTUNIDADE, LEITURA, DECLARAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PUBLICAÇÃO, JORNAL, CORREIO BRAZILIENSE, DISTRITO FEDERAL (DF), DESTINAÇÃO, VERBA, GOVERNO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL (GDF), CONCLUSÃO, METRO.

O SR. EDISON LOBÃO (PFL-MA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Governo Federal do Presidente Fernando Henrique Cardoso tem tido, no Congresso Nacional, o meu total apoio político. Todavia, não posso deixar de reclamar alguns procedimentos administrativos que, a meu ver, são inadequados, diante da carência absoluta de recursos que, a todo instante, o próprio Governo proclama.

Sr. Presidente, leio, nos jornais, declarações do próprio Presidente da República sobre liberação de recursos para os metrôs do Rio, de São Paulo e de Brasília.

Diz o Correio Braziliense:

      FHC libera R$2 bi para obras do metrô.

      O Presidente Fernando Henrique anunciou ontem, no programa de rádio Palavra do Presidente, a liberação de quase R$2 bilhões para que os governos do Distrito Federal, de São Paulo e do Rio de Janeiro concluam a rede básica do metrô de suas capitais. Os recursos são do Banco Nacional do Desenvolvimento Social (BNDES).

Ora, Sr.Presidente, ao tempo em que o Governo libera tais recursos e em tais montantes, ele nega o cumprimento do que está estabelecido na própria Proposta Orçamentária votada pelo Congresso Nacional, sancionada pelo Presidente da República, que destina recursos modestos para alguns Estados, entre os quais o meu Estado, o Maranhão. As estradas do Maranhão, em péssima situação - como estão, de resto, as rodovias de todo o País - foram contempladas com aproximadamente R$80 milhões. Apenas R$80 milhões! Pois bem, o Governo, através do Ministério do Planejamento e Orçamento e o dos Transportes, corta esses recursos, mas libera outros que nem sequer estavam previstos no Orçamento. Trata-se de um montante da ordem de R$2 bilhões para três metrôs, obras que ao longo dos anos têm sido verdadeiros sumidouros do dinheiro público.

Sr. Presidente, é contra essa falta de critério que me levanto. Poderão dizer que o BNDES é quem vai emprestar, ou fornecer, essa verba, e que, portanto, não se trata de dinheiro do Tesouro Nacional. Sim, é verdade. Mas os Estados, sobretudo os do Nordeste, entre os quais o Maranhão, estão batendo às portas do BNDES para pedir recursos de contrapartida a empréstimos externos já concedidos e para cuja obtenção governos passados lutaram durante anos. Esses Estados pedem alguns poucos milhões de reais para atender a contrapartida dos empréstimos externos, e o BNDES não os socorre. No entanto, diligentemente, encontra R$2 bilhões para obras de metrô em três Estados, obras que já consumiram bilhões e bilhões de reais ao longo do tempo.

Sr. Presidente, dir-se-á que esses recursos serão empregados em duas das maiores capitais do País e na Capital Federal. Ora, isso demonstra que se está procedendo de maneira discriminatória em relação aos Estados do Nordeste.

Lembro-me de que, por volta de 1964, o Governo Federal hesitava em investir recursos na Usina de Boa Esperança, no Rio Parnaíba, que serve aos Estados do Maranhão e do Piauí, sob o argumento de que se tratavam de dois Estados pobres, que não tinham nem sequer como consumir aquela energia. O Governo acabou por financiar a obra, que, depois de inaugurada, promoveu imenso crescimento econômico, atendimento social, melhoria do nível de vida das populações do Maranhão e do Piauí. Não tivesse o Governo Federal investido ali e estaríamos hoje ainda mergulhados no mais completo e total atraso, como vínhamos vivendo ao longo dos tempos.

Sr. Presidente, chamo a atenção do Governo Federal para esse assunto. Não é possível que os Estados brasileiros sejam tratados com dois pesos e duas medidas. Ou o Governo olha para o Nordeste, prontamente, criando linhas de crédito, financiamento beneficiado, subsidiado, ou então vamos continuar sendo a parte discriminada da República, aquela que é submetida a um atraso secular, quase que a uma condenação bíblica. Por quê? Porque o Governo Federal tem olhos apenas para o Sul e para o Centro-Sul deste País.

Apelo para que o Presidente da República, que soube encontrar R$2 bilhões para os três metrôs, encontre também mais alguns outros para atender às determinações do próprio Orçamento da República. Também o deve fazer em relação à Ferrovia Norte-Sul, que, em uma extensão de Belém até Brasília, vai consumir apenas R$1,2 bilhão, e não os R$2 bilhões que agora estão sendo liberados para os metrôs do Rio, São Paulo e Brasília.

É o apelo que faço ao Presidente da República, Senhor Fernando Henrique Cardoso, que tem o meu apoio.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/07/1996 - Página 12825