Discurso no Senado Federal

CITANDO PRONUNCIAMENTO DE S.EXA. EM SESSÃO ANTERIOR, NO QUAL SOLICITA DO GOVERNO FEDERAL UMA POLITICA DE TURISMO MAIS EFICIENTE. REPERCUSSÃO, PARA O TURISMO BRASILEIRO, DAS NOTICIAS VEICULADAS NA IMPRENSA SOBRE OS CASOS DE BALAS PERDIDAS NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO.

Autor
Ney Suassuna (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: Ney Robinson Suassuna
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
TURISMO.:
  • CITANDO PRONUNCIAMENTO DE S.EXA. EM SESSÃO ANTERIOR, NO QUAL SOLICITA DO GOVERNO FEDERAL UMA POLITICA DE TURISMO MAIS EFICIENTE. REPERCUSSÃO, PARA O TURISMO BRASILEIRO, DAS NOTICIAS VEICULADAS NA IMPRENSA SOBRE OS CASOS DE BALAS PERDIDAS NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO.
Publicação
Publicação no DSF de 01/11/1996 - Página 17908
Assunto
Outros > TURISMO.
Indexação
  • CITAÇÃO, DISCURSO, AUTORIA, ORADOR, SOLICITAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, AUMENTO, RECURSOS, EFICACIA, POLITICA, TURISMO.
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, JORNAL DO BRASIL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), DIVULGAÇÃO, AUMENTO, VIOLENCIA, CRIME.
  • DEFESA, NECESSIDADE, GOVERNO FEDERAL, GOVERNO ESTADUAL, ADOÇÃO, PROVIDENCIA, EXTINÇÃO, CRIME, VIOLENCIA, VIABILIDADE, INCENTIVO, TURISMO.

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB-PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, nesta semana, vim à tribuna para falar sobre turismo e para lamentar que, na conta turismo, o Brasil tenha tido um déficit de R$2 bilhões; ou seja, os brasileiros que foram ao exterior gastaram R$2 bilhões a mais do que os turistas que vieram do exterior para o Brasil.

Lamentei que um País como o Brasil, de tantas belezas, que tem o Pantanal, que tem a Floresta Amazônica, que tem o encontro das águas, o fenômeno da pororoca, que ocorre na Amazônia, que tem uma cidade como o Rio de Janeiro como porta de entrada do nosso turismo, tenha recebido menos turistas do que o Uruguai.

O Brasil, neste ano, deverá receber 1 milhão e 800 mil turistas, o mesmo número que tivemos em 1986, que perdemos e do qual só agora, depois de dez anos, nos reaproximamos.

Solicitei ao Governo Federal que fizesse uma política de turismo mais eficiente, mais atuante, que destinasse mais recursos ao turismo. Essa indústria não tem chaminés, deixa aqui os recursos e incentiva a criação de hotéis, de restaurantes, de mais empregos para motoristas; incentiva a criação na área do folclore, com a feitura de lembranças; enfim, tantos e tantos empregos. Num momento como esse, em que buscamos aumentar o emprego, o turismo poderia ser uma solução maravilhosa.

Sr. Presidente, Srs. Senadores, fiz toda uma digressão e não vou repetir o discurso que fiz, mas é muito difícil incrementar-se o turismo num País onde não existe garantia de segurança ao turista.

Hoje, os jornais trazem o problema das balas perdidas no Rio de Janeiro, nossa vitrina principal, que reflete todo o turismo nacional.

Diz o Jornal do Brasil na primeira página:

      "Casos de balas perdidas batem recorde em outubro.

      O mês de outubro foi recordista em casos de balas perdidas no Rio. Nos últimos 30 dias, pelo menos 18 pessoas foram atingidas em toda a cidade contra três casos registrados em setembro e dois em agosto.

      Ontem, houve mais dois casos. À tarde, um tiroteio entre assaltantes e seguranças de uma casa de câmbio no Centro apavorou quem passava pela Rua Primeiro de Março. Helena Lopes de Souza, 41 anos, e o estudante Anderson Brochado Ribeiro, 19, que estavam em um ônibus, foram baleados e estão em estado grave no Hospital Souza Aguiar. Pela manhã, foi enterrado no Cemitério de Irajá o jovem Alessandro Júlio de Oliveira, de 18 anos, baleado na barriga na noite de segunda-feira, quando comemorava com amigos o primeiro emprego, num bar próximo de sua casa. Na madrugada de ontem, dois policias do 19º Batalhão foram baleados em Ipanema, na Zona Sul, onde moradores convivem desde terça-feira com a guerra entre traficantes do Morro do Cantagalo".

Pergunto-me, Sr. Presidente, Srs. Senadores, será que o Estado não tem poder, não tem condições de inibir essa guerra? Balas perdidas atingem circo, onde, por duas vezes, pessoas foram feridas. No total, quantas balas foram extraviadas? Centenas.

Se o Governo quiser, faz. Se a guerra em um morro próximo à área turística permanece, é porque o Governo consente. Se o Governo quiser, retira até a favela do morro, acabando com o tiroteio entre bandidos. Não estou pregando que se deve retirar a favela; estou mostrando que, quando se quer, até medidas extremas são encontradas. Falta vontade política no que se refere ao problema da violência no Rio de Janeiro e em todo o Brasil.

Se quisermos que o turismo, essa atividade que é enorme fonte de riqueza em inúmeros países, se desenvolva no Brasil, temos que dar prosseguimento a ações que inibam situações como essa. Eu, na situação de turista, não visitaria um país onde se pode ser atingido por uma bala perdida a qualquer momento.

Se o Governo Estadual não tem condições de tomar providências nesse sentido, é preciso que o Governo Federal o faça. É necessário acabar com essa situação anômala. Não podemos, não devemos, não temos como conviver com esse clima de guerra que se instalou entre grupos de traficantes. Estão sendo atingidos os turistas, os cidadãos, enfim, todos os que moram no Rio de Janeiro. Sabe-se, no entanto, que essa não é a única cidade onde está havendo esse tipo de problema. É difícil conseguir progresso para a área do turismo numa hora em que encontramos na imprensa notícias como essa.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/11/1996 - Página 17908