Discurso no Senado Federal

HOMENAGEM POSTUMA AO GENERAL ANTONIO CARLOS DE ANDRADE SERPA. CONGRATULANDO-SE COM O JORNALISTA HELIO FERNANDES PELO ARTIGO INTITULADO 'UM HOMEM QUE DEVERIA TER SIDO PRESIDENTE', PUBLICADO NA TRIBUNA DA IMPRENSA, DE HOJE.

Autor
Bernardo Cabral (PFL - Partido da Frente Liberal/AM)
Nome completo: José Bernardo Cabral
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM POSTUMA AO GENERAL ANTONIO CARLOS DE ANDRADE SERPA. CONGRATULANDO-SE COM O JORNALISTA HELIO FERNANDES PELO ARTIGO INTITULADO 'UM HOMEM QUE DEVERIA TER SIDO PRESIDENTE', PUBLICADO NA TRIBUNA DA IMPRENSA, DE HOJE.
Publicação
Publicação no DSF de 19/10/1996 - Página 17252
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, ANTONIO CARLOS DE ANDRADE SERPA, GENERAL DE EXERCITO, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG).
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, LEITURA, ARTIGO DE IMPRENSA, AUTORIA, HELIO FERNANDES, JORNALISTA, REGISTRO, MORTE, ANTONIO CARLOS DE ANDRADE SERPA, GENERAL DE EXERCITO, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG).
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, MEDICO.

O SR. BERNARDO CABRAL (PFL-AM. Para comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, em primeiro lugar, peço aos eminentes Senadores Gilvam Borges e Lauro Campos que aceitem os meus agradecimentos por ter feito a interrupção das suas inscrições de oradores.

No alvorecer do dia de ontem, Sr. Presidente, um grande nacionalista partiu deste mundo. Faleceu o General Antonio Carlos de Andrada Serpa. Quem com ele conviveu, como eu, sabe que S. Exª tinha por este País uma verdadeira idolatria. Nacionalista dos bons, com ele privei quando tive o meu mandato cassado e suspenso os meus direitos políticos por 10 anos, nos idos do Ato Institucional nº 5, e sei que foi um dos batalhadores pela redemocratização do País.

Vejo hoje, Sr. Presidente, na Tribuna da Imprensa um artigo de autoria do jornalista Hélio Fernandes que merece ficar nos Anais desta Casa. De logo solicito a V. Exª a sua transcrição. Lerei apenas parte dele pelo tempo escasso de que disponho para poder dar conhecimento como gostaria a todos os eminentes colegas. E ao requerer a V. Exª a transcrição nos Anais, solicito também que, à decisão de V. Exª, dê conhecimento do que se passa à viúva Dona Zeza e depois ao jornalista Hélio Fernandes.

O título, Sr. Presidente, do artigo é: "Um homem que deveria ter sido Presidente." Começa Hélio Fernandes assim:

      "Antonio Carlos de Andrada Serpa era um obsessivo na defesa dos interesses do Brasil. Não fazia concessões de espécie alguma. Era carismático no ser e no existir, ninguém ficava insensível diante dele. E trineto do Patriarca, era um seguidor de suas idéias, de sua vida, de sua paixão pelo Brasil. E transferiu toda essa paixão pela Fazenda Borda do Campo, onde viveu o Patriarca e onde Andrada Serpa quis morrer.

      Lutando bravamente durante mais de 3 anos contra a doença cruel e invencível, esteve sempre lúcido, atento e quase sabendo quando essa hora chegaria. Porque queria que o último momento de sua vida brilhante, brava, competente e destemida, ocorresse precisamente na fazenda que ele tanto amava. Na quarta-feira, dia 16, pediu a Dona Zeza que providenciasse imediatamente a sua transferência para a Borda do Campo. Ele sentira que estava no limiar de suas forças, que chegara o momento que não desejava, mas para o qual se preparara com a mesma grandeza como sempre vivera.

      Foi comovente. Pois todos perceberam que na mais completa lucidez, sem perder um momento a serenidade que mantivera durante tanto tempo, Andrada Serpa comunicava sem palavras que não demoraria muito tempo, teria que se despedir definitivamente. Tudo providenciado (com o apoio inestimável do brigadeiro Frota e de altos chefes do Exército e da Aeronáutica, de grandes amigos civis e militares) Andrada Serpa chegou na mesma tarde a Barbacena, uma ambulância-UTI do Exército o esperava para transportá-lo por 14 quilômetros até a fazenda.

      No avião falou com o coronel Barros, ficou com a mão segura de forma firme e inseparável com Dona Zeza, com a mesma firmeza de uma vida inteira. Já se percebia que estava se despedindo. À 1,10 da madrugada dessa quarta para quinta, do final do dia 16 para o alvorecer do dia 17, Andrada Serpa partiu definitivamente, se é que existe alguma coisa definitiva na vida ou na morte. Hoje, pela manhã, sexta-feira dia 18, estará sendo sepultado no cemitério dos Escravos, em Antonio Carlos. Foi a sua vontade expressa e determinada, seguida fielmente.

Vai por mais duas colunas, Sr. Presidente, o que eu considero um primor de trabalho feito por Hélio Fernandes. Hélio Fernandes, que é meu amigo há mais de 30 anos e que foi um dos poucos brasileiros banido de seu próprio País, tem neste artigo uma consagração.

O segundo ponto desta comunicação, Sr. Presidente, quero fazê-lo em meu nome e em nome do eminente Senador Lúcio Alcântara, que viajou para Fortaleza a fim de participar do chamado "Outubro Médico", pois hoje é o "Dia do Médico". Como há vários Senadores que são dessa profissão, quero registrar o meu regozijo.

Tenho a certeza de que em ambos os assuntos que me trouxeram à tribuna hoje, um o luto por Andrada Serpa e o outro o "Dia do Médico", V. Exª se acoplará, se juntará às homenagens.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/10/1996 - Página 17252