Discurso no Senado Federal

COMENTANDO SERIE DE REPORTAGENS DE PRIMEIRA PAGINA DO JORNAL CORREIO BRAZILIENSE SOBRE A VIOLENCIA NO TRANSITO DE BRASILIA - DF. CONVIDANDO OS SRS. SENADORES A PARTICIPAREM DE PASSEATA PELA PAZ NO TRANSITO, A REALIZAR-SE NO PROXIMO DOMINGO.

Autor
José Roberto Arruda (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/DF)
Nome completo: José Roberto Arruda
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA.:
  • COMENTANDO SERIE DE REPORTAGENS DE PRIMEIRA PAGINA DO JORNAL CORREIO BRAZILIENSE SOBRE A VIOLENCIA NO TRANSITO DE BRASILIA - DF. CONVIDANDO OS SRS. SENADORES A PARTICIPAREM DE PASSEATA PELA PAZ NO TRANSITO, A REALIZAR-SE NO PROXIMO DOMINGO.
Aparteantes
Bernardo Cabral.
Publicação
Publicação no DSF de 13/09/1996 - Página 16127
Assunto
Outros > SEGURANÇA PUBLICA.
Indexação
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, PUBLICAÇÃO, JORNAL, CORREIO BRAZILIENSE, DISTRITO FEDERAL (DF), DENUNCIA, VIOLENCIA, TRANSITO, OCORRENCIA, MORTE.
  • SOLICITAÇÃO, ORADOR, COMPARECIMENTO, PARTICIPAÇÃO, PASSEATA, SENADOR, CAMPANHA, PROMOÇÃO, JORNAL, CORREIO BRAZILIENSE, DISTRITO FEDERAL (DF), COMBATE, VIOLENCIA, TRANSITO.

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA (PSDB-DF. Para comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu gostaria de fazer um registro no Senado Federal de uma campanha que vem sendo feita pelo Correio Braziliense, aqui, em Brasília, no que diz respeito ao trânsito.

Essa campanha chama a atenção pela dimensão que um jornal da tradição do Correio Braziliense esta dando ao tema.

Trouxe alguns exemplares deste jornal. Aqui, por exemplo, o Correio Braziliense traz, na sua primeira página: "Fátima e Daniel, mãe e filho, mortos no trânsito"; também em primeira página o Correio Braziliense traz: "Cansado de ver a morte passar"; e ainda o Correio Braziliense, também em matéria de primeira página: "Caminhada com a Igreja pela paz no trânsito".

O Correio Braziliense, outro dia, trouxe uma matéria dizendo que o branco será a cor oficial da caminhada pela paz.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, mostra ainda o Correio Braziliense uma das muitas fotografias de graves acidentes de trânsito em Brasília, e como manchete de primeira página anuncia: "Trânsito assassino". Outra edição deste jornal traz como manchete de primeira página: "Dez mortos no trânsito".

O Correio Braziliense fez ainda outra matéria: "Ultrapassagem perigosa"; também como matéria de primeira página traz: "Trânsito mata três pessoas em Brasília".

Este outro exemplar é de terça-feira, 10 de setembro, e tem como manchete de primeira página "Quatro amigos mortos na estrada"; e outras manchetes:

"Motoristas fora da lei";

"Motorista que mata ao volante escapa da cadeia";

"Garoto de 14 anos morre atropelado no Lago Sul";

"Marcelo e Adélio: mais dois mortos no trânsito";

"Maioria das vítimas no trânsito é atropelada";

"Vinte e cinco vítimas do trânsito em trinta horas";

"Vai acabar a impunidade?", pergunta o Correio Braziliense.

"Cirlene e Maria são atropeladas na W-3";

"Guerra contra violência no trânsito de Brasília";

E, por último, "Passeata pede paz no trânsito".

O Sr. Bernardo Cabral - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA - Com muito prazer, Senador Bernardo Cabral.

O Sr. Bernardo Cabral - Peço desculpa a V. Exª por interrompê-lo, mas observe o que é uma imprensa bem conduzida. Quem trabalhou em jornal sabe que as manchetes de primeira página são chamadas manchetes de capa, são as manchetes nobres. V. Exª traz um sem-número de exemplares que comprovam que a primeira página é dedicada àquilo que mais mata neste País, mais do que qualquer doença: o trânsito. No instante em que faz essa análise quero congratular-me com V. Exª, porque este é um assunto da maior seriedade. O Código Nacional de Trânsito, que acabamos de ver aprovado, disciplinará alguns pontos; não todos, porque a falta de educação do nosso motorista já faz parte do seu cotidiano e está tão arraigada, que ele não vê no seu semelhante uma vítima em potencial. Abordar essa matéria como V. Exª o faz engrandece o Plenário do Senado e ressalta a atuação do Correio Braziliense. Meus cumprimentos.

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA - Muito obrigado a V. Exª.

Ao incorporar o aparte do Senador Bernardo Cabral ao meu pronunciamento, queria deixar alguns dados escritos no Senado Federal.

Há um número alarmante, Sr. Presidente: até junho deste ano, 430 pessoas morreram em acidentes de trânsito em Brasília, o que dá uma média de sete mortos por dia; 6.500 pessoas ficaram feridas; 20.638 acidentes de trânsito foram anotados, dos quais 2.944 ou 14,3% tiveram pessoas feridas; e 265 acidentes provocaram mortes.

Claro que a aprovação do Código Nacional de Trânsito, ontem, no Senado Federal, é um primeiro e importante passo no sentido de tornar mais graves as punições, de criar a habilitação provisória e de criar a disciplina escolar de Educação e Segurança no Trânsito; de elevar o valor das multas e de fazer com que os Detrans trabalhem também de forma didática e preventiva para eliminar esse caos que é a violência no trânsito nas grandes cidades brasileiras.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ao concluir, eu gostaria de deixar, em nome da Liderança do Governo no Congresso Nacional, duas observações e dois apelos que me parecem importantes. O primeiro apelo é o de que a Câmara dos Deputados possa examinar o Código Nacional de Trânsito com a mesma presteza que fez o Senado Federal. É fundamental que o Brasil tenha um Código Nacional de Trânsito moderno, porque o atual é da época em que todas as ruas das grandes cidades eram de paralelepípedo e o carro moderno era o Ford "bigode". Hoje, com as grandes vias de circulação de trânsito rápido é preciso um Código Nacional de Trânsito mais moderno e à altura dos anseios da sociedade.

Em segundo lugar, que a sociedade brasileira e não apenas o aparelho do Estado, não apenas o Congresso Nacional, se mobilize, fique alerta para mudar aquilo que o Senador Bernardo Cabral sublinhou: o caráter cultural negativo de grande parte dos nossos motoristas que fazem, efetivamente, do seu veículo uma arma contra si próprio, contra a sua família e contra terceiros.

Domingo, aqui em Brasília, por uma iniciativa de todos os segmentos organizados da sociedade da capital do País, o Correio Braziliense lidera uma grande passeata pela paz no trânsito, que será iniciada às 15 horas, na 206 Sul.

É esta a chamada que faz o Correio Braziliense, que eu faço e que todos fazemos por amor à vida, ao ser humano e para fazer com que brasileiros de todas as cidades fiquem mais atentos, preocupem-se mais com esta grave enfermidade da sociedade moderna, que é o verdadeiro extermínio de seres humanos pelo trânsito.

Espero o comparecimento de todos aqueles que têm responsabilidade na vida pública de Brasília, principalmente do caro Senador Valmir Campelo, que preside esta sessão, no sentido de sensibilizar a sociedade de que é preciso fazer algo para pôr fim a esta grave enfermidade que ainda padece a sociedade brasileira como um todo.

Registro, aqui, os meus cumprimentos pela ousadia e pela coragem do Correio Braziliense de dedicar tantas matérias seguidas de primeira página a uma causa pública tão importante e tão fundamental. Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/09/1996 - Página 16127