Discurso no Senado Federal

REVERENCIANDO A PASSAGEM, NA DATA DE ONTEM, DO ANIVERSARIO DE NASCIMENTO DO EX-PRESIDENTE JUSCELINO KUBITSCHEK DE OLIVEIRA. HOMENAGENS AOS PIONEIROS DE BRASILIA.

Autor
José Roberto Arruda (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/DF)
Nome completo: José Roberto Arruda
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • REVERENCIANDO A PASSAGEM, NA DATA DE ONTEM, DO ANIVERSARIO DE NASCIMENTO DO EX-PRESIDENTE JUSCELINO KUBITSCHEK DE OLIVEIRA. HOMENAGENS AOS PIONEIROS DE BRASILIA.
Publicação
Publicação no DSF de 14/09/1996 - Página 16151
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, JUSCELINO KUBITSCHEK DE OLIVEIRA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • HOMENAGEM, CIDADÃO, PARTICIPAÇÃO, CONSTRUÇÃO, CAPITAL FEDERAL, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF).

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA (PSDB-DF. Como Líder. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs Senadores, eu gostaria apenas de fazer um registro, em função do falecimento do ex-Presidente Ernesto Geisel, anunciado pela Nação brasileira de forma extremamente respeitosa, até porque estamos conseguindo olhar para o passado sem mágoas. Particularmente, considero importante que o País tenha buscado a sua transição democrática de forma pacífica. Registro, portanto, essa postura de respeito da nossa Nação.

No entanto, ficou esquecida uma data que merece, na minha opinião, ser sublinhada, pela sua importância para as décadas que se seguiram e para o modelo de desenvolvimento que o Brasil adotou. Ontem, celebrou-se mais um aniversário de nascimento do ex-Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira.

Eu gostaria de registrar que, todo ano, quando se celebra o aniversário de JK, o Brasil faz uma certa reverência à sua memória. No caso de Brasília, a cidade com a qual sonhou, a cidade que ele ousou construir, com mais razão ainda tem de fazer essa reverência.

O Presidente Juscelino Kubitschek foi, como disse André Malraux, contemporâneo de seu próprio futuro; um homem que teve a ousadia de ser visionário num país que, àquela época, era de economia agrícola, politicamente pouco desenvolvido; mas um homem que, pela sua formação acadêmica, pela sua visão do mundo, conseguiu enxergar à frente.

Provavelmente, o Presidente Juscelino Kubitschek é um daqueles poucos brasileiros que, se ainda estivesse entre nós, olharia este final de século sem assombros, porque efetivamente ele tinha essa capacidade de olhar o futuro, de acompanhar as evoluções tecnológicas, de incentivar as pessoas criativas que imaginavam cidades, que imaginavam a arquitetura, que imaginavam a cultura brasileira de forma moderna, de forma extremamente avançada para a época.

Mais do que isso, o Presidente Juscelino Kubitschek realizou um sonho de muitas gerações de brasileiros: a interiorização do desenvolvimento. Antes de JK, o Brasil era litorâneo. Na verdade, foi Juscelino Kubitschek, primeiro no Governo de Minas e, depois, na Presidência da República, que trabalhou pela interiorização do desenvolvimento nacional. Construiu a Usina de Três Marias, construiu Brasília, construiu a Belém-Brasília, como lembra aqui o Senador Bernardo Cabral.

Mais do que isso, o Presidente Juscelino Kubitschek conduziu a nossa revolução industrial - que, na realidade, se iniciou no segundo Governo Getúlio Vargas, mas ganhou proporção no seu período de Governo. Nunca é demais lembrar que o Presidente Juscelino realizou todas essas obras sem deixar de lado sua imensa dedicação à causa da democracia. Foi um Governo absolutamente democrático, um Governo que, mesmo nos episódios mais duros de Jacareacanga e Aragarças, soube fazer do entendimento a sua arma.

O Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, pela sua postura pessoal, pela sua alegria, pelo seu otimismo, pelo seu idealismo, pela sua inteligência e pela sua visão de futuro, ficará sempre mais vivo na memória de todos os brasileiros.

Registro a passagem do aniversário do Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira. Faço-o não só em nome de todos os Senadores que aqui estão nesta manhã, que sei compartilham comigo deste sentimento, mas também em nome de toda a população de Brasília, cidade que fundou, cidade que é talvez o símbolo maior da esperança que o povo brasileiro tem no seu próprio futuro, símbolo maior da capacidade de realização da nossa gente.

Registro o aniversário de Juscelino Kubitschek não com o saudosismo de quem olha apenas o passado, mas principalmente com a responsabilidade de, ao lembrar Juscelino, olhar para o futuro deste País.

Juscelino Kubitschek de Oliveira representou um momento de mudanças importantes na vida do País. Todos nós, herdeiros do seu exemplo, temos aumentada a nossa responsabilidade na medida em que participamos de um novo momento de mudanças, um momento democrático, em que temos a rara oportunidade de dar um salto qualitativo na vida do povo brasileiro.

Fica, portanto, Sr. Presidente, a nossa homenagem à Juscelino Kubitschek pela passagem de mais um aniversário.

Quando falo em Juscelino Kubitschek de Oliveira, reverencio todos os que saíram das mais diversas regiões do País e vieram construir esta cidade: falo do Senador Valmir Campelo, que veio do Ceará como funcionário simples e que aqui iniciou sua carreira; falo do Professor Lauro Campos, que veio das nossas Minas Gerais para ajudar na fundação da Universidade de Brasília; falo do pedreiro, do carpinteiro, do engenheiro, do arquiteto, dos poetas, dos motoristas de caminhão, das donas-de-casa... falo de todos os pioneiros.

Passa pela minha memória as imagens do Núcleo Bandeirante, da Cidade Livre, da cidade-mãe; passa pela minha memória as imagens das pessoas que saíram do Norte, do Nordeste, do Sul, do Centro-Oeste, das mais diversas regiões do País, nas boléias de caminhão, em carroças, a pé, pelas estradas de terra do Brasil. E vieram carregadas por um sonho. Poucas vezes a Nação brasileira teve coragem de sonhar um sonho tão grande. Sonhou não só em construir Brasília, mas em plantar aqui as sementes de uma nova civilização, que deveria ser mais fraterna e mais feliz.

Homenageio, portanto, não só Juscelino Kubistchek de Oliveira, mas o cidadão humilde e anônimo que veio para cá, que ajudou a construir a Catedral, os Ministérios, o Palácio do Planalto e que hoje mora numa casa humilde da periferia, mas que guarda dentro de si a experiência que poucos seres humanos tiveram em toda a História da Humanidade: a experiência de com as suas próprias mãos, seu suor e sua esperança ajudar a construir uma cidade e a edificar um monumento e um símbolo do nascimento de uma nova época para o nosso País.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/09/1996 - Página 16151