O SR. GILVAM BORGES (PMDB-AP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, terminou o primeiro turno das eleições municipais. Mais de 5.000 Municípios foram mobilizados. E o grupo liderado pelo Presidente Fernando Henrique e sua articulação política retoma no Congresso a discussão de um assunto que consideramos importante: a emenda que trata da reeleição.

Tenho acompanhado alguns colegas Senadores se manifestando sobre esse tema tão importante para o nosso País. Não tenham dúvidas, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que não o faço por casuísmo, mas no interesse da Nação acima de tudo.

Essa emenda há muito deveria ter sido discutida. É uma questão que precisamos avaliar com muita seriedade. A sociedade leva tempo, muito tempo para formar líderes. E essa questão deve ser avaliada não com as paixões de interesses contrariados, de divergências; essa questão deve ser considerada levando em conta o País.

Sou Senador pelo PMDB, representando o meu querido Estado do Amapá, e sigo a liderança do Presidente José Sarney. Estou aguardando a posição do partido e principalmente a posição do nosso líder.

Às vezes os colegas querem precipitar os fatos, pressionando para que as lideranças envolvidas nessa grande articulação política se posicionem, para que todos tenhamos condições de seguir os rumos dessa ampla discussão. No entanto, temos que avaliar essa questão em todos os seus aspectos. O mandato é curto? A meu ver, é curto. Para se construir uma política, são necessários no mínimo cinco anos.

Outro ponto, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, temos que nos juntar neste momento; as lideranças dos partidos têm que sentar-se para discutir isso com a maior responsabilidade e a maior seriedade.

Não estou vendo o interesse de continuidade do Senhor Presidente Fernando Henrique Cardoso; estou vendo os interesses do País.

Portanto, temos observado a movimentação das nossas lideranças em torno de matéria tão importante como a reeleição.

Em outros países democráticos, essa oportunidade é garantida. Ou seja, se a liderança conseguir traduzir as aspirações populares em trabalho, em obras, dando um norte para o País, sem sombra de dúvida, essa oportunidade não lhe será cerceada.

Como eu disse anteriormente, chegou o momento de ampliarmos essa discussão.

Outra questão importante é a ocorrência de eleições de dois em dois anos. Não há liderança que suporte. Essa freqüência acarreta um desgaste grande e um enorme gasto para o País. É o momento, pois, de pensarmos em reunir todas as eleições em um mesmo período, para que tenhamos condição de exercer um mandato mais sólido.

Confesso ao nobre Presidente e aos Srs. Senadores que a minha posição ainda não está definida. Estou avaliando enquanto espero a orientação do meu líder, o Presidente José Sarney. É necessário reflexão. Há muitos pressionando os líderes para que se manifestem, mas não é o momento de pressão.

O Sr. Pedro Simon - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. GILVAM BORGES - Ouço V. Exª com prazer.

O Sr. Pedro Simon - V. Exª sabe quando o seu líder, Senador José Sarney, pretende manifestar-se sobre a matéria? S. Exª está pensando? S. Exª tem alguma idéia? Embora não seja o meu líder, considero-o muito importante e o seu posicionamento sobre a matéria realmente gera uma grande expectativa.

O SR. GILVAN BORGES - Nobre Senador Pedro Simon, sei que V. Exª tem estado muito ansioso por esse posicionamento. Não tenho consultado o Presidente Sarney, até para deixá-lo à vontade, em respeito à sua liderança, justamente para que S. Exª tenha plena liberdade de fazer os seus contatos. Todavia, a sua sabedoria política e a sua responsabilidade para com o País lhe dizem que tem que ouvir muito, tem que conversar com as várias lideranças e não podemos provocar uma cesárea. Esse parto tem que ser natural. Portanto, espero que V. Exª se contenha um pouco. V. Exª é do nosso partido e tem toda a liberdade de indagar ao Presidente, até pessoalmente, inclusive a nível de articulação, a posição de S. Exª.

Aguardo, pois, a posição do Presidente José Sarney.

O Sr. Pedro Simon - Permita-me, Senador. É muito bonita a sua posição e quero lhe prestar a minha total solidariedade, uma vez que V. Exª está totalmente correto. O Presidente José Sarney deve conversar com várias pessoas, com várias lideranças, mas ainda não conversou com V. Exª. S. Exª haverá de conversar com V. Exª? Será que vai ouvir o seu pensamento ou V. Exª somente aguarda que S. Exª expresse a sua posição? V. Exª não tem pensamento próprio?

O SR. GILVAM BORGES - Não tenha dúvida de que trabalhamos em equipe, em conjunto e em respeito à liderança. Temos consciência de equipe e de conjunto.

Se o Presidente José Sarney não me consultar, mesmo assim acompanho sua liderança. Não sei se V. Exª tem esta capacidade de conviver em grupo e em conjunto.

O Sr. Pedro Simon - Quero felicitar V. Exª e o Presidente José Sarney e dizer com toda sinceridade que não tenho essa capacidade. Absolutamente. Não há ninguém no Rio Grande do Sul que faça um pronunciamento com relação a minha pessoa como V. Exª está fazendo. Não precisa ser Senador, e V. Exª é um brilhante Senador. Nem do eleitor mais humilde ouvi que estaria esperando o meu posicionamento para segui-lo. Lá, eles querem ouvir, querem dar palpite, querem que eu os escute, para depois falar. Por isso, cumprimento V. Exª pela firmeza de seu pronunciamento. Na verdade, o poder de competência da liderança do Senador José Sarney é impressionante.

O SR. GILVAM BORGES - Não tenha dúvida disso. Não é à toa que hoje S. Exª é Presidente desta Casa e já foi Presidente da República.

Nobre Senador Pedro Simon, sou o caçula desta Casa, ainda estou em processo de aprendizagem e, por isso, rendo ao meu líder maior meu voto de confiança. Sei, também, nobre Senador Pedro Simon, reconhecendo sua competência, que V. Exª sempre foi muito polêmico, muito complicado e jogou sempre. V. Exª tem suas posições e nós as respeitamos. Portanto, gostaria também de ser respeitado na minha posição, porque ela é coerente e é uma posição de respeito e consideração a um dos maiores homens desta República.

Quero encerrar, Sr. Presidente, nobres Senadores, reafirmando minha posição de aguardar que o nosso líder se manifeste. Muito obrigado.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.