Discurso no Senado Federal

MANIFESTANDO O RECONHECIMENTO E HOMENAGEM AQUELES QUE DIRETA E INDIRETAMENTE CONTRIBUIRAM PARA A CONSTRUÇÃO DA CIDADE DE GOIANIA, DESTACADAMENTE AO EX-SENADOR PEDRO LUDOVICO TEIXEIRA. CRESCIMENTO E REALIZAÇÕES DA CIDADE DE GOIANIA NESTES 50 ANOS DE EXISTENCIA, EM PROL DE SUA POPULAÇÃO.

Autor
Iris Rezende (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/GO)
Nome completo: Iris Rezende Machado
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • MANIFESTANDO O RECONHECIMENTO E HOMENAGEM AQUELES QUE DIRETA E INDIRETAMENTE CONTRIBUIRAM PARA A CONSTRUÇÃO DA CIDADE DE GOIANIA, DESTACADAMENTE AO EX-SENADOR PEDRO LUDOVICO TEIXEIRA. CRESCIMENTO E REALIZAÇÕES DA CIDADE DE GOIANIA NESTES 50 ANOS DE EXISTENCIA, EM PROL DE SUA POPULAÇÃO.
Aparteantes
Edison Lobão, Onofre Quinan.
Publicação
Publicação no DSF de 25/10/1996 - Página 17629
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, MUNICIPIO, GOIANIA (GO), ESTADO DE GOIAS (GO), OPORTUNIDADE, RECONHECIMENTO, TRABALHO, PESSOAS, CONTRIBUIÇÃO, CONSTRUÇÃO, CONSOLIDAÇÃO, CAPITAL DE ESTADO, ESPECIFICAÇÃO, PEDRO LUDOVICO, EX PREFEITO, EX SENADOR, DARCI ACCORSI, PREFEITO DE CAPITAL.

O SR. IRIS REZENDE (PMDB-GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, há exatamente 63 anos, ou seja, no dia 24 de outubro de 1933, o Senador Pedro Ludovico Teixeira, então Interventor Federal em Goiás, lançava a pedra fundamental de Goiânia.

Com a Revolução de 30, o Senador Pedro Ludovico Teixeira foi nomeado, pelo saudoso Getúlio Vargas, Interventor Federal em Goiás.

Sentindo a dificuldade de administrar o Estado, de criar um novo tempo em Goiás, pela localização da antiga capital - entre serras -, que impedia o seu crescimento, o seu desenvolvimento, e já encarnando a aspiração do povo de Goiás de construção de uma nova capital, Pedro Ludovico tomou a iniciativa de mudar a capital.

Quatro anos depois, ou seja, em 1937, a capital, precariamente, era transferida já para Goiânia, uma cidade em construção. Em 1942, Goiânia recebia o seu batismo cultural, data que marcou a sua inauguração propriamente dita.

Nesta oportunidade, Sr. Presidente, venho, na condição de Senador pelo meu Estado, Goiás, manifestar o reconhecimento e, ao mesmo tempo, prestar homenagens a todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização de um grande sonho: a construção de Goiânia.

Que as nossas primeiras homenagens sejam a Pedro Ludovico Teixeira, que, além de Interventor durante 12 anos, foi Governador eleito e Senador por duas vezes, dignificando esta Casa. As nossas homenagens ao primeiro prefeito - nomeado e depois eleito - de Goiânia, também por mais de uma década responsável, ao lado de Pedro Ludovico, pela consolidação da nova Capital. As nossas homenagens a todos aqueles que ocuparam a função de prefeito municipal de Goiânia, que integraram a Câmara Municipal dessa capital, que ocuparam funções públicas na administração municipal e a população de Goiânia.

Goiânia é uma cidade que, realmente, simboliza a capacidade de realização, o sentimento de fé de um povo e as condições de determinação de uma geração.

Goiânia, com pouco mais de 50 anos de inauguração, conta hoje com uma população superior a um milhão de habitantes. E com as cidades do entorno, que participam da vida da capital, já soma uma população de um milhão e meio de habitantes.

Mas Goiânia, Sr. Presidente, com pouco mais de 50 anos de cidade inaugurada, oferece boas condições de vida ao seu povo. Uma cidade que cresceu tanto, mas que foi capaz, mesmo diante de um crescimento considerado exagerado, de resolver muitos dos seus problemas, comuns a outras cidades que experimentam o mesmo índice de crescimento.

A capital de Goiás, hoje, oferece à sua população muitos benefícios, o que a coloca como a segunda cidade brasileira em condições de vida. Noventa e cinco por cento da sua população são servidos de água tratada; setenta e cinco por cento dispõem de esgoto sanitário. A cidade conta hoje com duas universidades: a Universidade Federal e a Universidade Católica; e com inúmeras faculdades: Objetivo, Anhanguera e Esefego. Mantém todas essas unidades de ensino superior, mais de 70 cursos de graduação e 45 cursos de especialização. São mais de 130 mil estudantes matriculados nessas unidades de ensino.

É uma cidade que tem hoje 250 mil telefones, o que representa um aparelho para cada quatro habitantes. Possui 460 mil veículos, ou seja, quase uma unidade para cada dois habitantes. Sua população conta com 29 mil estabelecimentos comerciais e industriais. O comércio é intenso, e a cidade é praticamente a maior produtora de confecções do Estado de Goiás.

Essa capital serviu como sustentáculo para a ocupação da Amazônia; foi como um umbral, por onde passariam milhares e milhares de brasileiros à procura de um espaço nesse vasto território.

Goiânia é uma cidade que conta com um expressivo número de casas de saúde e os mais modernos hospitais. Sua medicina é um ponto de referência para o Brasil. É uma cidade que, quando conhecida, se torna orgulho de todos aqueles brasileiros que passam a conviver com ela.

Sr. Presidente, porém, se aqui me encontro para prestar uma homenagem a todos aqueles que contribuíram para a sua construção, para a sua consolidação, devo prestar a minha homenagem também ao atual Prefeito Municipal, Darci Accorsi, companheiro de Partido de V. Exª. O Prefeito, assumindo as rédeas desse Município, estabeleceu-se com o Governo do Estado, e eu tive o privilégio de, durante dois anos, formar uma parceria com o Prefeito; parceria que teve continuidade com o Governador Maguito Vilela. Mas devo ressaltar a participação do Prefeito Darci Accorsi nesse processo de desenvolvimento e de consolidação de Goiânia.

Sr. Presidente, a minha preocupação ao ocupar esta tribuna, ao falar de Goiânia e ao homenageá-la, é também para mostrar ao Brasil, àquele Brasil da costa, àquele Brasil que recebeu durante séculos a influência e a assistência de países com quem mantinham relações diplomáticas e de amizade, que a solução para os problemas nacionais tem obrigatoriamente que passar pelo Centro-Oeste brasileiro.

O homem do sertão repete sempre este ditado: "água mole em pedra dura tanto bate até que fura". Sinto-me no dever de permanentemente falar do Centro-Oeste nesta Casa, porque o País precisa entender que essa região tem tudo para abrigar, para acomodar milhões de brasileiros que queiram experimentar melhores condições de vida. No dia em que a Nação entender isso, as nossas condições serão outras e num período de tempo muito curto.

Tenho dito e repito que, se o povo brasileiro foi capaz de construir, em 50 anos, uma capital com um milhão de habitantes, que hoje está com a maior parte dos seus problemas solucionados, esses mesmos brasileiros serão capazes de construir um novo Brasil no Centro-Oeste. Quando digo brasileiros, Sr. Presidente, é porque a nossa capital, Goiânia, é o resultado da mistura de brasileiros de todas as regiões do País. Goiânia não foi construída apenas por goianos. A maior parte da sua população é oriunda do Nordeste, do Sul, do próprio Centro-Oeste, do Leste. Ela vem lá dos Estados do Sul - Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná -, vem de todos os Estados do Nordeste, vem do Rio de Janeiro, do Espírito Santo, vem sobretudo do Estado de Minas Gerais. Isso demonstra que os brasileiros, quando encontram oportunidades, são, na verdade, capazes de desenvolver suas ações.

Quando se iniciou a construção de Goiânia, um caminhão, para levar material de construção mais fino, de acabamento, gastava cerca de quinze dias para ir de São Paulo até Goiânia, pois não havia estradas, e sim caminhos; não havia pontes, e sim pinguelas, balsas. Ainda assim, Goiânia foi construída.

Eu disse aqui certa vez e agora repito: Getúlio Vargas entendeu isso; Juscelino Kubitschek compreendeu que o Brasil, voltando a face para seu interior, sobretudo para o Centro-Oeste, iria renascer. Temos, como eu disse na semana passada, noventa milhões de hectares de cerrado, dos quais a maior parte é apropriada para a agricultura, ou seja, está à espera da ação do homem. Temos um clima excelente, bem como estações definidas. No Centro-Oeste, no mês de outubro, com o roncar dos primeiros trovões, o homem planta. Já nos meses de março e abril, as chuvas se retiram para que ele possa colher o resultado do seu trabalho.

A pesquisa agropecuária demonstrou índices de desenvolvimento admirável. Nossas terras são apropriadas para a produção de alimentos; o índice de produtividades invejável.

Sr. Presidente, Srs. Senadores, brasileiros de todas as regiões do País foram capazes de construir Goiânia em pouco mais de 50 anos, com mais de um milhão de habitantes e com todas as suas crianças na escola. Na rede municipal, oitenta mil crianças estão matriculadas nas escolas primárias, 188 mil nas escolas e colégios do Estado e mais de 70 mil em escolas particulares. Sr. Presidente, Srs. Senadores, são quase 400 mil crianças que estão freqüentando as escolas e 30 mil jovens freqüentando as universidades. Se essa gente de todas as regiões do País foi capaz de construir uma capital, com praticamente toda a infra-estrutura, veja o que não seria capaz o povo brasileiro de construir e desenvolver no Centro-Oeste e Norte do País, se o Governo voltar a sua atenção para a construção da infra-estrutura desses locais do País. Basta que o Governo leve para lá rodovia, ferrovia, hidrovia, energia, assistência médica, educacional. Dessa forma, poderíamos desintoxicar as regiões superpovoadas do Brasil e daríamos condições para que milhões de brasileiros alcançassem condições realmente dignas de vida.

Presto a minha homenagem a Goiânia, na certeza de que estou mostrando ao Brasil um exemplo de luta, de ação, de fé na construção de um novo Brasil. Que Goiânia, ao comemorar os 63 anos de lançamento da sua pedra fundamental, continue abençoada. Que continue sendo exemplo não apenas para o Centro-Oeste, mas para o Brasil, sobretudo para as autoridades, que devem acreditar mais na competência e capacidade do brasileiro.

O Sr. Edison Lobão - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. IRIS REZENDE - Ouço V. Exª com muito prazer.

O Sr. Edison Lobão - Senador Iris Rezende, não resisto à tentação de dizer que, se Goiânia alcançou um grande desenvolvimento nessas últimas décadas, deve muito a um administrador notável, extraordinário, a um político de grande competência, da maior projeção e de grande densidade, além de talento pessoal: Iris Rezende!

O SR. IRIS REZENDE - Muito obrigado, Senador Edison Lobão. O aparte de V. Exª me provoca profunda emoção. Mas devo ser justo. Se realmente tive mérito como Prefeito de Goiânia, foi pelo fato de acreditar no sentimento e na capacidade de um povo.

Assumi a Prefeitura de Goiânia em março de 1965 diante de uma situação complexa. A cidade estava em decadência, o funcionalismo tinha seus salários atrasados - operários da Prefeitura não recebiam pagamento há seis meses. No entanto, acreditando no povo, convoquei-o para os mutirões. Este foi o meu mérito: acreditar no sentimento de solidariedade do povo.

Muitos duvidaram, quando anunciei a realização do mutirão. Uns diziam: "essa é uma prática absolutamente rural, que a cidade jamais absorverá". Rebati e disse que o que importava era a certeza de que o povo seria solidário.

Convoquei a população. Nasceu o mutirão da cidade. O mutirão era prática conhecida até então apenas pelos habitantes da zona rural. Na verdade, esse vocábulo não existia nos dicionários; nem os professores universitários o conheciam. No entanto, o mutirão transformou-se em instituição nacional.

Goiânia se uniu. Em 1966, as ruas foram consertadas, o matagal nos lotes baldios foi roçado, a população, na ausência de pá mecânica, participava do carregamento dos caminhões para o encascalhamento das ruas. Surgiu um novo tempo. Tudo isso porque se acreditou no espírito empreendedor, no espírito de união e de solidariedade de um povo.

Eu dizia - V. Exª não estava ainda neste plenário - que Goiânia é na verdade uma cidade um tanto diferente. É o resultado de uma mistura de pessoas de todo o território nacional. Goiânia, eu dizia, não foi construída pelos goianos. Ela foi de iniciativa dos goianos, mas, como Brasília, foi construída por pessoas de todos os Estados brasileiros. E quem, naquela época, saía do Maranhão, ou lá do Estado do Ceará, ou do Estado do Rio Grande do Sul, e se dirigia a Goiânia para sentir uma cidade que nascia é porque acreditava no futuro deste País, e, movidos pela coragem, pela garra e pela determinação, tinham a certeza de que construiriam um novo tempo para as suas famílias.

Goiânia é isso. Não se deve a um ou a outro, mas a um povo todo, se deve a uma nação - vamos assim dizer -, porque ali está o retrato do que o povo brasileiro é capaz de fazer e de construir.

O Sr. Onofre Quinan - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. PRESIDENTE (Eduardo Suplicy) - Nobre Senador Iris Rezende, a Presidência solicita que V. Exª conceda o aparte em termos de conclusão, porque o tempo destinado ao seu pronunciamento já está esgotado.

O SR. IRIS REZENDE - Obrigado, Sr. Presidente.

Ouço, com muito prazer, o aparte de V. Exª, nobre Senador Onofre Quinan.

O Sr. Onofre Quinan - Meu caro Senador e companheiro de lutas políticas no Estado de Goiás, Goiânia, sem dúvida nenhuma, deve muito a V. Exª. Desde há muitos anos, eu já conhecia o trabalho que V. Exª fez em Goiânia, apesar de, naquela época, não estarmos tão ligados como estamos hoje. Mas quero reafirmar aqui que não foi só em Goiânia que V. Exª prestou um grande trabalho, também no Estado de Goiás. O nome de V. Exª também já está escrito na história de Goiás como um grande benfeitor, comparando-se com o nosso saudoso Senador Pedro Ludovico. Portanto, quando hoje V. Exª usa a tribuna pela passagem do aniversário de Goiânia, é preciso que nós, que conhecemos a obra e os políticos de Goiás, não deixemos passar em branco a posição que V. Exª teve em toda a trajetória política, não só para o desenvolvimento de Goiânia como também para o desenvolvimento do Estado de Goiás. Muito obrigado.

O SR. IRIS REZENDE - Muito obrigado, Senador Onofre Quinan, pelo aparte, mas devo dizer que parte considerável de suas palavras se deve à generosidade de V. Exª e, sobretudo, à amizade que nos une.

Falando da contribuição de pessoas, eu dizia que o resultado que se observa hoje, o crescimento da consolidação de Goiânia se deve a um povo, se deve a milhares e milhares de pessoas, dentre as quais também V. Exª se destaca consideravelmente, quer como empresário - o maior empresário do nosso Estado - quer como homem público. Porque V. Exª, também como Vice-Governador e como Governador durante o ano, deixou bem marcada a passagem de V. Exª na chefia do Poder Executivo e, por que não dizer, em tantas áreas da administração pública estadual, que V. Exª tem sido um permanente e efetivo colaborador.

Goiânia e Goiás representam, na verdade, a ação e a fé de um povo, a determinação de uma geração.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/10/1996 - Página 17629