Discurso no Senado Federal

ENTRAVES DO GOVERNO BRASILEIRO A ABERTURA DA PONTE QUE LIGA O MUNICIPIO DE CAPANEMA-PR A CIDADE DE ANDRECITA, NA ARGENTINA. PREOCUPAÇÃO DE S.EXA. CONCERNENTE A AUTORIZAÇÃO PRETENDIDA PELO GOVERNO FEDERAL SOBRE A INTENÇÃO DA EMPRESA ELETRICA DO PARAGUAI, ANDE, EM PAGAR A HIDRELETRICA DE ITAIPU COM TITULOS DA DIVIDA EXTERNA BRASILEIRA, COMPRADOS COM DESAGIO NO MERCADO SECUNDARIO DE NOVA IORQUE, E ACEITAS PELO VALOR DE FACE.

Autor
Roberto Requião (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PR)
Nome completo: Roberto Requião de Mello e Silva
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ADMINISTRAÇÃO FEDERAL.:
  • ENTRAVES DO GOVERNO BRASILEIRO A ABERTURA DA PONTE QUE LIGA O MUNICIPIO DE CAPANEMA-PR A CIDADE DE ANDRECITA, NA ARGENTINA. PREOCUPAÇÃO DE S.EXA. CONCERNENTE A AUTORIZAÇÃO PRETENDIDA PELO GOVERNO FEDERAL SOBRE A INTENÇÃO DA EMPRESA ELETRICA DO PARAGUAI, ANDE, EM PAGAR A HIDRELETRICA DE ITAIPU COM TITULOS DA DIVIDA EXTERNA BRASILEIRA, COMPRADOS COM DESAGIO NO MERCADO SECUNDARIO DE NOVA IORQUE, E ACEITAS PELO VALOR DE FACE.
Publicação
Publicação no DSF de 09/08/1996 - Página 13679
Assunto
Outros > ADMINISTRAÇÃO FEDERAL.
Indexação
  • CRITICA, POSIÇÃO, GOVERNO BRASILEIRO, IMPEDIMENTO, ABERTURA, PONTE, LIGAÇÃO, BRASIL, PAIS ESTRANGEIRO, ARGENTINA.
  • APREENSÃO, ORADOR, PROJETO DE LEI, EXECUTIVO, TRAMITAÇÃO, CONGRESSO NACIONAL, CONCESSÃO, SUBSIDIOS, EMPRESA ESTATAL, PAIS ESTRANGEIRO, PARAGUAI, POSSIBILIDADE, EMPRESA DE ENERGIA ELETRICA, PAGAMENTO, ITAIPU BINACIONAL (ITAIPU), TITULO DE DIVIDA EXTERNA, BRASIL, AQUISIÇÃO, VALOR VENAL, MERCADO INTERNACIONAL.

O SR. ROBERTO REQUIÃO (PMDB-PR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero registrar a permanência de uma atitude do Governo Federal, que impede a abertura da ponte entre o Brasil e a Argentina, na cidade de Capanema, no Paraná, e na cidade de Andrecita, na Argentina. Essa ponte foi pactuada pelo então Chanceler Fernando Henrique Cardoso e o Presidente Menem, da Argentina, e construída pelo Governo do Estado do Paraná. Custou alguns milhões de dólares para o Governo do Estado do Paraná, que construiu a ponte, a gendarmeria e a alfândega.

Há meses, os fiscais argentinos estão acampados na cidade de Capanema, à espera da presença dos fiscais da Receita Federal brasileira. E estes não aparecem em função de uma ridícula briga entre os Ministérios da Fazenda, o da Administração e a Casa Civil da Presidência da República, que se recusam a permitir a criação de um cargo de R$250 por mês para uma chefia.

Tal ponte faria funcionar, com maior lucratividade, o porto de Paranaguá e traria um surto de desenvolvimento extraordinário para o sudoeste do Paraná. Há mais de dois anos, essa ponte foi entregue ao Governo Federal, e a briga de meninos irresponsáveis dos Ministros de Sua Excelência o Presidente da República, Clóvis Carvalho, Bresser Pereira e o Ministério da Fazenda, impede que a ponte seja aberta. O salário de chefia é de R$250, preço inferior a um dos muitos jantares que o Governo Federal pagou ao Ministro Cavallo, da Argentina, que já foi apeado do seu posto.

Além disso, chamo a atenção para um projeto de lei do Executivo que tramita no Congresso Nacional, projeto que já é conhecido no Paraná como "a maracutaia del Paraguai". Trata-se de uma autorização pretendida pelo Governo Federal para que a empresa estatal de energia elétrica do Paraguai, a ANDE, pague Itaipu com títulos da dívida externa brasileira comprados no mercado secundário de Nova Iorque, comprados pelo valor de mercado e aceitos pelo valor de face.

É agora, na forma de projeto de lei, que se dá a reedição de uma barbaridade semelhante, que foi estabelecida e aprovada pelo Congresso Nacional como medida provisória - a atual no valor de US$311 milhões, a anterior no valor de US$100 milhões. E a medida provisória anterior estabelecia uma comissão de corretagem de 10%, além do pagamento, pelo valor de face, de títulos comprados pela metade do preço. A corretagem receberia uma remuneração de 10%.

Sr. Presidente, Srs. Senadores, não existe neste planeta Terra comissão de corretagem de títulos da dívida pública de qualquer país da ordem de 10%. Se fossem admitidos, se a corretagem fosse admitida, o seu valor não poderia exceder 0,25% ou 0,50%; mas nós pagamos 10%, e o Congresso Nacional aprovou.

Eu era Relator dessa matéria na Comissão de Assuntos Econômicos quando ela tramitava em regime de urgência. O regime de urgência foi quebrado, e a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania processa esse projeto de lei.

Enquanto isso, lá no Paraguai, com cinismo, as autoridades dizem que não há por que se preocupar, uma vez que o Presidente da República Federativa do Brasil tem maioria no Congresso Nacional.

Espero, Sr. Presidente, que essa maracutaia, que, hoje, está nas mãos do ínclito e digno Senador Sérgio Machado, seja, desta vez, bloqueada no Congresso Nacional. Não há o menor cabimento, no Brasil, subsidiar uma estatal paraguaia quando procura privatizar estatais brasileiras. Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/08/1996 - Página 13679