Fala da Presidência no Senado Federal

PRESENÇA NA CASA DE PARLAMENTARES ARGENTINOS, QUE INTEGRAM O GRUPO DE TRABALHO DO SETOR DE MINERAÇÃO DO MERCOSUL.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • PRESENÇA NA CASA DE PARLAMENTARES ARGENTINOS, QUE INTEGRAM O GRUPO DE TRABALHO DO SETOR DE MINERAÇÃO DO MERCOSUL.
Publicação
Publicação no DSF de 23/08/1996 - Página 14764
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, PARLAMENTAR ESTRANGEIRO, ARGENTINA, INTEGRAÇÃO, GRUPO DE TRABALHO, MINERAÇÃO, MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL), VISITA, SENADO.

O SR. EDUARDO SUPLICY (PT-SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador José Eduardo Dutra, Srªs e Srs. Senadores, esquentam as campanhas eleitorais. A sucessão municipal, em todos os municípios brasileiros, em particular nas capitais, mostra-se já como o prenúncio daquilo que poderá acontecer, de extraordinária importância para os destinos do País, em 1988. Em alguns municípios, como a capital de São Paulo e a capital do Rio de Janeiro, alguns passos estão sendo dados que obviamente preocupam as principais lideranças e os principais partidos políticos em nosso País.

Acredito, como Senador pelo PT, e pelo fato de estar acompanhando as eleições nas principais cidades, que vamos ter um extraordinário desempenho: o Partido dos Trabalhadores multiplicará o número de vereadores e prefeitos em todo o território nacional.

Pelo fato de a Bancada do PT, com 50 Deputados Federais e 5 Senadores, constituir um segmento, uma agremiação de grande relevância na vida política; por termos tido em Luís Inácio Lula da Silva o principal contendor das eleições de 1989 - Lula foi para o segundo turno enfrentando Fernando Collor de Mello - e de 1994 - quando Lula foi o segundo mais votado pelos eleitores brasileiros -, temos razões para acreditar que o Partido dos Trabalhadores, coligado com outros Partidos, tais como o Partido Socialista Brasileiro, o Partido Comunista do Brasil, o PCB, o Partido Verde e outros que tem-se aproximado de nós conforme as circunstâncias de cada lugar, em muitos lugares do Brasil se encontra à frente, extremamente forte, ou então disputando cargos e, para valer, a prefeitura, de cada uma das cidades.

Dentre as principais cidades brasileiras, gostaria de destacar Porto Alegre, onde o candidato Raul Pont lidera as pesquisas de opinião, reforçando a avaliação extremamente positiva dos eleitores de Porto Alegre sobre a gestão de Olívio Dutra e, posteriormente, a presente gestão de Tarso Genro. Raul Pont, com José Fortunati como Vice, certamente ganhará as eleições.

Em Belo Horizonte, Virgílio Guimarães encontra-se à frente. Ele, que em 1990, no mesmo ano em que fui eleito Senador, era também candidato e teve uma destacada votação, agora se encontra à frente, reconhecidamente como o mais forte candidato e reunindo os méritos para se tornar o Prefeito de Belo Horizonte.

Em uma das principais cidades do ABC paulista, o Deputado Federal Celso Daniel está obtendo nada menos que 62% dos votos, segundo as diversas pesquisas, devendo ganhar em primeiro turno.

Telma de Souza detém mais da metade da preferência dos eleitores de Santos e deverá ser confirmada como a nossa Prefeita.

No Nordeste, destaca-se, entre outros candidatos, Nazareno, que foi Deputado Estadual pelo Piauí e é forte candidato a Prefeito de Teresina.

Em Aracaju, Ismael Silva conta com todo o apoio do Senador José Eduardo Dutra e do Deputado Federal Marcelo Deda e, na semana passada, andou pelas ruas da cidade com Lula, que lá esteve fazendo uma visita. Conforme relato do nosso Líder José Eduardo Dutra, a visita de Lula teve uma extraordinária receptividade, lembrando que, em Aracaju, Lula obteve 65% dos votos para a Presidência da República.

Em Rio Branco, fazendo jus à boa administração de nosso atual Prefeito Jorge Viana, está crescendo o candidato Marcos Afonso, com possibilidade concreta de ganhar as eleições.

Em Campo Grande, Zeca vem surpreendendo e já conta com mais de 22% da preferência, praticamente empatado com os nossos principais adversários.

No Rio de Janeiro, vislumbra-se a possibilidade de Chico Alencar dar uma grande arrancada daqui para a frente.

Em Ipatinga, Chico Ferramenta, que é Deputado Federal e tem honrado seu mandato por Minas Gerais, destaca-se à frente das pesquisas de opinião.

Em Goiânia, Valdir Camácio já está mostrando a possibilidade concreta de suceder o nosso atual Prefeito.

Ângelo Vagnoni está crescendo em Curitiba, assim como Afrânio Bompré, em Florianópolis.

Mas é na maior cidade brasileira que observamos o grande debate em torno dos destinos do País, uma vez que São Paulo, com seus 10.100 mil habitantes, constitui-se quase que numa cidade-nação, numa cidade-estado, concentrando as atenções.

Luiza Erundina de Sousa esteve muito bem nos debates promovidos pela televisão - e digo isso porque assisti de perto -e tem toda possibilidade de vencer as eleições. Hoje, ela se encontra em segundo lugar nas pesquisas de opinião, com 24% a 25% das preferências.

Gostaria de ressaltar aqui as minhas razões para acreditar que Luiza Erundina de Sousa será a futura Prefeita de São Paulo.

Para fortalecer os meus argumentos, gostaria de ler o texto de Luiza Erundina, hoje publicado no jornal Folha de S. Paulo, sob o título "Viver Melhor em São Paulo". Eis as palavras da candidata do Partido dos Trabalhadores, que está coligado com o Partido Socialista Brasileiro, o PMN, o PC do B e o PCB:

      "Restabelecer um projeto de cidade que desenvolva patamares mais elevados de qualidade de vida, justiça e democracia para todos. Essa é a grande meta do programa de governo que estamos apresentando à população de São Paulo, com o objetivo de oferecer à cidade e à sociedade paulistana um projeto alternativo ao da atual administração.

      Um governo que, em três ou quatro anos de mandato, priorizou o investimento em obras viárias no quadrante sudoeste da cidade, ao mesmo tempo em que destruiu o serviços sociais de qualidade que criamos nas áreas de saúde, educação, assistência social e transporte coletivo.

      Além disso, paralisou os mutirões e interrompeu o programa do passe do desempregado, que em nossa gestão beneficiava uma média de 250 mil pessoas por mês. Agora, em ano eleitoral, o atual prefeito tenta fazer o seu sucessor assumindo bandeiras sociais, apoiando-se para isso numa forte ofensiva de marketing, cujo conteúdo não reflete a realidade dos fatos.

      Mas das urnas de São Paulo sairá também o esboço das alternativas que o país clama para acabar com as dificuldades econômicas, o desemprego e a crise social que a política do Governo Federal aprofunda a cada dia.

      Por isso, estamos decididos a realizar nos próximos quatro anos ações que apontem para uma transformação radical das condições de vida na cidade e que coloquem São Paulo no caminho da democratização, do desenvolvimento sustentável e da elevação da qualidade de vida para todos. Assim, entre suas linhas fundamentais, nosso programa contempla:

      - colocar a prefeitura mais perto das pessoas, retomando a prática do orçamento participativo e implantando as subprefeituras e o conselho de representantes, previstos na Lei Orgânica do Município."

Aqui, Luiza Erundina baseia-se tanto na sua própria experiência, nos quatro anos de gestão, como também nas experiências de administrações municipais do PT, que têm merecido destaque de análise em todos os órgãos de imprensa, inclusive no Habitat 2, na cúpula mundial das cidades, onde, em especial a experiência do orçamento participativo da cidade de Porto Alegre, nas Administrações Olívio Dutra e Tasso Genro, ganhou extraordinário destaque.

      "- Fortalecer os centros locais, elaborando planos de bairros com participação da sociedade e com a adoção de medidas econômicas e urbanísticas, orientadas para a instalação de pólos econômicos e de serviços, como o que iniciamos na Zona Leste, visando a geração de emprego, cultura, lazer e qualidade de vida em todas as regiões."

Obviamente que, com a instalação de pólos de cultura e lazer, estaremos também colaborando para que sobretudo a juventude e os adolescentes dos bairros mais periféricos da cidade, onde quase não há oportunidades de lazer e cultura, tenham chamamentos para as coisas positivas da vida, ao invés de estarem se enfronhando com drogas ou com o banditismo.

      "- Facilitar a circulação na cidade, descongestionando o trânsito e priorizando o transporte público, ao contrário do que acontece atualmente. Entre outras medidas, vamos ampliar os corredores de ônibus; melhorar a qualidade de serviço; criar o bilhete único integrado; participar e investir recursos na ampliação e modernização dos sistemas de metrô e trens, integrando-os com os ônibus; e estabelecer parceria com o governo estadual e outros municípios para a construção do rodoanel viário."

Gostaria de fazer um comentário sobre a proposta do bilhete único, que, em 1992, foi por mim defendida, enquanto o meu adversário, o atual Prefeito Paulo Maluf, dizia que queria construir mais de 24 terminais de ônibus na Cidade de São Paulo para realizar a integração. Ponderava eu, na época, que mais racional, como acontece em outras cidades do mundo, seria instituir o bilhete único para que as pessoas pudessem trocar de ônibus em qualquer ponto da cidade.

Pois eis que agora o candidato Celso Pitta está propondo o bilhete único. É importante que as boas idéias acabem frutificando, inclusive entre os partidos adversários. Entretanto, é de se estranhar, caso seja verdadeira, a declaração feita pelo candidato, ontem, à Folha de S. Paulo. Segundo a reportagem, ao ser perguntado por que a atual prefeitura ainda não havia instituído o bilhete único, ele teria respondido que precisava antes construir os terminais de ônibus.

Ora, acredito que isso não possa ter sido dito pelo candidato a prefeito, pois demonstra que ele não estaria compreendendo aquilo que a sua mensagem publicitária, os seus homens de marketing estão apresentando, quando dizem que o candidato do PPB estaria também propondo o bilhete único.

Neste sentido, é melhor escolher aquela que realmente defende o bilhete único e compreende a proposta. Refiro-me à Luiza Erundina, que continua com as suas proposições:

      "...melhorar os bairros e as condições de moradia, priorizando o investimento em infra-estrutura urbana e social, em segurança alimentar e comunitária e na queda radical das taxas de mortalidade infantil e materna e de homicídios, nas regiões mais desassistidas da cidade.

      - Preservar o meio ambiente, retomando e expandindo a coleta seletiva de lixo, além de ampliar programas como a despoluição das represas Billings e Guarapiranga e da construção de parques e áreas verdes.

      - Retomar a política habitacional diversificada que praticamos em 89 e 92 e que mereceu prêmios internacionais a exemplo dos mutirões. Vamos oferecer soluções concretas e adequadas para que a população de baixa renda possa efetivamente ter acesso à casa própria."

Prossegue a nossa candidata Luiza Erundina:

      "... recuperar um programa de saúde integral, gratuita e de qualidade. Para isso, criaremos o programa SIM (Saúde Integral Municipalizada), em parceria com as áreas de saúde das esferas estadual e federal, visando à implantação efetiva do Sistema Único de Saúde na cidade. Daremos qualidade técnica e calor humano ao atendimento e retomaremos a construção de hospitais e a adoção de programas e serviços de excelência que deixamos ao encerrar nosso primeiro mandato.

Ressalta, ainda, Luiza Erundina, sua meta de:

      "... investir prioritariamente na infância, trazendo de volta uma educação pública gratuita e de qualidade. Vamos garantir o acesso à escola e às creches a todas as crianças, adotando para isso um programa de renda familiar mínima vinculada à matrícula das crianças nas escolas e nas creches.

      São essas, portanto, as principais propostas que submetemos à população em nossa campanha rumo à vitória nas eleições de 3 de outubro. Estamos certos de que São Paulo não suporta mais conviver com o autoritarismo de Governo como o atual e de que a cidade precisa voltar a ser governada de forma democrática e com base num projeto de desenvolvimento que seja capaz de combater o desemprego, melhorar qualidade de vida e garantir os direitos de cidadania a todos os paulistanos."

Se as Srªs e os Srs. Senadores forem a São Paulo poderão observar que há regiões da cidade em que obras estão sendo realizadas, muitas vezes, a toque de caixa, sobretudo na região sudoeste da cidade, que vai da Cidade Universitária ao Aeroporto de Congonhas. Na direção do Parque Ibirapuera à 23 de Maio, indo até a cidade, na direção da Avenida dos Bandeirantes e em direção ao Morumbi e à Cidade Universitária, trafegando pela Avenida Faria Lima ou pelas obras viárias, sobretudo pelo Túnel Ayrton Senna e outros, verificará, ali, um extraordinário investimento. Nos Jardins, nos bairros de maior poder aquisitivo, no Morumbi, em Higienópolis, no Pacaembu e nas Perdizes poder-se-á averiguar que ali os serviços urbanos estão sendo colocados ou mantidos em alta qualidade. Muitas das praças e lugarejos públicos foram reformados.

Inclusive, sendo a Avenida Brasil um eixo muito próximo de áreas verdes, como o Parque Ibirapuera, como o Bosque do Morumbi, a Cidade Universitária, que constitui-se em mais um parque, eis que, por exemplo, na esquina da rua Colômbia, da Avenida Europa com a Avenida Brasil, a 300 metros de sua residência, o Prefeito Paulo Maluf resolveu realizar mais uma obra.

Havia ali três casas, que tinham sido adquiridas por um banco. O banco queria construir nesse local a sua sede. Mas como? Era impossível ali ser construída uma sede por razões de zoneamento. Mas o Prefeito resolveu desapropriar aquela área e construir naquele lugar - dessa forma resolvendo o problema do investimento imobiliário realizado pelo banco - um parque, uma nova área verde com um baixíssimo grau de utilização.

O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Dutra) - Senador, o tempo de V. Exª está esgotado.

O SR. EDUARDO SUPLICY - Com muita honra, advertido pelo meu Líder que preside a sessão, obedientemente, concluo, dizendo que seria importante podermos avaliar bem que tipo de prioridade se quer. Eu gostaria de deixar esta pergunta aqui para o próprio ex-Secretário de Finanças, Celso Pitta, hoje candidato do Prefeito Paulo Maluf. Como se mediu a relação custo e benefício social da construção daquele parque em frente à Igreja Nossa Senhora do Brasil, a 300 metros de sua residência, com outras possíveis obras que, por exemplo, poderiam ser realizadas no Jardim Ângela, no Capão Redondo ou no Itaim Paulista, enfim, em qualquer das áreas onde os serviços urbanos, o serviço de educação, de saúde, inclusive as próprias áreas verdes e parques, ali, são tão escassas.

Por que se fez ali quando falta tanto nas áreas carentes da cidade?

Para corrigir isso, há uma solução, acredito. Luiza Erundina e Aloízio Mercadante em 3 de outubro próximo.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/08/1996 - Página 14764