Pronunciamento de Benedita da Silva em 08/08/1996
Discurso no Senado Federal
HOMENAGENS AOS ATLETAS QUE PARTICIPARAM DAS OLIMPIADAS DE ATLANTA. VITORIA DAS SELEÇÕES FEMININAS DE VOLEIBOL E BASQUETEBOL. LAMENTANDO O ATENTADO A EMBAIXADA DA NIGERIA EM BRASILIA E A MORTE DE UM BRASILEIRO POR ESPANCAMENTO EM BUENOS AIRES, ARGENTINA.
- Autor
- Benedita da Silva (PT - Partido dos Trabalhadores/RJ)
- Nome completo: Benedita Souza da Silva Sampaio
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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ESPORTE.:
- HOMENAGENS AOS ATLETAS QUE PARTICIPARAM DAS OLIMPIADAS DE ATLANTA. VITORIA DAS SELEÇÕES FEMININAS DE VOLEIBOL E BASQUETEBOL. LAMENTANDO O ATENTADO A EMBAIXADA DA NIGERIA EM BRASILIA E A MORTE DE UM BRASILEIRO POR ESPANCAMENTO EM BUENOS AIRES, ARGENTINA.
- Publicação
- Publicação no DSF de 09/08/1996 - Página 13700
- Assunto
- Outros > ESPORTE.
- Indexação
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- COMENTARIO, MANIFESTAÇÃO, SETOR, IMPRENSA, ESPECIFICAÇÃO, MARCIO MOREIRA ALVES, ZOZIMO DO AMARAL, JORNALISTA, APOIO, VIAGEM, CONGRESSISTA, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), DEFESA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), SEDE, FUTURO, OLIMPIADAS.
- HOMENAGEM, ATLETA PROFISSIONAL, BRASIL, PARTICIPAÇÃO, OLIMPIADAS, PRIORIDADE, VITORIA, MULHER.
- CRITICA, ATENTADO, EMBAIXADA ESTRANGEIRA, NIGERIA, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF), VIOLENCIA, ESPANCAMENTO, MORTE, BRASILEIRO NATO, PAIS ESTRANGEIRO, ARGENTINA, OPORTUNIDADE, REALIZAÇÃO, FUTEBOL, OLIMPIADAS.
- DEFESA, IMPORTANCIA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, APOIO, INVESTIMENTO, ESPORTE.
A SRª BENEDITA DA SILVA (PT-RJ. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, desejaria fazer dois registros nesta tarde.
Primeiramente, ressaltaria a manifestação de apoio de setores da imprensa relativa à nossa viagem à Atlanta. Em particular, o jornalista Márcio Moreira Alves e Zózimo do Amaral, que demonstraram maturidade política e seriedade profissional em seus textos. Não por tão-somente terem apoiado um ou outro Parlamentar. Não é esta a questão. Renomados profissionais, os anos de experiência como jornalistas forneceram-lhes aquilo que considero virtude rara entre os seres humanos, a lucidez. A partir dela, puderam interpretar a realidade com exatidão, unindo suas importantes vozes aos nossos esforços, colocando seus espaços de comunicação como verdadeiras artérias alimentadoras do movimento Pró-Rio 2004. Para eles, como cidadãos e profissionais, expresso o meu reconhecimento e a minha admiração.
Quero homenagear ainda os nossos atletas que lograram trazer para o Brasil um total de 15 medalhas, colocando o nosso País entre os 20 mais premiados; homenagear, principalmente, as mulheres que, maravilhosamente, bem representaram o Brasil no vôlei e no basquete.
Infelizmente, quero lamentar os acontecimentos que se sucederam à vitória da Nigéria contra o Brasil: o atentado à Embaixada da Nigéria em Brasília, e à derrota argentina frente à Nigéria, quando um brasileiro foi espancado e morto por argentinos, em Buenos Aires, por festejar a vitória da Nigéria. Apoiei a sugestão aqui colocada pelo Senador Eduardo Suplicy, acatada pela Comissão de Relações Exteriores, que se posicionará sobre o acontecido junto à Embaixada da Nigéria.
Quero também, nesse meu registro, retratar a síntese da situação do esporte no Brasil. Vimos Janeth, uma de nossas meninas de prata do basquete, frente às câmeras, chorando emocionada pela medalha e triste por estar, há vários meses, desempregada, sem um clube ou patrocínio, e que agora já conseguiu emprego.
Estive em Atlanta e pude apreciar como o nosso País foi bem representado. Vivi, sobretudo, as emoções da responsabilidade de representar o interesse de uma nação, em particular, o Rio de Janeiro, como candidato a sediar as Olimpíadas de 2004. Eu vi o coração dos americanos serem colocados a cada instante. E não é fácil para quem fica fora, pura e simplesmente, acreditar que perderam porque não foram bons; foram maravilhosos, porque se compararmos o apoio que receberam os outros países na disputa para sediar as Olimpíadas de 2004, o Brasil tinha o mínimo de apoio.
Vi Presidente da República, vi Parlamentares, setor empresarial, todos eles estavam lá para fazer frente às reivindicações que ali estavam sendo colocadas pelos países. Visitei cada um dos stands dos países que estão pleiteando sediar as Olimpíadas em 2004. E todos eles respeitam o fato de terem que competir com o Brasil.
Com muita seriedade eles ali estão colocando que reúnem as melhores condições. E o Brasil levou para lá - seja como convidados pela Coca-Cola, seja como convidados pelo Comitê 2004 - mais de vinte empresários brasileiros, que estão dispostos a sustentar conosco essa nossa reivindicação. Mas é preciso, sobretudo, - ali manifestei-me a respeito com o Senador Artur da Távola - o envolvimento do Presidente da República nessa questão, não pura e simplesmente pelo prazer de termos as Olimpíadas de 2004 sediada no Brasil, no Rio de Janeiro, mas porque ela deixou, como já tinha dito antes, de ser apenas uma disputa de jogos para ser uma representação política e social.
Ainda em relação a nossa participação nas olimpíadas, reafirmo que as nossas meninas lutaram bravamente. Por isso, merecem de nós a maior consideração. Mas elas estavam em desvantagem no que diz respeito ao apoio, porque não se investe no esporte no País e muito menos se investiu naquelas meninas, que gloriosamente, bravamente, ali lutaram. Se perderam para Cuba, foi porque as cubanas tiveram, além de apoio, o coração de fazer com que Cuba, em meio ao boicote, pudesse se sustentar e se manter politicamente dizendo que existe democracia naquele país e que os cubanos estavam ali disputando não apenas as Olimpíadas, mas disputando e competindo como um país que dá certo.
Também amargamos a derrota com as americanas. Acontece que ali elas colocaram uma coisa fundamental e importante, que foi a história da raça negra americana. Naquele momento, tiveram que mostrar que são americanos, mas que são bons e que mereceram, evidentemente, ganhar pelo apoio que assistimos. Os americanos gritavam, sacudiam, deliravam a cada movimento daquelas meninas que disputavam. Estávamos lá, mas éramos tão poucos que, sequer, ouviam os nossos brados.
Faço esse registro, trazendo o meu pequeno apoio político a fim de que o Presidente da República, os nossos governantes possam investir no esporte. Que, nas próximas Olimpíadas, possamos ter uma melhor representação e dar condições para que os nossos participantes possam trazer mais medalhas, que são altamente significativas para o enlevo do nosso País. Devemos levar a sério o esporte, porque ele fala, psicologicamente, aos sentimentos e prepara, fisicamente, para a disputa do cotidiano.
Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.