O SR. EDISON LOBÃO (PFL-MA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, na próxima segunda-feira estará sendo lançado no Rio de Janeiro um livro biográfico de Abelardo Barbosa, falecido há oito anos.

Falar-se em Abelardo Barbosa, para os milhões de brasileiros que o estimavam como a um amigo íntimo, é lembrar a figura inesquecível do famoso "Chacrinha", que, por tantos anos, dominou audiências no rádio e na televisão.

Na verdade, "Chacrinha" constituiu-se em fenômeno de comunicação, objeto mesmo de estudos e ensaios sociológicos. Vindo de Recife para o Rio de Janeiro, superou inúmeras dificuldades até ingressar na Rádio Clube de Niterói com um programa que, entrando pelas madrugadas, despertou um formidável interesse dos seus primeiros admiradores.

A partir desse primeiro passo, sua trajetória foi de sucessivos e inesgotáveis sucessos.

Abelardo Barbosa inaugurou em nossas rádios e televisões processos artísticos de grande criatividade, que repercutiram além-fronteiras, consolidando dia a dia o seu excepcional talento de comunicador. Ao lado do artista, sempre esteve o administrador, o homem inteiramente dedicado ao trabalho. Por onde andou, deixou um rastro de sucessos - na Rádio de Niterói, na Rádio Tamoio, na Rádio Mauá e, por fim, na Rádio e na TV Globo.

Haja vista o fato de que, decorridos tantos anos da morte de "Chacrinha", ainda nos parece que ele se mantém vivo, e todos nos lembramos, com um sorriso nos lábios, das brincadeiras que caracterizavam os conhecidos programas da sua produção.

Num determinado estágio da sua carreira, Abelardo Barbosa despertou o interesse da intelectualidade brasileira, que passou a analisar a importância sociológica dos seus programas populares. "Chacrinha" foi tema de músicas, de artigos e de referências de estudiosos, como as de Nelson Rodrigues e de Gilberto Freire.

Pessoalmente, tive um grande prazer em ter em Abelardo Barbosa um dileto amigo. Graças à nossa convivência, pude nele observar não somente o talento do artista, mas a excelência de uma personalidade privilegiada.

A fama nacional que o envolvia não ofuscava a sua simplicidade. Foi marido exemplar, pai extremado, leal amigo dos seus amigos, bom e generoso com a multidão de pessoas que o procuravam.

Por todos esses motivos, Sr. Presidente, o lançamento do livro, com o sugestivo nome "Quem não se comunica se trumbica", terá absoluto sucesso.

Escrito por D. Florinda Barbosa e pela jornalista Lúcia Rito, o livro já merece reportagens antes mesmo do seu lançamento.

D. Florinda é a fiel companheira de Abelardo Barbosa. Aos 72 anos de idade, bendiz os 41 anos em que esteve casada com Abelardo. E, inspirada no espírito do "velho guerreiro", dedicou-se nos últimos anos a recolher o material do qual resultou agora o livro biográfico sobre o marido.

A ela e aos seus três filhos, bem como à jornalista Lúcia Rito, cumprimento pela feliz lembrança dessa festa que, na próxima segunda-feira, fará reviver as tantas alegrias que Chacrinha proporcionou ao povo brasileiro.

Era o que tinha a dizer. Muito obrigado.