Discurso no Senado Federal

PARABENIZANDO O GOVERNADOR DANTE DE OLIVEIRA, O SECRETARIO ESTADUAL DE AGRICULTURA, OS SINDICATOS DE PRODUTORES E DE FRIGORIFICOS PELOS ESFORÇOS BEM SUCEDIDOS NO SENTIDO DA REABERTURA DAS EXPORTAÇÕES DE CARNE BOVINA DO ESTADO DE MATO GROSSO PARA A UNIÃO EUROPEIA. PREMENCIA DE UM PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO PARA O BRASIL, QUE TENHA POR PRINCIPAL OBJETIVO A PERMANENTE CRIAÇÃO DE NOVOS EMPREGOS.

Autor
Carlos Bezerra (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MT)
Nome completo: Carlos Gomes Bezerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PECUARIA. POLITICA DE EMPREGO.:
  • PARABENIZANDO O GOVERNADOR DANTE DE OLIVEIRA, O SECRETARIO ESTADUAL DE AGRICULTURA, OS SINDICATOS DE PRODUTORES E DE FRIGORIFICOS PELOS ESFORÇOS BEM SUCEDIDOS NO SENTIDO DA REABERTURA DAS EXPORTAÇÕES DE CARNE BOVINA DO ESTADO DE MATO GROSSO PARA A UNIÃO EUROPEIA. PREMENCIA DE UM PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO PARA O BRASIL, QUE TENHA POR PRINCIPAL OBJETIVO A PERMANENTE CRIAÇÃO DE NOVOS EMPREGOS.
Aparteantes
Ernandes Amorim, Gerson Camata, Lúdio Coelho.
Publicação
Publicação no DSF de 26/07/1996 - Página 13191
Assunto
Outros > PECUARIA. POLITICA DE EMPREGO.
Indexação
  • ELOGIO, ATUAÇÃO, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), OBTENÇÃO, AUTORIZAÇÃO, EXPORTAÇÃO, CARNE BOVINA, UNIÃO EUROPEIA, MOTIVO, ERRADICAÇÃO, FEBRE AFTOSA, GADO, APOIO, MINISTERIO DA AGRICULTURA (MAGR), SINDICATO, PRODUTOR, FRIGORIFICO.
  • NECESSIDADE, POLITICA DE DESENVOLVIMENTO, CRIAÇÃO, EMPREGO, ESPECIFICAÇÃO, ZONA RURAL, REGIÃO CENTRO OESTE, POSSIBILIDADE, HEGEMONIA, MUNDO, PRODUÇÃO, GRÃO, CARNE.

O SR. CARLOS BEZERRA (PMDB-MT. Para uma breve comunicação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, apesar das más notícias que o setor agropecuário tem recebido nos últimos tempos, ontem recebemos uma boa notícia: um fax do Governador do meu Estado e do Secretário de Agricultura, Sr. Jeremias Pereira Leite, comunicando que a pecuária bovina do Estado de Mato Grosso foi liberada para a exportação de carne para Comunidade Européia. Após muitos e muitos anos de luta intensa, o Estado foi habilitado para fazer a exportação de carne bovina para a União Européia.

Essa notícia é de transcendental importância para o meu Estado e para o Centro-Oeste. Mato Grosso tem hoje um dos maiores rebanhos bovinos do Brasil e sofria as graves conseqüências de não poder exportar para o Mercado Comum Europeu em função da febre aftosa, que grassava em quase todo o Estado, principalmente na região do pantanal e da baixada cuiabana. Houve um esforço muito grande do Ministério da Agricultura e da Secretaria de Agricultura do Estado. Com isso, chegou-se a esse desiderato, a essa grande vitória para o setor produtivo, para o setor econômico do meu Estado.

Quero, nesta oportunidade, parabenizar o Governador Dante de Oliveira, que foi um lutador dessa causa. S. Exª enviou uma missão à Europa e trouxe a missão de Bruxelas a Mato Grosso. Nessa empreitada estiveram também envolvidos o Secretário de Agricultura do Estado, Jeremias Pereira Leite, os sindicatos rurais do Estado, que participaram ativamente dessa campanha, os frigoríficos, que colaboram inclusive com a participação financeira para ajudar na campanha de erradicação da febre aftosa no Estado de Mato Grosso. Enfim, houve um grande mutirão do qual todos participaram: o Governo Federal, o Governo Estadual, as prefeituras municipais, os frigoríficos, os sindicatos. Graças a esse grande esforço comum, pôde-se chegar a esta solução: o fim da febre aftosa no Estado de Mato Grosso, concretizando a possibilidade de o Estado agora exportar para a União Européia a sua grande produção de carne bovina.

O Sr. Gerson Camata - Permite V. Exª um aparte?

O SR. CARLOS BEZERRA - Ouço com prazer V. Exª.

O Sr. Gerson Camata - Quero cumprimentar V. Exª e o Estado de Mato Grosso por essa conquista, que também é uma conquista para o Brasil, pois mais uma região se habilita no mercado internacional. Cumprimento V. Exª de uma maneira especial, pois, por modéstia, não está dizendo que foi em seu governo que começou a grande campanha de combate à febre aftosa em seu Estado. Esse resultado não se produz de um ano para o outro. O Espírito Santo já esteve, em certa época, fora do mercado, ocasião em que travamos uma luta de cerca de oito anos para a erradicação da doença. De modo que os frutos que Mato Grosso colhe hoje são daquela árvore que V. Exª, quando Governador, começou a plantar e que, por modéstia, está se recusando a dizer. Portanto, esse dia de festa, de glória, de conquista para Mato Grosso é, na verdade, a colheita daquilo que V. Exª, em seu governo, acreditando, começou a plantar e que o Governador Dante teve a perspicácia de continuar, fazendo com que, encerrada a campanha, combatida a febre aftosa, pudesse, então, se lançar o Estado de Mato Grosso a essa grande conquista, ao Mercado Comum Europeu. Ao cumprimentar os pecuaristas e todo o povo de Mato Grosso, quero render essa homenagem de justiça a V. Exª, pelo seu trabalho.

O SR. CARLOS BEZERRA - Muito obrigado, Senador Gerson Camata. Realmente, foi no nosso Governo e quando Ministro da Agricultura o Senador Iris Rezende, nosso companheiro e amigo Senador por Goiás, que se iniciou essa campanha, que durou, praticamente, uma década para chegar, agora, a esse resultado positivo. Portanto, contamos também com a valiosa colaboração de S. Exª no Ministério da Agricultura à época.

Aproveitando essa discussão da febre aftosa, quero afirmar que o Brasil precisa de um programa de desenvolvimento. O Brasil não pode continuar nesta pachorra em que se encontra. Precisamos gerar um milhão e oitocentos mil empregos por ano, entretanto, o País está emperrado já há mais de uma década, não se desenvolvendo. Este Governo não mostrou ainda a sua face do desenvolvimento. O real não deu resultados positivos para o desenvolvimento.

Entendo que a nossa região pode levar o Brasil a instalar imediatamente um programa de desenvolvimento. Aliás, propusemos, inclusive, o Prodecor, que está nas gavetas, para ser lançado pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso. A nossa região é a mais viável para o desenvolvimento hoje no Brasil. Alguns pensam que a solução do Brasil passa pelo desenvolvimento industrial, que o emprego seria gerado apenas pelas indústrias. Mas o emprego pode ser gerado no campo em grande quantidade.

A nossa região pode ser a maior produtora de alimentos do mundo. O Brasil, através dela, poderá ficar sem competidor, poderá ter o monopólio da comercialização de alimentos do mundo: de grãos, de carne, de farelos. O Brasil pode deter totalmente esse monopólio.

O Sr. Lúdio Coelho - Permite-me V. Exª um aparte, nobre Senador Carlos Bezerra?

O SR. CARLOS BEZERRA - Pois não. Ouço o aparte do nobre Senador Lúdio Coelho.

O Sr. Lúdio Coelho - Senador Carlos Bezerra, essa informação que V. Exª transmite à Nação brasileira é muito importante. O Estado do Mato Grosso, desde a sua criação, quando nos desmembramos do Estado do Mato Grosso do Sul, vem tendo uma seqüência de governadores voltados para o setor agrícola. A Nação brasileira, talvez, não tenha conhecimento do que ocorreu naquele Estado: o desenvolvimento da agricultura, da pecuária. A implantação de técnicas avançadas em uma associação muito intensa entre a agricultura e a pecuária está transformando Mato Grosso em um Estado muito importante no contexto nacional, no setor da agricultura e da pecuária. Felicito V. Exª por esse acontecimento e pela participação que teve para que acontecesse a erradicação da febre aftosa no nosso Mato Grosso. 

O SR. CARLOS BEZERRA - Agradeço o aparte de V. Exª Senador Lúdio Coelho, a pecuária é o setor que mais se desenvolveu no País, nos últimos tempos. Nos últimos 10 anos, ela teve uma evolução tecnológica assustadora. A pecuária de corte no Brasil passou a competir com a Argentina e o Uruguai e está conseguindo isso rapidamente.

Na nossa região, o casamento da pecuária com a agricultura tem tido um enorme sucesso, permitindo um grande ganho econômico para os produtores. E o Governo Federal deveria incentivar, através de um programa especial para a região, que é propícia, a produção de carne, alimentos e grãos em grande quantidade, para sustentar o Brasil e para exportação também.

O Sr. Ernandes Amorim - Permite V. Exª um aparte?

O SR. CARLOS BEZERRA - Ouço V. Exª, com prazer, nobre Senador Ernandes Amorim.

O Sr. Ernandes Amorim - Fiz um pronunciamento, ainda esta semana, a respeito da preocupação que tenho com o problema do rebanho nacional. Hoje, com a crise econômica que estamos vivendo e que está falindo tantos pecuaristas, vemos abater, em todo o Brasil, uma enorme quantidade de matrizes. V. Exª, juntamente com o Governador de Mato Grosso, Dante de Oliveira, estão buscando esse caminho da exportação. Isso implica que Rondônia, que está ao lado, também deve participar desse projeto de exportação. A nossa preocupação é que o Governo não está dando nenhum incentivo à pecuária e os pecuaristas estão abatendo suas matrizes por falta de opção e recursos de financiamentos. Cabe, então, mais um esforço, não só para abrir esse mercado, mas também para cobrar do Governo, do Ministro da Agricultura, a possibilidade de trazer recursos para ajudar esses pecuaristas. Estive em São Paulo e assisti à matança de matrizes novas, sadias, que teriam condições de, por muito tempo ainda, dar produção para a fartura ou a manutenção desse mercado de carne para exportação. Isso nos preocupa, Senador.

O SR. CARLOS BEZERRA - No meu Estado, Senador, o abate de matrizes aumentou 30%.

O SR. PRESIDENTE (Levy Dias) - Senador Carlos Bezerra, a Mesa informa a V. Exª que seu tempo já se esgotou há seis minutos.

O SR. CARLOS BEZERRA - Sr. Presidente, peço-lhe apenas mais um minuto para encerrar o meu pronunciamento.

O Governo Federal, alguns Ministros e dirigentes deste País só enxergam o eixo Rio-São Paulo, só conhecem a ponte aérea, não conhecem o interior do Brasil e as suas potencialidades.

Faz-se necessário, então, um programa de desenvolvimento já, imediatamente. E essa região está madura para isso, está pronta para ser a grande produtora do País e do mundo e permitir que o Brasil venha a ter o monopólio mundial de alimentos. Hoje e amanhã, cada vez mais, o alimento torna-se mais estratégico do que o petróleo, do que a energia. E o Brasil tem tudo para deter o monopólio da produção de alimentos no mundo e não o faz. E não o faz porque seus líderes não enxergam, não vêem a grande oportunidade que o País tem pela frente na Região Centro-Oeste, a nossa região.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/07/1996 - Página 13191