O SR. LAURO CAMPOS (PT-DF. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, gostaria que V. Exª me esclarecesse, a fim de que eu possa fazer um juízo mais abalizado a respeito deste grave problema que aqui nos preocupa hoje. Naquele momento em que vários candidatos disputavam a Prefeitura de São Paulo, entre eles, nosso eminente colega, o Senador José Serra, foi divulgado pela imprensa, naquela ocasião, que teria havido um vazamento de dados sobre a custódia, o julgamento e os estudos realizados pelo Banco Central a respeito desse procedimento em relação ao qual V. Exª pede informações, ou seja, a venda de títulos da Prefeitura de São Paulo com uma recompra que teria dado prejuízo ao Erário daquele Município. 

Gostaria que V. Exª esclarecesse se, realmente, o Banco Central abriu suas informações em determinado momento. Aí, sim, seria um uso político do fornecimento e do momento em que as informações teriam sido prestadas.

No segundo turno, como o Banco Central não tem mais um candidato de sua preferência, parece que aqueles dados publicados pela imprensa nacional em diversos jornais sumiram, desapareceram. É preciso tanta luta, tanta pesquisa, tanta indagação para que sejam reencontrados os dados que dispõe o Banco Central?

Sr. Presidente, tenho manifestado, várias vezes, a minha estranheza em relação ao comportamento do Banco Central. Penso que, realmente, muitos atos do Banco Central são inquinados da mais profunda suspeição, haja vista o tal Proer. Agora, gostaria que desta vez o Banco Central pudesse explicar como, naquele momento, durante a disputa do primeiro turno, apareceram esses dados e agora estes são sonegados, existindo uma verdadeira luta, uma pesquisa de Sherlock Holmes, empreendida por V. Exª, no sentido de conseguir, em tempo determinado pela lei, que o Banco Central cumpra a sua obrigação legal e forneça essas informações, doa a quem doer.

Essas informações podem, obviamente, favorecer a uma parte ou a outra. Entretanto, devem ser prestadas, se realmente não há nada a esconder. Afinal, não estamos mais no tempo do pau-brasil, que foi varrido do nosso território. Obviamente, é possível que haja até alguns exemplares dessa espécie em extermínio, que são utilizados por alguns caras-de-pau em sua conduta política.

Será que a minha suspeita, a minha lembrança, a minha memória está equivocada? Ou não? Por que será que esses dados já veiculados, em relação aos quais se sabe inclusive o quantum teria havido de prejuízo aos cofres da Prefeitura, de repente, se transformam em segredo de polichinelo e o Banco Central e as autoridades constituintes deste País ignoram os prazos fatais a que estão submetidos, deixando de esclarecer a opinião pública a respeito de tão crucial problema?

Gostaria que V. Exª me ajudasse a relembrar se esses dados já foram divulgados no primeiro turno, pois, se o foram, obviamente, aí sim, foram utilizados de forma eleitoreira, porque havia um candidato a ser favorecido naquela ocasião.

Dessa forma, solicito a V. Exª a gentileza de esclarecer, se for possível, a minha memória que pode ter me faltado neste momento.

Muito obrigado.