Discurso no Senado Federal

CONSIDERAÇÕES SOBRE A OCUPAÇÃO E A INTERNACIONALIZAÇÃO DA AMAZONIA. FAX RECEBIDO POR S.EXA. DO SR. RONALDO BOMFIM, EM QUE DENUNCIA A COMPRA DE 8 MILHÕES E 600 MIL ACRES DA FLORESTA AMAZONICA BRASILEIRA POR MADEIREIRAS MALASIANAS.

Autor
Bernardo Cabral (PFL - Partido da Frente Liberal/AM)
Nome completo: José Bernardo Cabral
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DO MEIO AMBIENTE.:
  • CONSIDERAÇÕES SOBRE A OCUPAÇÃO E A INTERNACIONALIZAÇÃO DA AMAZONIA. FAX RECEBIDO POR S.EXA. DO SR. RONALDO BOMFIM, EM QUE DENUNCIA A COMPRA DE 8 MILHÕES E 600 MIL ACRES DA FLORESTA AMAZONICA BRASILEIRA POR MADEIREIRAS MALASIANAS.
Publicação
Publicação no DSF de 23/08/1996 - Página 14781
Assunto
Outros > POLITICA DO MEIO AMBIENTE.
Indexação
  • COMENTARIO, RECEBIMENTO, FAX, AUTORIA, RONALDO BOMFIM, ECONOMISTA, DENUNCIA, PERIGO, INDUSTRIA, MADEIRA, PAIS ESTRANGEIRO, MALASIA, INVASÃO, AQUISIÇÃO, TERRAS, RETIRADA, PRODUTO, REGIÃO AMAZONICA.

O SR. BERNARDO CABRAL (PFL-AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, tenho dito aqui reiteradas vezes, que, no passado, falava-se na hiléia amazônica, passando depois pelo Lakewood, o chamado lago que o Hudson Institute pretendia criar naquela região, agora com outros aspectos; tudo isso relativo a uma ocupação da Amazônia de forma irregular.

Lembra-se V. Exª, porque a notícia foi divulgada, não só no Estado de V. Exª, o Rio Grande do Norte, mas em todos os Estados do Nordeste, de que a internacionalização da Amazônia poderia ser feita pela força.

Mais tarde, entenderam que isso poderia se dar pela chamada cooperação no debate do narcotráfico. Havia o combate, mediante acordos, e o solo brasileiro poderia perder parte da sua soberania.

Agora, Sr. Presidente, estou recebendo um fax do Ronaldo Bomfim, economista com mestrado nos Estados Unidos, juntando ao fax o que ele conseguiu obter pela Internet.

Ele mesmo ressalta o perigo que pode resultar para a Amazônia "da vinda de empresas madeireiras asiáticas, especialmente da Malásia", e diz que esse perigo "é muito maior do que se poderia imaginar", porque ele obteve uma série de informações pela Internet que deixam claro esse risco, mostram o poder financeiro desses grupos transnacionais; ressalta que eles são habituados à prática da corrupção em seus países de origem e faz uma denúncia séria, dizendo que "lá, conseguem subjugar o Executivo, o Legislativo e o Judiciário".

Para não ser leviano, Sr. Presidente, a minha leitura foi um pouco à vol d´oiseau. A matéria está em inglês. Alguns tópicos, pelos quais passei, foram me estarrecendo. Este, por exemplo, Sr. Presidente, está na Internet que nos informa que as companhias asiáticas compraram 8 milhões e 600 mil acres na Amazônia Brasileira. A compra, nos próximos dois anos, poderão atingir a 22 milhões e 200 mil acres, ou em derredor de 15% da floresta daquela Região.

Mais adiante eles dizem que, na Guiana, uma joint-venture entre a Malásia e a Coréia do Sul, vinda de uma companhia chamada Barama, já conseguiu uma concessão que é metade do tamanho da Bélgica; e que seu vizinho, Suriname, está na mesma esperança de fazer uma parceria com o chamado Berjaya Group of Malaysia.

Deter-me-ei, neste final de semana - uma vez que a matéria é longa - em traduzir, com cautela, este documento. Após esse trabalho, com o que conheço de inglês, passarei para um revisor que seja mestre no assunto. E temos aqui nesta Casa alguém que me auxilia muito, o professor Estevão Chaves de Rezende Martins.

Sr. Presidente, esta matéria é altamente explosiva. No meio da informação, eles citam o Presidente do Brasil, dizendo que Sua Excelência, o Presidente Fernando Henrique Cardoso, está tentando pôr um freio nisso desde o mês passado.

Conclui-se, portanto, que eles dispõem de informações, obtidas não se sabe por que canais, e que as passam a companhias que não têm pátria, que não desfraldam bandeiras de nacionalidade e que visam ao lucro devastando território alheio.

Fica claro, então, Sr. Presidente, que na área ecológica que abrange a Amazônia não será apenas a retirada da madeira, não são apenas as empresas madeireiras - que denunciei uns dois ou três meses atrás, denúncia que agora confirmo - que se devem temer, mas também o que estará por trás de tudo isso.

Quer dizer, a frase que diz que o perigo é muito maior do que se pode imaginar não é apenas uma figura de retórica. Entendo, Sr. Presidente, que essas coisas precisam realmente ser aprofundadas. Voltarei à tribuna. E espero que V. Exª, do alto da Presidência da Mesa, ajude-me para que eu possa atingir esse objetivo.

Com esse registro, Sr. Presidente, peço a V. Exª que determine por igual a tradução pela secretaria competente deste material, para que me possa chegar às mãos a fim de que eu faça o cotejo e o Senado faça o registro com o tamanho da responsabilidade que o assunto merece.

Vou encaminhar a matéria a V. Exª, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/08/1996 - Página 14781