Discurso no Senado Federal

PARABENIZANDO A CRIAÇÃO DO JORNAL SE7E DIAS DA SEMANA.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • PARABENIZANDO A CRIAÇÃO DO JORNAL SE7E DIAS DA SEMANA.
Aparteantes
Lúcio Alcântara.
Publicação
Publicação no DSF de 25/10/1996 - Página 17550
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • CONGRATULAÇÕES, GRUPO, RESPONSAVEL, CRIAÇÃO, JORNAL, SE7E DIAS DA SEMANA, DISTRITO FEDERAL (DF).

O SR. PEDRO SIMON (PMDB-RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, trago aqui o meu abraço muito afetivo ao aparecimento do jornal Sete Dias da Semana, que está no seu terceiro número.

Parece-me um jornal, em primeiro lugar, moderníssimo; em segundo lugar, sério; em terceiro lugar, competente; em quarto lugar, imparcial; em quinto lugar, não tem ideologia partidária; em sexto lugar, o grupo de proprietários não possui outro interesse, porque não tem televisão, rádio, empresa de telecomunicações, empresa de telefone, etc; e, em último lugar, não defende interesses do Governo, nem é contra o Governo.

Desejo saudar, Sr. Presidente, o Conselho Diretor, composto por Rubem Azevedo Lima, Sebastião Nery, Tarcísio Holanda, João Orlando Barbosa, Gueguê, Milano Lopes, Diretor Administrativo, Alfredo Obliziner, Reynado Jardim, Editor, e toda a sua equipe.

Fico emocionado com esse jornal, Sr. Presidente. A primeira entrevista foi com o Ministro Paulo Brossard. Quando solicitei que fosse transcrita nos Anais do Senado, o Senador Roberto Requião já o havia feito. Ora, S. Exª não tinha nada que se intrometer; que ele peça a transcrição nos Anais das matérias relativas aos políticos do Paraná.

A última edição trouxe uma entrevista com o Delfim Netto, reportagem do Almino Affonso. Que competência, seriedade, imparcialidade do Almino, do PSDB, que, por ser do PSDB, teria um caminho fácil e tranqüilo para os aplausos. Mas isso tem que ficar com a sua consciência.

Ora, Sr. Presidente, que bom lançarem um jornal como este aqui. Que bom! Na verdade, olhando este jornal, sinto um cheiro de imprensa alternativa. Faz-me lembrar da época da recessão, da época do arbítrio. Lembro-me da época do Estadão. Ao abrirmos suas páginas, encontrávamos poesias de Camões, receitas de arte culinária de Dona Benta, porque o censor, o militar que lá estava, proibia que se publicassem as matérias, o que acontecia.

O Rio Grande do Sul era o único Estado em que a Assembléia debatia questões que ninguém podia falar por causa dos Decretos nºs 477 e do 228, da Censura. Certa vez, Carlos Chagas, um dos grandes responsáveis pelo Estadão, foi à Assembléia a fim de nos levar o frame com artigos que o Estadão tinha mandado publicar, e nos mostrava o que havia sido publicado, porque os primeiros artigos a Censura tinha proibido e os outros, a Censura tinha permitido. Onde víamos páginas e páginas de Camões e de arte culinária, ele mostrou-nos o que deveria ter sido publicado mas a censura não tinha permitido.

Não sei por que, mas, lendo o Se7e Dias da Semana, nesta época em que o Brasil tem liberdade como nunca teve - até o Presidente Fernando Henrique afirmou em seus programas (o que é verdade) que nunca tivemos um Congresso tão livre, uma imprensa tão livre como agora -, mesmo assim, vejo no Se7e Dias, ao folheá-lo, um estilo de matéria onde não vejo em outros jornais, nem na Folha. E falo na Folha porque, justiça seja feita, é o jornal que publica mais questões, que tem os pontos de vista mais divergentes, que mais abre espaço ao debate.

Vejo que há, por exemplo, a seguinte manchete - até um pouco exagerada, meu querido Almino Affonso: "Reeleição é caudilhismo". Acho que caudilhismo também não é, mas não vi o seu pensamento em nenhum outro jornal.

Esse jornal também traz o pensamento do Paulo Brossard, Ministro do Supremo, grande jurista, grande Senador deste Congresso Nacional. O que Paulo Brossard disse ao Se7e Dias da Semana não li em nenhum outro jornal.

Estou vendo a reportagem com o Delfim. Quem diria, o Delfim! Mas ele merece, porque viveu na época de ouro, onde o que ele dizia era publicado e o que os outros diziam não era. E o Delfim diz aqui: "Fernando Henrique Cardoso decide quem vai viver ou vai morrer". "Todo o ajuste federal está dando em cima dos Estados e municípios". "O desemprego é o principal instrumento didático dos economistas". "O Governo está atrasado 22 meses". "O Brasil não vai crescer com esse plano". Mas é o Delfim. Que o Pedro Simon fale e não saia em nenhum jornal, tudo bem! Mas é o Delfim que está dizendo isso. E como é que não leio isso em outros jornais? Como é que não leio isso no Estadão, na Folha, no JB, em O Globo, no Zero Hora?

Então, Sr. Presidente, este Se7e Dias da Semana está me cheirando a imprensa alternativa, numa época em que ela existia, porque lá se publicava o que não se podia publicar em nenhum outro jornal.

Lembro-me quando nós, no Rio Grande, tínhamos, da imprensa alternativa, um jornal de primeira grandeza, o Coojornal, que teve a coragem de enfrentar, de aceitar os desafios. Lá estavam Luiz Fernando Cunha e outros que faziam parte daquele jornal, que foi fechado, foi proibido, e eles não conseguiram emprego em lugar nenhum; praticamente tiveram que lutar para se manter. Mas aquela era uma outra época.

Que bom ver o Se7e Dias da Semana! Meus cumprimentos a esses jornalistas. Em uma época em que as portas estão abertas para todas as opções, eles optaram por um jornal como esse. Mas volto a perguntar: por que será que nesse jornal há matérias e há títulos que não vi em nenhum outro jornal? E, volto a insistir, é o Presidente do Supremo Tribunal, Ministro Sepúlveda Pertence. O que S. Exª declarou e saiu publicado neste jornal, eu não li em nenhum outro. Tem ainda artigos do Brossard, do Delfim Netto, que não foram publicadas em qualquer outro meio de comunicação.

Por isso, cumprimento o jornal Se7e Dias da Semana, que veio para ficar, para preencher um vazio e nos chamar a atenção. Esse é um jornal que temos a obrigação de ler, por sua singularidade. Podemos aceitar ou não, concordar ou não com seus artigos - eu, por exemplo, não entendo que a reeleição seja caudilhismo -, mas devemos conhecer o pensamento de pessoas como Almino Afonso.

O Sr. Lúcio Alcântara - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. PEDRO SIMON - Ouço V. Exª, nobre Senador Lúcio Alcântara, até porque V. Exª, além de ser brilhante e um grande amigo, pertence ao mesmo Partido de Almino Afonso.

O Sr. Lúcio Alcântara - Senador Pedro Simon, V. Exª registra, com toda procedência, o aparecimento desse novo jornal. Feito por grandes profissionais como Gueguê, Tarcísio Holanda, Rubem Azevedo Lima, Sebastião Nery e tantos outros que compõem sua equipe, esse jornal terá um grande desafio pela frente. Porque a imprensa brasileira não tem uma grande tradição de semanários. Conforme V. Exª citou, houve vários jornais alternativos, dentre eles o Opinião, grande semanário da época em que reinava a censura...

O SR. PEDRO SIMON - O maior de todos, em nível nacional.

O Sr. Lúcio Alcântara - Exatamente, e foi também um grande jornal lá no Rio Grande do Sul, que cumpriu um papel importantíssimo, porque o que não se podia ler nas páginas do Estadão, notícias substituídas pela lírica de Camões ou pelo prosaísmo das receitas de Dona Benta, estava, muitas vezes, no Opinião, estava no Coojornal, na revista Argumento, que foi uma revista importante da editora Civilização Brasileira. E aqui devemos lembrar Ênio da Silveira, um homem que também teve um papel muito importante nessa época. Agora aparece um jornal que tem esse desafio: consolidar-se como um grande semanário. E o semanário tem essa característica de permitir a abordagem, em maior profundidade, dessas notícias, sem se limitar a registrar fatos e acontecimentos, mas também a interpretá-los e a aprofundar o exame. Assim, espero que essa brilhante equipe de jornalistas realmente leve o Se7e Dias da Semana a cumprir esse papel, principalmente porque ele está situado na Capital Federal, justamente onde os fatos políticos e econômicos têm um peso e uma importância muito grandes. Quero somar minha voz à de V. Exª, ao aplaudir o lançamento desse jornal - creio que está no terceiro número -, desejando-lhe vida longa e que seja um espaço para acolher todas as opiniões, informações e formas diferentes de olhar um determinado assunto.

O SR. PEDRO SIMON - V. Exª sabe que sou um admirador seu, gosto muito de V. Exª, pela sua competência, pela sua capacidade e pela firmeza das suas convicções. E aceito o seu argumento, V. Exª tem toda razão, não tinha me dado conta disso. Com a maior humildade, reconheço que eu não tinha me dado conta de que, como é um semanário, ele aborda com mais profundidade as questões. Um grande jornal não tem condições de destinar quatro páginas a Delfim Netto e mais quatro páginas a Almino Afonso. E assim fazendo, os Se7e Dias permite que a pessoa desenvolva melhor seu pensamento e aprofunde mais as questões.

Também concordo com V. Exª sobre o brilhantismo da equipe de jornalistas responsáveis. São profissionais de mais idade, mais experientes, que honraram e honram o jornalismo brasileiro e que se reuniram para criar esse jornal. São jornalistas que conhecemos de longa data, que já estiveram no comando das redações no Rio, em São Paulo, Porto Alegre, mantendo uma vida profissional de trinta, quarenta anos, com correção, competência, dignidade, honestidade e experiência. E é o fruto dessa experiência que eles demonstram aqui. Esse exemplo serve para nós e para os jornalistas mais jovens.

Trago aqui, Sr. Presidente, o meu abraço muito fraterno, a minha alegria, e, como disse o Senador Lúcio Alcântara, os votos de longa vida ao Se7e Dias da Semana; que ele se multiplique por muitas semanas, por muitos anos para que possa viver bastante entre todos nós.

Era o eu que tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/10/1996 - Página 17550