Discurso no Senado Federal

ESCLARECIMENTOS DE S.EXA. A RESPEITO DA MATERIA VEICULADA NA REVISTA VEJA DESTA SEMANA, INTITULADA 'EPOPEIA NA MATA', SUBTITULO 'ADHEMAR DE BARROS E ELCIO ALVARES: NA MIRA DO AUTOR COMO VILÕES'.

Autor
Elcio Alvares (PFL - Partido da Frente Liberal/ES)
Nome completo: Élcio Alvares
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
IMPRENSA. POLITICA DO MEIO AMBIENTE.:
  • ESCLARECIMENTOS DE S.EXA. A RESPEITO DA MATERIA VEICULADA NA REVISTA VEJA DESTA SEMANA, INTITULADA 'EPOPEIA NA MATA', SUBTITULO 'ADHEMAR DE BARROS E ELCIO ALVARES: NA MIRA DO AUTOR COMO VILÕES'.
Publicação
Publicação no DSF de 30/10/1996 - Página 17736
Assunto
Outros > IMPRENSA. POLITICA DO MEIO AMBIENTE.
Indexação
  • INEXATIDÃO, ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODICO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), PUBLICAÇÃO, DECLARAÇÃO, LIVRO, AUTORIA, WARREN DEAN, ESCRITOR, ACUSAÇÃO, ORADOR, ADHEMAR DE BARROS, EX GOVERNADOR, DESTRUIÇÃO, FLORESTA TROPICAL, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES).
  • COMENTARIO, GESTÃO, ORADOR, EX GOVERNADOR, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), PRESERVAÇÃO, MEIO AMBIENTE, ESPECIFICAÇÃO, MATA ATLANTICA, SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, DOCUMENTO, REFERENCIA, RESERVA FLORESTAL.

O SR. ELCIO ALVARES (PFL-ES. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, eminentes Colegas, sou um homem público e entendo que todos os nossos atos têm que ser atos claros, cristalinos e transparentes.

A revista Veja, na sua última edição, sob o título "Epopéia na Mata", publicou uma matéria em que apareço numa fotografia ao lado do ex-Governador Adhemar de Barros, com o subtítulo "Adhemar de Barros e Elcio Alvares: na mira do autor como vilões", e transcreve, num determinado trecho dessa matéria, o seguinte:

      "Ao chegar à segunda metade do século XX, porém, Warren Dean torna-se impiedoso com os políticos e empresários que julga terem agido de forma desonesta ou interesseira com relação à Mata Atlântica. Sua metralhadora vira-se principalmente para o ex-governador de São Paulo Adhemar de Barros e para o Senador Elcio Alvares, do PFL do Espírito Santo. Adhemar, a quem Dean chama de "pirata", teria loteado fraudulentamente uma parte da reserva florestal na região do Pontal do Paranapanema, em São Paulo, para agradar a correligionários."

A minha parte:

      "Alvares, durante seu mandato de governador do Espírito Santo, teria tentado desapropriar a reserva de Nova Lombardia ´para que seus amigos a derrubassem e plantassem palmitos`. ´É tudo mentira e a reserva continua lá até hoje`, defende-se Alvares."

Sr. Presidente, fui instado pela reportagem da Veja do dia 25 e, como tenho minha vida toda organizada, lancei mão de alguns documentos e os remeti à revista, provando que era inteiramente falsa a afirmativa contida no livro "A Ferro e Fogo". Infelizmente, com esse destaque - que não é muito lisonjeiro em matéria de colocação -, a Veja apenas deu-me um pequeno espaço, e assim mesmo dentro de uma linguagem que não costumo usar: "É tudo mentira e a reserva continua lá até hoje".

Evidentemente, a notícia reportada transcreve um trecho do livro, mas, se não falarmos, aqueles que estudam a Mata Atlântica vão pensar exatamente que o Governador Elcio Alvares foi um vilão e que, para agradar amigos, queria destruir uma reserva altamente importante e lá plantar palmitos.

Sr. Presidente, quando assumi o Governo, um dos meus primeiros atos foi criar o Instituto Estadual de Florestas, que tinha como primeira missão cuidar exatamente da Mata Atlântica. Sou um homem que tenho inteiro cuidado com o meio ambiente e com a preservação das nossas reservas naturais, e a Mata Atlântica vinha sendo depredada gradativamente no Espírito Santo. A Lei nº 2.992, que incorporo neste momento, assinada exatamente no dia 23 de julho de 1975, nos primeiros dias do meu Governo, diz bem a minha preocupação em criar o Instituto Estadual de Florestas.

Logo em seguida, Sr. Presidente, fiz disseminar pelo Estado vários postos florestais, principalmente na Reserva de Comboios, que é uma das maiores reservas que temos no Espírito Santo. Determinei imediatamente o levantamento aerofotogramétrico da cobertura florestal do Espírito Santo existente naquela ocasião, fazendo com que sanções pesadíssimas pesassem sobre todos aqueles que, de uma forma ou de outra, diminuíssem a nossa reserva da Mata Atlântica no Espírito Santo.

Logo em seguida também, Sr. Presidente, dentro desse contexto, criei a Polícia Florestal, já no dia 02 de junho de 1977, para fazer com que o Instituto Estadual de Floresta não permitisse, de maneira alguma, agressão ao nosso patrimônio.

Mas, no caso específico, quero alongar-me, Sr. Presidente, e faço juntada desse documento também para ser incorporado aos Anais desta Casa, tendo em vista que a Reserva de Santa Lúcia é uma das reservas mais preciosas da Mata Atlântica. Lutei denodadamente contra particulares que queriam adquirir a reserva, que era terra devoluta. E, como terra devoluta, o Governador não poderia desapropriar uma terra que pertencia ao Estado.

Por aí já sentimos que a informação do Sr. Warren Dean, do livro "A Ferro e Fogo", não tem fundamento, de maneira alguma, em termos de verdade.

Sr. Presidente e eminentes Colegas, tive um gesto que, penso, devem ter todos os governantes: quando percebi que a Reserva de Santa Lúcia, que é apontada como Reserva de Nova Lombardia, tinha possibilidade de sofrer qualquer agressão por parte de pessoas que não amam a natureza e não preservam o meio ambiente, convoquei a Universidade Federal do Rio do Janeiro e a Universidade do Espírito Santo e celebramos, no palácio, no dia 21 de outubro de 1977, um convênio, entregando às duas universidades a responsabilidade de manter sob guarda a Reserva de Santa Lúcia - ou seja, a Reserva de Nova Lombardia - para que os alunos e todos os amantes da natureza pudessem ali estudar, tranqüilamente, e produzir trabalhos que se incorporariam naturalmente à história da Mata Atlântica.

Mais além: a Universidade do Rio de Janeiro e a Universidade do Espírito Santo celebraram também um convênio, juntamente com o Estado, para fazer com que todos esses estudos tivessem um amparo oficial.

Portanto, Sr. Presidente, vê-se assim que a minha posição como Governador de Estado foi de preocupação inteira com a Mata Atlântica, tomando medidas que até então não existiam: criação do Instituto Estadual de Floresta, criação da Polícia Florestal, proteção à Reserva de Comboios e, mais ainda, fazendo um convênio que me orgulho de proclamar. Hoje é um convênio que ajuda milhares de brasileiros, não só no estudo da natureza, mas principalmente aqueles alunos que, nas áreas do meio ambiente, tanto na Universidade do Espírito Santo como na Universidade do Rio de Janeiro, têm oportunidade de examinar a natureza como um bem precioso que todos nós temos.

Estou encaminhando, neste momento, à revista Veja um fax explicando isso detalhadamente, já que os documentos que tive oportunidade de enviar, talvez pelo adiantado do tempo, não foram mencionados - tive o cuidado de mandar todos os convênios, todas as publicações a respeito.

Neste instante, Sr. Presidente, com a tranqüilidade do homem público que tem a noção exata do cumprimento do seu mandato, quero proclamar alto e em bom som que é inteiramente inverídica e falsa a afirmativa contida no livro de Warren Dean, "A Ferro e Fogo", que me atribui a possibilidade de ter um dia tentado contra a riqueza imensurável que é a Reserva de Nova Lombardia.

Faço este pronunciamento, fugindo um pouco do meu comportamento nesta Casa, porque entendo, mais do que ninguém, que o homem público tem de dar satisfações dos seus atos, principalmente neste Senado, onde temos as figuras mais honradas da República. Quero dizer que estarei aqui permanentemente, Sr. Presidente, eminentes Colegas, para responder a qualquer tipo de acusação, mesmo que seja leviana, para que não haja dúvida a respeito do comportamento de um homem que, no exercício do mandato de governador, outra coisa não teve senão a preocupação maior com o exercício de uma vida pública marcada pela retidão, pela honestidade e por atos que não premiariam, de maneira alguma, amigos em detrimento da coisa pública.

Tive uma atuação vertical, orgulho-me dela e sei que, nessa questão da Mata Atlântica, alguns governadores podem ter se igualado a mim nessa luta ingente que tive nos quatro anos de Governo, mas poucos hão de me superar, porque, além de tudo, não perdi a ótica, um momento sequer, daquela imensa riqueza que Deus nos concedeu, principalmente no Município de Santa Tereza, que ficou famoso pela história dos seus colibris.

É o registro que faço, lamentando que, infelizmente, de vez em quando o homem público, que tem a exação do seu dever como meta permanente e constante, seja compelido a pronunciamento deste tipo. Mas é uma satisfação que dou a todos os meus Colegas, na certeza de que, ao longo dessa convivência que muito me dignifica, me ilustra e me enaltece, eles não terão, em tempo algum, qualquer motivo para não ter pelo Senador Elcio Alvares o apreço que sempre tive aqui, ao longo desses cinco anos. Assim farei enquanto homem público, assim farei enquanto Senador: qualquer notícia que deslustre a atividade no exercício dos meus mandatos, principalmente no de Governador do Estado, estarei presente para retificá-la e, até certo ponto, como faço neste momento, dizer, com todo o respeito que nos merece o autor de "A Ferro e Fogo", que, desta vez, a informação que ele passou através de seu livro é inteiramente falsa e inteiramente inverídica.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/10/1996 - Página 17736