Pronunciamento de Valmir Campelo em 06/08/1996
Discurso no Senado Federal
GRAVIDADE DO ELEVADO INDICE DE DESEMPREGO NO DISTRITO FEDERAL. DECLARAÇÕES CONTRADITORIAS DO SECRETARIO ADJUNTO DE TRABALHO DO DF SOBRE A QUESTÃO. SUGESTÕES DE MEDIDAS PARA FOMENTO AO EMPREGO NO PAIS.
- Autor
- Valmir Campelo (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/DF)
- Nome completo: Antônio Valmir Campelo Bezerra
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL (GDF). POLITICA DE EMPREGO.:
- GRAVIDADE DO ELEVADO INDICE DE DESEMPREGO NO DISTRITO FEDERAL. DECLARAÇÕES CONTRADITORIAS DO SECRETARIO ADJUNTO DE TRABALHO DO DF SOBRE A QUESTÃO. SUGESTÕES DE MEDIDAS PARA FOMENTO AO EMPREGO NO PAIS.
- Publicação
- Publicação no DSF de 07/08/1996 - Página 13520
- Assunto
- Outros > GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL (GDF). POLITICA DE EMPREGO.
- Indexação
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- CRITICA, AUTORIDADE, GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL (GDF), ANALISE, PROBLEMA, DESEMPREGO, AUSENCIA, PROVIDENCIA, CORREÇÃO, ESTATISTICA, AUMENTO, DEMISSÃO, ESPECIFICAÇÃO, CRISE, COMERCIO.
- NECESSIDADE, POLITICA DE DESENVOLVIMENTO, REFORMA TRIBUTARIA, REFORMA AGRARIA, REDUÇÃO, TAXAS, JUROS, ATRAÇÃO, INVESTIMENTO, CAPITAL ESTRANGEIRO, PRIVATIZAÇÃO, MODERNIZAÇÃO, PARQUE INDUSTRIAL, SOLUÇÃO, DESEMPREGO.
O SR. VALMIR CAMPELO (PTB-DF. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, mais uma vez ocupo esta tribuna para tratar de uma questão que está evoluindo vertiginosamente no Distrito Federal, ameaçando explodir em desordens, saques e violência sem precedentes.
Refiro-me, Srªs. e Srs. Senadores, à assombrosa cifra de 150 mil desempregados!
Segundo as estatísticas oficiais, esse número representa 18,1% da população economicamente ativa, o maior índice de desemprego do País.
Não bastasse a dramática constatação de que o número de mendigos nas ruas do Plano Piloto aumenta a cada dia, que os índices de criminalidade praticamente dobraram nos últimos meses, ainda temos que conviver com declarações estapafúrdias dos pseudos-iluminados da administração local.
Hoje mesmo, no caderno "Cidades" do Correio Braziliense, o Secretário Adjunto de Trabalho do Distrito Federal produz algumas pérolas das contradições que caracterizam o atual Governo do Distrito Federal.
Segundo aquela autoridade, "o nível de desemprego não se deve às demissões, mas, sim, ao crescimento da PEA (população economicamente ativa)".
Ora, Sr. Presidente, é claro que a população economicamente ativa de qualquer cidade só tende a crescer. Cada rapaz, cada moça que sai da universidade e que entra na idade adulta, demandando emprego, faz aumentar a PEA.
Não existe, portanto, nenhum fenômeno inédito no aumento da PEA no Distrito Federal como pretende o Secretário Adjunto do Governo petista. Não existe, tampouco, aumento exagerado de taxa de participação das mulheres no mercado de trabalho. Em Brasília, as mulheres sempre foram maioria. O censo já comprovou isto e já mostrou que a mulher brasiliense sempre participou ativamente do mercado de trabalho.
Ademais, o Secretário Adjunto de Trabalho, na verdade, está mesmo é desatualizado e padece da mesma deficiência que atinge a maioria dos seus colegas: o desconhecimento da realidade de Brasília.
Senão, vejamos: o Secretário Adjunto afirma, por exemplo, que o desemprego no Distrito Federal não se deve às demissões.
Não é verdade! O comércio de Brasília enfrenta a maior crise da sua história e está demitindo muito acima do normal.
Segundo o Sindicato dos Empregados de Segurança e Vigilância do Distrito Federal, mais de 2.200 vigilantes foram demitidos nos últimos 12 meses, 200 apenas no mês de junho último.
No setor de asseio e conservação, 15 mil pessoas perderam o emprego nos últimos 12 meses, com mais de 1.500 demissões no mês de julho.
Segundo a Fibra, Federação das Indústrias de Brasília, o índice de inadimplência no setor industrial chegou a 50% no segundo trimestre deste ano.
Para o empresário Sérgio Koffes, Presidente da Federação do Comércio do Distrito Federal, o arrocho salarial em cima do funcionalismo público, aliado às estratosféricas taxas de juros, são os principais responsáveis por essa crise sem precedentes no comércio de Brasília.
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, todos sabemos que a crise do desemprego atinge o País como um todo.
Todos sabemos também que a solução passa por uma ampla reforma, que inclui, sobretudo, a racionalização do nosso Sistema Tributário, a diminuição das taxas de juros, a adoção de uma efetiva política de empregos e, até mesmo, a tão decantada reforma agrária.
A solução definitiva da questão do desemprego só virá com a política geral de desenvolvimento, capaz de motivar grandes investidores estrangeiros a aplicarem no Brasil. Os passos iniciais dessa política estão sendo consolidados com a estabilização da moeda e a racionalização da máquina do Estado, que precisa efetivamente ser enxugada.
Urge, também, acelerarmos o processo de privatização das estatais, criando condições para que o Estado abandone, paulatinamente, a atividade econômica, dando lugar a uma verdadeira economia de mercado.
Precisamos, igualmente, partir para a modernização das nossas indústrias, reconhecidamente defasadas tecnologicamente.
No irreversível processo de globalização em que estamos vivendo, providências como as que acabo de enumerar são básicas e essenciais.
De uma forma ou de outra, Sr. Presidente, o Brasil vem adotando, ainda que muito lentamente, todas essas providências e inovações. Essas mudanças, na verdade, independem da vontade de governos ou grupos. É o próprio movimento da História que se impõe.
Estamos convivendo, portanto, com problemas que afetam todas as nações do mundo.
A França, a Argentina, os Estados Unidos enfrentam problemas de desemprego tão graves quanto o nosso.
O que causa espécie, no caso das escandalosas taxas de desemprego de Brasília, Sr. Presidente, é o imobilismo da administração atual.
Onde estão as propostas, os planos de criação de empregos tão amplamente divulgados pelo PT na época das eleições?
Não adianta desenvolver teses e mais teses acerca das causas do desemprego. O povo quer solução, quer emprego para seus filhos.
Tantas vezes já se falou de um plano racional de industrialização das Cidades Satélites e do Entorno de Brasília, mas nada saiu do papel até hoje.
Falta a ação do governo petista do Distrito Federal. Falta interesse pelas causas que realmente interessam à população.
Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.