Discurso no Senado Federal

REGISTRANDO A PARTIDA DE MAIS UMA CARAVANA, DENOMINADA 'EXPEDIÇÃO ANDINA', DE RONDONIA COM DESTINO A BOLIVIA E AO CHILE, VISANDO INCREMENTAR O COMERCIO ATRAVES DE VIA BIOCEANICA, TRANSPONDO OS ANDES.

Autor
Odacir Soares (PFL - Partido da Frente Liberal/RO)
Nome completo: Odacir Soares Rodrigues
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA EXTERNA.:
  • REGISTRANDO A PARTIDA DE MAIS UMA CARAVANA, DENOMINADA 'EXPEDIÇÃO ANDINA', DE RONDONIA COM DESTINO A BOLIVIA E AO CHILE, VISANDO INCREMENTAR O COMERCIO ATRAVES DE VIA BIOCEANICA, TRANSPONDO OS ANDES.
Publicação
Publicação no DSF de 18/09/1996 - Página 16262
Assunto
Outros > POLITICA EXTERNA.
Indexação
  • VIAGEM, EMPRESARIO, ESTADO DO ACRE (AC), ESTADO DO AMAZONAS (AM), ESTADO DE RONDONIA (RO), ESTADO DO AMAPA (AP), ESTADO DE RORAIMA (RR), ESTADO DE MATO GROSSO (MT), ROTA, LIGAÇÃO, OCEANO ATLANTICO, OCEANO PACIFICO, ENCONTRO, INTEGRAÇÃO, DESENVOLVIMENTO, FRONTEIRA, BRASIL, PAIS ESTRANGEIRO, BOLIVIA, CHILE, PERU.
  • IMPORTANCIA, MELHORIA, RODOVIA, LIGAÇÃO, OCEANO ATLANTICO, OCEANO PACIFICO, INTEGRAÇÃO, PAIS, AMERICA DO SUL, INTERCAMBIO COMERCIAL, INTERCAMBIO CULTURAL, IMPLANTAÇÃO, CORREDOR DE EXPORTAÇÃO, ESCOAMENTO, PRODUÇÃO, REGIÃO CENTRO OESTE, REGIÃO NORTE, REGIÃO SUL, REGIÃO SUDESTE, BRASIL, DESTINAÇÃO, CONTINENTE, ASIA.

           O SR. ODACIR SOARES (PFL-RO) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, há um evento típico de Rondônia, inédito em outras regiões do Brasil, o qual, sempre que se repete, tem despertado todo o meu apoio e minha mais viva admiração.

           Refiro-me a essas épicas caravanas, periodicamente, organizadas por empresários rondonienses, com o objetivo de transpor os Andes e forçar a passagem rumo ao Pacífico.

           Quando digo transpor os Andes, quero, antes de tudo, ressaltar os obstáculos ciclópicos que esses intrépidos caravaneiros aceitam arrostar para chegar onde pretendem e para demonstrar o que querem. O que eles pretendem, Sr. Presidente, é chegar ao Pacífico, e o que eles querem é demonstrar que só com audácia chegaremos lá.

           Quando emprego a expressão "forçar a passagem", não é para insinuar que os caminhos que permitirão o acesso brasileiro para o outro lado do Pacífico, carecem ainda ser desbravados. Pelo contrário, é para enfatizar a afoiteza destes bandeirantes contemporâneos que insistem em abrir os olhos dos brasileiros, para esta realidade: a sonhada rota de interconexão do Brasil com o Pacífico, deixou de ser uma quimera, ou uma utopia, ou um desafio acima da capacidade empreendedora dos brasileiros, ou uma veleidade dos visionários, agendada para as calendas gregas...

           Esta questionada via bioceânica, ao contrário do que muitos pensam, já existe; já é trafegada; já tem servido à circulação regular de pessoas, de veículos e de mercadorias; já constitui, inclusive, nova rota de um comércio bilateral incipiente, mas promissor, envolvendo Brasil/Bolívia; Brasil/Chile; Brasil/Peru, e interligando, por enquanto, as Áreas de Livre Comércio de Guajará-Mirim, em Rondônia, ou de Guayaramerim, na Bolívia, com as Zonas Francas de Iquique e Arica no Chile.

           Embora totalmente asfaltada, do lado brasileiro e chileno, e apenas parcialmente, do lado boliviano e peruano, o que falta a essas estradas e sendeiros andinos para que atinjam o nível de uma rodovia bioceânica é a ousadia e a determinação dos respectivos governos em efetuar os investimentos reclamados para a conclusão deste grandioso empreendimento.

           Venturosamente, tenho constatado que um dos resultados mais positivos dessas intrépidas caravanas, e dos Encontros de Integração e Desenvolvimento Fronteiriço Brasil/Bolívia/Chile/Peru, que, invariavelmente a elas se sucedem, tem sido precisamente, o êxito no convencimento de governantes, de líderes políticos, de diplomatas, de intelectuais, da imprensa, do empresariado e da opinião pública em geral, que é chegada a hora de imprimir celeridade e concretude a este tão acalentado projeto.

           Para os andinos, a rodovia bioceânica representa uma passagem mais curta para este lado do Atlântico e, mais precisamente, uma porta aberta para o mercado brasileiro, sobretudo, para aquele situado nas regiões Norte e Centro-Oeste do País.

           Já, para os nossos bandeirantes rondonienses, essa rodovia constitui a passagem encurtada para o Pacífico; o acesso mais rápido e mais econômico não apenas aos mercados dos países andinos, mas, sobretudo, aos ricos e promissores mercados do Sudeste Asiático.

           Tantas e tantas vezes, Sr. Presidente, tenho-me pronunciado, neste Plenário, sobre o tema da interconexão Atlântico/Pacífico, que ao repisá-lo, mais uma vez, permitir-me-ei, com a devida vênia de V. Exªs, citar duas passagens do último discurso que proferi sobre este tema.

           Na primeira, assim descrevo o objetivo do empresariado amazônida:

              "Essa linhagem de bandeirantes contemporâneos, constituída de empresários, homens públicos e líderes comunitários, notadamente dos Estados do Acre, Amazonas, Rondônia, Amapá, Roraima e Mato Grosso, mantém os olhos projetados para o Pacífico, obcecada por alguns objetivos tão fascinantes quanto ambiciosos, vale dizer: encurtar os caminhos de escoamento de sua crescente produção; romper barreiras e transpor distâncias que os tem mantido isolados e à margem do desenvolvimento nacional; imprimir vitalidade nova à economia praticada na região, pelo implante em seu território de um corredor aberto ao trânsito de mercadorias provenientes de um e de outro lado do oceano e franqueado a múltiplos intercâmbios (comercial, científico-cultural, turístico etc..), desde que tal abertura redunde no incremento das relações bilaterais e no acesso mais rápido das populações de uma e de outra banda do hemisfério, aos frutos do progresso contemporâneo. É, pois, o amazônida quem, no Brasil, propugna com maior pertinácia a implantação da rodovia bioceânica.

              Nem é de estranhar que assim seja, já que nessa rodovia eles vislumbram a tão almejada oportunidade de ruptura com um passado de isolamento, de atraso e de histórica marginalização".

           Na segunda passagem, que agora cito, são descritas de forma sucinta os benefícios que resultarão da implantação da rodovia:

              "Os estudos e levantamentos já efetivados sobre a matéria permitem antever que a conclusão dessa via transoceânica proporcionará, entre muitas outras, as seguintes vantagens:

              - uma alternativa promissora de saída para ao Pacífico dos produtos do Centro-Oeste e do Norte do Brasil.

              - idêntica alternativa, também, para as Regiões Sul e Sudeste, de vez que ela constituirá importante corredor de escoamento de seus produtos, tanto mais quanto se sabe que a saída para o Pacífico reduzirá, em cerca de quatro mil milhas, a distância percorrida por produtos brasileiros até alguns portos de países asiáticos, notadamente o Japão e os chamados "Tigres Asiáticos". As exportações brasileiras para aquele continente partem, hoje, de Santos ou de outros portos do Sul e Sudeste do País, seguem pelo Canal do Panamá até São Francisco, nos Estados Unidos, para, só, então, cruzar o Pacífico. A redução drástica dessa longa rota representará, segundo fundadas estimativas, uma economia anual, em fretes, de muitos milhões de dólares, (100 dólares por tonelada de carga transportada).

          As vantagens acima citadas atingirão, também, grande parte dos países da América do Sul, de vez que a transoceânica virá intensificar o fluxo de mercadorias, de capitais e de pessoas, do Atlântico em direção ao Pacífico e vice-versa, reforçando o ideal da Integração PANAMERICANA".

           Tudo o que expus, até aqui, serve-me ao escopo de registrar e exaltar a promoção de mais uma caravana que acaba de partir rumo ao Pacífico.

           Com efeito, minuciosamente planejada, deu partida, dia 7 de setembro próximo passado, como para marcar o cunho cívico que a reveste, mais uma "Expedição Andina", apoiada e patrocinada pela Federação das Associações Comerciais e Industriais do Estado de Rondônia - FACER; pela Federação das Indústrias do Estado de Rondônia - FIERO; pela Federação de Agricultura do Estado de Rondônia - FAERON; pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Rondônia - SEBRAE e com a parceria do governo do Estado de Rondônia, em especial da Secretaria de Industria, Comércio, Turismo, Ciência e Tecnologia - SICT.

           Integrada pelos empresários DOUGLAS PEREIRA DE SOUZA, ROBSON GUIMARÃES, MARCOS MATANA e IVAN MACHIAVELLI, ela partiu de Ji-Paraná - Porto Velho - Guajará-Mirim, no Estado de Rondônia; ganhou Guayaramerin, em solo boliviano, até atingir La Paz, de onde alcançou, sucessivamente os Portos de Iquique e Arica, no Chile, e de Ilo e Matarani, no Peru, passando por cerca de 52 cidades e totalizando, ida e volta, um percurso de 6.920 km!

           Difícil se torna caracterizar o número de participantes dessa admirável Bandeira, já que, de cada cidade por onde ela passa, segue leva nova de bandeirantes, atraídos e sensibilizados pela idéia de apoiar a rodovia de integração, à qual se poderia aplicar as palavras proféticas de Euclides da Cunha, quando justificou a construção de uma ferrovia ligando o Acre ao Peru:

" A estrada não se destina a satisfazer um trafego que não existe, senão a criar o que deve existir. "

           Não ignoro, Sr. Presidente, os resultados múltiplos e abundantes dessas expedições. Conheço de perto, os frutos delas resultantes, sobretudo, dessa aproximação de empresários e homens públicos brasileiros, com governadores, alcaides, diplomatas, jornalistas e homens de negócios de nossos vizinhos dos Andes.

           Sei das compras e vendas que então se concretizam; das relações que então se estreitam; das trocas de experiência que, em tais circunstâncias, a todos enriquecem; das barreiras de todos os matizes que então se vão derrubando, e da lúcida conjugação de esforços para que, do lado de cá e do lado de lá, todos os obstáculos que se antepõem à plena implantação da rodovia bioceânica sejam suplantados.

           Na verdade, Sr. Presidente, sob muitos aspectos estes homens estão se antecipando a nossos governos e diplomacias e, por isso mesmo, queimando etapas para que, finalmente se plenifique a integração pan-americana.

           Nos condutores e nos integrantes da Expedição Andina, quero mais uma vez, exaltar a estirpe indômita dos homens afeitos ao ofício de criar o que deve existir.

           É o que penso, Sr. Presidente,


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/09/1996 - Página 16262