O SR. EDUARDO SUPLICY (PT-SP. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador) - Que esta comunicação seja pela liderança do Partido dos Trabalhadores, Sr. Presidente.

Gostaria de expressar o meu sentimento de solidariedade à Nigéria e especialmente à sua Embaixada, que, infelizmente, foi objeto de um atentado criminoso trinta minutos após a vitória desta sobre o Brasil, em um jogo olímpico de futebol. Infelizmente, uma pessoa ainda não identificada resolveu incendiar a garagem da Embaixada da Nigéria. Trata-se de um ato criminoso, condenável, que não condiz com o espírito esportivo da Olimpíada, com o espírito e a história de fraternidade e amizade entre o povo nigeriano e o brasileiro. É algo inadmissível. Queremos expressar à missão diplomática e aos seus componentes nossa solidariedade.

O Sr. Bernardo Cabral - V. Exª me concede um aparte, nobre Senador?

O SR. EDUARDO SUPLICY - Com muita honra, concedo aparte ao nobre Senador Bernardo Cabral.

O Sr. Bernardo Cabral - Gostaria que V. Exª juntasse às suas palavras também minha solidariedade. Um ato de vandalismo dessa natureza, cometido contra uma embaixada que paga o preço por uma derrota com a qual nada tem a ver - foi apenas uma disputa e, em uma hora dessas, vence quem é melhor, aquele que teve mais garra, aquele que soube se comportar em campo -, não merece que o Brasil o receba por um ato isolado de um tipo, de um vândalo, que é inequivocamente um criminoso, admoestação de quem quer que seja. Por isso eu me solidarizo com V. Exª. nesta moção, ainda que verbal, de solidariedade à Embaixada da Nigéria.

O SR. EDUARDO SUPLICY - Gostaria até de aqui deixar uma sugestão ao Presidente da Comissão de Relações Exteriores, Senador Antonio Carlos Magalhães, para que haja uma manifestação da Comissão e do Senado Federal diante desse episódio.

O Sr. Bernardo Cabral - E eu, na qualidade de vice-Presidente da Comissão, levarei a sugestão de V. Exa.

O SR. EDUARDO SUPLICY - Agradeço ao Senador Bernardo Cabral que, como vice-Presidente da Comissão de Relações Exteriores, poderá então encaminhar a minha sugestão oficialmente.

E gostaria de registrar, Sr. Presidente, que foi uma infelicidade. Temos um time de futebol fantástico. Poderíamos formar diversas seleções brasileiras com a mesma qualidade daquela que está disputando as Olimpíadas. Vamos agora disputar a medalha de bronze contra Portugal, hoje às 19h. Certamente é um time que honrou a camisa, as cores do Brasil. Mas são circunstâncias que ocorrem.

Naquela partida o futebol brasileiro demonstrou qualidades excepcionais. Chegamos a estar ganhando de 3 a 1 e, com excesso de confiança talvez, o fato de um dos nossos melhores jogadores, justamente aquele que havia se distinguido como o melhor jogador do campeonato paulista, durante o primeiro semestre deste ano, o jogador Rivaldo, do Palmeiras, que foi fantástico, e por uma dessas coisas que acontecem no esporte, o técnico Zagallo o substituiu por Amaral, que é um extraordinário jogador e Rivaldo chegou no segundo tempo, substituindo Juninho, mostrando-se um pouco preocupado, resolveu dar um drible, que não entendi porque, no nigeriano...o que me deixou preocupado. Torço pelo Santos, admiro o jogador Rivaldo e imaginava que ele tivesse...ele tirou o campeonato do Santos e pensei que o Santos seria campeão e agora nas Olimpíadas aconteceu aquilo que nos entristeceu.

Obviamente, fiquei pensando nos 3 a 2 e nos 3 a 3 e depois nos 3 minutos finais, no gol fantástico do jogador nigeriano, aquele encantamento, aquela dança de alegria que ele reproduziu, imaginei o contágio que estaria acontecendo na Nigéria, como fazemos quando ganhamos e eis que um brasileiro resolve fazer o que fez na Embaixada da Nigéria.

Ora, Sr. Presidente, nossos cumprimentos, nossas saudações ao povo nigeriano pela brilhante vitória, mas infelizmente esse é um ato de violência com o que não podemos estar de acordo, precisamos condenar e acredito que o Governo brasileiro deverá providenciar a reparação dos danos causados na garagem, diante de um ato que fere a todos nos brasileiros.