Discurso no Senado Federal

REPAROS A DECLARAÇÕES DO MINISTRO SERGIO MOTTA, VEICULADAS NOS JORNAIS DE HOJE, A RESPEITO DO PREFEITO PAULO MALUF E DO PARTIDO PROGRESSISTA BRASILEIRO.

Autor
Epitácio Cafeteira (PPB - Partido Progressista Brasileiro/MA)
Nome completo: Epitácio Cafeteira Afonso Pereira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
IMPRENSA.:
  • REPAROS A DECLARAÇÕES DO MINISTRO SERGIO MOTTA, VEICULADAS NOS JORNAIS DE HOJE, A RESPEITO DO PREFEITO PAULO MALUF E DO PARTIDO PROGRESSISTA BRASILEIRO.
Publicação
Publicação no DSF de 20/11/1996 - Página 18569
Assunto
Outros > IMPRENSA.
Indexação
  • CRITICA, DECLARAÇÃO, SERGIO MOTTA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DAS COMUNICAÇÕES (MC), REFERENCIA, LIDERANÇA, PAULO MALUF, EX GOVERNADOR, MEMBROS, PARTIDO POLITICO, PARTIDO PROGRESSISTA BRASILEIRO (PPB).

O SR. EPITACIO CAFETEIRA (PPB-MA. Como Líder, pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, um governo é um todo, um governo não pode ser examinado apenas por um de seus membros e sim pelo seu conjunto. Há um ditado que diz que nenhuma corrente é mais forte do que o mais fraco dos seus elos. E, fazendo paródia, digo que nenhum governo é mais ético do que o menos ético dos seus membros. Sim, porque um chefe de governo, quando discorda do comportamento de um de seus subordinados, só tem uma maneira de agir: tirar o insubordinado. Nessa história de o Governo dizer que não concorda com o que o ministro diz encontra-se uma forma de levar com a barriga. Trata-se de uma espécie de nhenhenhém de que fala o Presidente da República.

Os jornais de hoje apresentam declarações feitas pelo Sr. Ministro Sérgio Motta, no seu destempero verbal. Mais uma vez, o Presidente da República manda seu porta-voz ou, quem sabe, alguém do seu Governo para dizer que não concorda com o que disse o Ministro. Assim, o Ministro agride adversários e até mesmo correligionários. O importante para ele é agredir, e, às vezes, quando vai agredir uma pessoa, não nota que está, na realidade, agredindo várias.

O atacado ou aquele que o Ministro desejou atacar em suas declarações hoje publicadas no jornal é o Prefeito Paulo Maluf. A raiva, a ira do Ministro chega às raias do desespero. Por quê? Porque o Prefeito Maluf processou o Ministro no Supremo? Ora, compete a S. Exª defender-se no Supremo, e não agredir, e não usar a agressão verbal como uma maneira de responder a quem o processou. Isso o Ministro vai ter que fazer perante a Justiça. Mas o Ministro Sérgio Motta vai além: depois de agredir o Prefeito Paulo Maluf, agrediu o meu partido, o Partido Progressista Brasileiro. Não apenas o Prefeito, mas a todos. Ele diz, segundo o jornal, em uma das suas frases grifadas:

      "Que oposição? Alguém quer ser liderado pelo Maluf? Quem quer ser liderado são as pessoas de sempre. São lideranças velhas, ultrapassadas".

Então, o Ministro está dizendo que nós todos, do Partido Progressista Brasileiro, somos lideranças velhas e ultrapassadas, porque seguimos a liderança de Paulo Maluf. Não restou ninguém. É claro que o desejo de S. Exª caminha para pregar a cizânia entre os membros do nosso Partido. S. Exª diz, por exemplo, referindo-se ao Partido Progressista Brasileiro, no Congresso:

      "Veremos nas futuras votações se quem controla o partido é o Dornelles (Ministro da Indústria e Comércio, Francisco Dornelles), o Amin (Senador Esperidião Amin, Presidente do PPB), ou o Prefeito de São Paulo".

Ora, ontem almocei com o Prefeito de São Paulo em companhia do Senador Esperidião Amin, perfeitamente afinado com o Prefeito Paulo Maluf. O Ministro Dornelles, mais de uma vez, já declarou que acompanha o partido e acompanha o Prefeito Paulo Maluf. Então, não será a pregação do Ministro Sérgio Motta que vai gerar discórdia entre os políticos do nosso Partido.

O Ministro, quando agrediu todo o Partido, não reparou que estava também agredindo o seu companheiro de Ministério. Chamar de liderança velha e ultrapassada os membros do PPB é o mesmo que dizer que o Ministro Dornelles é uma liderança velha e ultrapassada. Não há como fugir disso. A deselegância de S. Exª chega às raias do impossível. Mas não serei eu, falando pelo Partido Progressista Brasileiro, quem vai usar adjetivos chulos contra o Ministro das Comunicações.

No entanto, fica naqueles que lêem as notícias do Ministro, naqueles que dizem que se trata do Ministro de maior confiança do Presidente da República, dúvida em relação à maneira pela qual o Governo se comunica. O Titular das Comunicações diz todos aqueles impropérios, dispara todos aqueles adjetivos, e o Senhor Presidente da República, quando muito, diz que não concorda. 

Sr. Presidente, Srs. Senadores, discordo dessa atitude. Para discordar da palavra do Ministro e mantê-lo no cargo, é porque ele é mais forte do que o Presidente da República. Se o Presidente da República tem autoridade para fazer seguir uma linha de ética dos seus Ministros, Sua Excelência não pode permitir que um deles diga o que quer, fale o que bem entende para depois sair apenas uma notinha dizendo que o Presidente da República não está de acordo com aquelas palavras.

Foi assim quando o Ministro se referiu à candidata do PT, Luiza Erundina, agredindo-a da maneira mais violenta possível. O Presidente da República disse somente que não concordava com as palavras proferidas e que o Ministro havia se excedido. Excedeu em qual das frases ditas contra a nossa adversária em São Paulo, Luiza Erundina? Não fica o que é claro, mas fica o que é transparente, ou seja, que o Ministro Sérgio Motta é um superministro e, na realidade, sócio do Presidente numa fazenda.

A meu ver, o Ministro das Comunicações, Sérgio Motta, deveria conter-se para não dar a demonstração de que é sócio do Presidente da República na direção dos destinos deste País.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/11/1996 - Página 18569