O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL-PI. Para breve comunicação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero dizer que, às vezes, ao chegar ao Palácio do Congresso Nacional, nem me apercebo de onde estou.

Hoje, por exemplo, ao descer a rampa, verifiquei que estão construindo tapumes, e não sei para que finalidade. A cada semana, ou a cada 15 dias, há um novo evento na frente do Congresso Nacional. Às vezes é um circo; às vezes são barracas, às vezes são campos para jogos esportivos; às vezes há barracas de chope, de bebidas alcoólicas.

E fico estarrecido, porque não me imagino chegar, por exemplo, diante do Capitólio, em Washington, Capital dos Estados Unidos da América, ou diante da Casa Branca, e ver construções dessa natureza. Não imagino chegar diante do Palais d ´Elysée, em Paris, na República Francesa, ou diante da Assembléia Nacional, na Praça da Concórdia, no coração da Capital, e ver qualquer tipo de construção desse gênero.

O Senador Mauro Benevides, ex-Presidente do Congresso, andou bem quando franqueou e criou a Tribuna do Povo. Se a Casa é do povo, acho normal que haja manifestações cívicas e reivindicatórias diante do Congresso.

O que não entendo, Sr. Presidente, é essa profusão de obras inaceitáveis. Não é questão de elitismo. Eu já disse que aceito os discursos e as manifestações populares feitas diante do Palácio do Congresso Nacional.

Mas não posso entender que isso ocorra na Capital da República, onde há um espaço entre a Catedral de Brasília e o Touring Club do Brasil, também na Esplanada dos Ministérios, reservado para esse tipo de evento.

Creio que faz parte da dignidade da Capital da República e dos Poderes da União terem esse espaço preservado.

Hoje eu soube, através de um amigo que veio do Rio de Janeiro, que havia 100 turistas alemães no seu avião, que, naturalmente, estão estarrecidos com o que viram aqui. Não se consegue ver o prédio do Congresso Nacional, nem a cúpula do Senado, nem a bacia da Câmara dos Deputados. Obstrui-se tudo aquilo que a arte criativa de Oscar Niemeyer fez, o que ele deu de melhor, que é a Praça dos Três Poderes, o Palácio do Congresso Nacional ao final da Esplanada dos Ministérios.

Sei que não é da alçada da Mesa do Senado, da Mesa da Câmara, nem tampouco da Mesa do Congresso Nacional, nem de deliberação de suas Casas, é possível que seja de algum órgão do Governo do Distrito Federal, mas faço um apelo aqui, em nome pessoal, para que nos demos um pouco mais de respeito, até perante os estrangeiros, e entendamos que este é o coração das decisões nacionais, é o centro das decisões do nosso País e que não o podemos estar enodoando com "obras de arte" a todo momento.

Era o que tinha a dizer.