Pronunciamento de Flaviano Melo em 24/07/1996
Discurso no Senado Federal
COMENTANDO NOTICIA PUBLICADA NO CORREIO BRAZILIENSE DE HOJE, SOB O TITULO 'POSSEIROS APANHAM DA PM NO ACRE'.
- Autor
- Flaviano Melo (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AC)
- Nome completo: Flaviano Flávio Baptista de Melo
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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SEGURANÇA PUBLICA.:
- COMENTANDO NOTICIA PUBLICADA NO CORREIO BRAZILIENSE DE HOJE, SOB O TITULO 'POSSEIROS APANHAM DA PM NO ACRE'.
- Publicação
- Publicação no DSF de 25/07/1996 - Página 13135
- Assunto
- Outros > SEGURANÇA PUBLICA.
- Indexação
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- COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, CORREIO BRAZILIENSE, DISTRITO FEDERAL (DF), DENUNCIA, VIOLENCIA, POLICIA MILITAR, AGRESSÃO, POSSEIRO, DESOCUPAÇÃO, PEQUENA PROPRIEDADE, MUNICIPIO, RIO BRANCO (AC), ESTADO DO ACRE (AC), PROTESTO, ATUAÇÃO, SOLICITAÇÃO, PROVIDENCIA, APURAÇÃO, OCORRENCIA.
O SR. FLAVIANO MELO (PMDB-AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o jornal Correio Braziliense de hoje traz notícia que tem a seguinte manchete: "Posseiros apanham da PM no Acre". "Nem crianças e mulher grávida escapam da violência de um pelotão de militares que foram desocupar a fazenda Bauru."
Passo a ler a reportagem:
Cerca de 80 posseiros que há cinco meses ocupavam a Fazenda Bauru, às margens da estrada do Amapá, a 10 km do centro de Rio Branco, foram violentamente espancados ontem por um pelotão da Polícia Militar do Acre. A violência durou mais de duas horas. Crianças, homens e mulheres foram surrados, algemados e pisoteados. Cinco pessoas ficaram feridas.
Os PMs cumpriam mandado de reintegração de posse expedido pela juíza Regina Célia Longuini, da 7ª Vara Cível. Eram 16 militares sob o comando do tenente Castro. Foi um massacre. Só não houve mortos devido à presença da gente, disse o fotógrafo Sérgio Valle, do jornal A Gazeta."
Mais adiante:
"É de emudecer qualquer pessoa", comentou o Procurador da República Franklin Rodrigues da Costa, ao saber do massacre. Na semana passada Costa e os Procuradores Luiz Francisco Fernandes de Souza e Sérgio Monteiro Medeiros pediram intervenção federal no Acre, alegando "grave comprometimento da ordem pública".
O Comandante da PM do Acre, coronel Gilvan de Oliveira Vasconcelos, garantiu que vai analisar a ação dos policiais na desocupação da Fazenda Bauru. "Se for constatado abuso, os policiais vão responder a inquérito".
Registro que de maneira alguma concordamos com a forma violenta pela qual agiu a Polícia ao cumprir as ordens judiciais. Registro também que recentemente li notícias segundo as quais a juíza Regina Célia Longuini estava intermediando uma solução negociada para essa invasão.
Vale ressaltar que não se trata do Movimento dos Sem-Terra, porque a Fazenda Bauru na realidade não é uma fazenda; é uma área urbana da Cidade de Rio Branco, próxima à estrada. De fato, lá existem esses 80 sem-teto - não são sem-terra -, que estão procurando obter uma área urbana para residir. A questão dos sem-teto na cidade do Rio Branco decorre do fato de que, desde 1990 não existe política habitacional por parte do Governo do Estado e nem da Prefeitura de Rio Branco. Não mais estão sendo construídas casas populares, nem estão sendo implantados loteamentos urbanizados naquela cidade. A cada dia cresce o número de pessoas que migram das áreas rurais, dos seringais desativados para a cidade. Essa área chamada Bauru deve ser uma pequena chácara ou uma pequena propriedade.
Repudio veementemente a ação da Polícia Militar, a cujo Comandante peço providências no sentido de que se apure se houve violência, como diz o jornal. Peço também tanto ao Governo do Estado como ao Prefeito Municipal de Rio Branco para que comecem o estudo de um programa de loteamento urbanizado naquela cidade, que, como eu disse, vive um grande déficit habitacional. Muito obrigado.