Discurso no Senado Federal

LAMENTANDO A QUEDA DO AVIÃO DA TAM, E O ENVIO DE CONDOLENCIAS AS FAMILIAS. VIOLENCIA NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO.

Autor
Benedita da Silva (PT - Partido dos Trabalhadores/RJ)
Nome completo: Benedita Souza da Silva Sampaio
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. SEGURANÇA PUBLICA.:
  • LAMENTANDO A QUEDA DO AVIÃO DA TAM, E O ENVIO DE CONDOLENCIAS AS FAMILIAS. VIOLENCIA NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO.
Aparteantes
Eduardo Suplicy.
Publicação
Publicação no DSF de 01/11/1996 - Página 17920
Assunto
Outros > HOMENAGEM. SEGURANÇA PUBLICA.
Indexação
  • PESAMES, FAMILIA, VITIMA, ACIDENTE AERONAUTICO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP).
  • APREENSÃO, ORADOR, GRAVIDADE, AUMENTO, VIOLENCIA, PAIS, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), NECESSIDADE, PLANO DE AÇÃO, GARANTIA, SEGURANÇA, POPULAÇÃO.

A SRª BENEDITA DA SILVA (PT-RJ. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, primeiramente, quero lamentar o acidente ocorrido com a Aeronave Fokker-100 da TAM, em que 89 passageiros e 5 tripulantes perderam suas vidas, já que, segundo notícias, não há sobreviventes e os feridos são moradores das casas atingidas.

Falo também em nome do Senador Bernardo Cabral, que se associa a esta manifestação.

O número de pessoas atingidas e a causa do trágico acidente ainda não foram divulgados, mas sentimo-nos profundamente abalados.

Expressamos nossos votos de pesar aos familiares, nossos sentimentos e a intenção de cooperar naquilo que for possível.

O Sr. Eduardo Suplicy - Permite V. Exª um aparte?

A SRª BENEDITA DA SILVA - Pois não.

O Sr. Eduardo Suplicy - Permita-me solidarizar com este sentimento de pesar, que V. Exª aqui muito bem expressa, pelo trágico acidente ocorrido hoje com o avião da TAM que ia de São Paulo para o Rio de Janeiro. É possível que, dentre os 89 mortos neste trágico acidente, haja pessoas do nosso convívio e que, certamente, são da comunidade brasileira, principalmente de São Paulo e Rio de Janeiro. É importante também ressaltar que tem havido um esforço grande, por parte da Companhia TAM, em melhorar os seus serviços. Isso é notado por parte de muitos que acompanham os esforços do Comandante Rolim. Essa, obviamente, é uma tragédia que pode ocorrer com qualquer companhia de aviação. Há muito não ocorria qualquer acidente com a TAM. Queremos externar, também, os votos de pesar a todos os familiares que perderam seus entes queridos na manhã de hoje.

A SRª BENEDITA DA SILVA - Fica, então, registrado o nosso voto de pesar, juntamente com os Senadores Bernardo Cabral e Eduardo Suplicy.

O outro comunicado que gostaria de fazer deve-se à manifestação feita neste plenário pelo Senador Ney Suassuna sobre a questão da violência no Rio de Janeiro, em que balas perdidas estão matando pessoas inocentes. Sou uma das defensoras de que é necessário ter um projeto estratégico para a questão da segurança no País, em particular no Estado do Rio de Janeiro.

Como cidadã daquele Estado, eu não poderia deixar de registrar o que acontece no Estado do Rio de Janeiro. Não é querer colocar debaixo dos tapetes as nossas mazelas, as nossas contradições ou violência. O mesmo está acontecendo em vários Estados do Brasil e no exterior. A minha preocupação é no sentido de que o Rio de Janeiro, constantemente, tem sido alvo de campanhas divulgando a violência naquele Estado. Isso já lhe custou um esvaziamento econômico enorme, que, sem dúvida, é responsável pelo número de desempregados e famintos lá existentes.

Com relação a outros países, vemos que o Estado do Rio de Janeiro, pela sua população e pelas suas condições sociais, não chega a ter um índice de violência tão elevado como o de cidades como Nova Iorque e outras.

Isso não justifica a violência; tampouco, a falta de segurança. Mas o que me preocupa, realmente, é a freqüência com que se fala do Rio de Janeiro. A sua imagem projetada no exterior é a de uma cidade inabitável, é a de um Estado em que não se pode investir por causa da violência.

Acredito que se tem hoje todas as iniciativas para fazer o Rio de Janeiro voltar ao status que sempre teve em termos de política econômica nacional. É preciso informar à população sobre os nossos feitos, sobre os nossos pontos positivos. Sei perfeitamente que, quando começam a divulgar com insistência essas violências que têm ocorrido no Rio de Janeiro e também em outros Estados, passa a ocorrer, evidentemente, a radicalização do processo de intervenção nas favelas do Estado do Rio de Janeiro, porque lá moram, também, cidadãos que precisam de segurança e proteção. Eles não estão compactuando com o crime organizado, muito menos estão tendo a prestação de serviços do Poder Público suficientemente para garantir-lhes segurança.

Mais uma vez, vemos a Polícia invadindo as comunidades; vemos trabalhadores, donas de casa e crianças sendo assassinadas, coletivamente, pelas chamadas balas perdidas que, segundo registram os jornais, são decorrência do confronto de quadrilhas e não uma intervenção inadequada e irregular numa comunidade carente.

Essa é a minha grande preocupação. Oxalá, possamos chegar a um denominador comum, independentemente das siglas partidárias e da política que hoje está em falta no Rio de Janeiro, no que diz respeito à segurança. Devemos reunir todas as forças existentes, sejam elas políticas, policiais e militares, para estabelecermos uma estratégia, um plano de ação, para que possamos dar segurança ao cidadão. Não faz parte apenas o aparato militar; fazem parte, sobretudo, as ações sociais.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/11/1996 - Página 17920