O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA (PSDB-DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, apresentei um requerimento à Mesa do Senado propondo uma moção de apoio desta Casa à realização das Olimpíadas de 2004 no Rio de Janeiro. E gostaria de registrar aqui as razões que me moveram a tal gesto.

O Rio de Janeiro, com suas belezas naturais, com sua tradição, com sua história, é, de certa forma, a cidade símbolo do Brasil. É um patrimônio nacional, orgulho de todos os brasileiros. E o seu futuro não diz respeito apenas aos cariocas. O futuro do Rio de Janeiro diz respeito a todos os brasileiros.

Há visíveis sinais de recuperação na cidade do Rio de Janeiro. Há uma visível reação da cidade à deterioração da qualidade de vida nas duas últimas décadas.

É fundamental que, numa oportunidade como esta, se faça o resgate da imagem do Rio como símbolo do País no exterior, do espírito alegre e criativo do brasileiro, das suas belezas naturais, do seu clima, do seu mar, do verde e do contraste com a montanha. Mais do que isso, da ausência da violência política no País e no Rio de Janeiro.

Esse é um conjunto de atributos que credenciam o Rio a sediar a Olimpíada de 2004. É importante frisar que a candidatura do Rio de Janeiro não é apenas a candidatura de uma cidade, é sobretudo a candidatura de todo o País. Para a reconstrução da imagem do Brasil e do seu potencial turístico no exterior, termos a Olimpíada de 2004 no Rio de Janeiro é um passo fundamental. Há ganhos de curto prazo e ganhos de longo prazo que superam de longe os investimentos necessários à promoção dos jogos.

Alguns poderão dizer que os investimentos são vultosos, mas é preciso registrar que a iniciativa privada será parceira deste empreendimento, de modo a reduzir ao mínimo a aplicação dos recursos públicos. Em contrapartida, o saldo com a realização das Olimpíadas no Rio será, para o País, francamente favorável. Os exemplos estão aí: Barcelona e Atlanta. Os jogos realizados nessas cidades deram lucro financeiro por conta do turismo e dos direitos de venda de publicidade e de transmissão de sons e imagens.

Calcula-se que a realização dos jogos no Rio poderá ser responsável pela criação de 114 mil novos empregos diretos, sem contar que toda a estrutura física a ser construída para sediar as competições ficará como legado para a cidade e o País.

Capacidade de organizar e promover uma festa desse porte já foi demonstrada pelos cariocas e pelos brasileiros. Em 92, a cidade hospedou mais de cem chefes de Estado e de Governo na Conferência Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento - a Rio 92 - e, registre-se, sem nenhum incidente, nenhum deslize. O Rio de Janeiro já foi testado e passou pelo teste. A imagem do Rio, maculada nos últimos anos pelos altos índices de violência, está melhorando: o número de homicídios reduziu-se em 20% este ano em relação ao ano passado. Atlanta, sede da última olimpíada, levou cinco anos para registrar a mesma queda no índice de homicídios. Prevê-se a participação de 50 mil policiais na garantia da paz e da tranqüilidade para os turistas e atletas. Por tudo isso, o Rio inclui-se entre as favoritas para ganhar a indicação do Comitê Olímpico Internacional. Os 15 membros que compõem o comando do Comitê estiveram nesse final de semana no Rio para examinar de perto as condições que a cidade oferece para realização dos Jogos - e saíram bem impressionados com o que viram.

O Presidente da FIFA, João Havelange, não tem dúvidas de que o Rio será uma das 5 cidades selecionadas entre as 11 que se candidataram.

O Brasil - e o Rio, em particular - deve voltar os olhos para o emprego inteligente, que não polui, o desenvolvimento do turismo, do esporte, do lazer, sua vocação natural. A organização da Olimpíada 2004 será um importante instrumento para se atingir esse objetivo.

Há um exemplo que penso merece ser citado, Sr. Presidente: a Espanha, que tem 40 milhões de habitantes, recebe por ano 40 milhões de turistas, e cada um deles deixa, em média, no País, US$1 mil. Isso significa que a Espanha recebe de divisas, apenas com o turismo, US$40 bilhões por ano.

O Brasil, com suas imensas e diversificadas belezas naturais, com seu litoral fantástico de Norte a Sul, com as belezas das suas cidades, das suas florestas, do Pantanal, enfim, com todas as suas belezas, recebe hoje apenas um 1,5 milhão de turistas por ano. É muito pouco.

As Olimpíadas do Rio em 2004 poderão ser o grande ponto de inversão, o grande ponto de mudança que fará com que este País veja no turismo, no lazer e no esporte a criação do emprego inteligente, a criação de novo perfil econômico que possa gerar novos empregos e melhorar a vida da nossa gente.

Por isso, Sr. Presidente, é que encaminhei esse requerimento, para o qual peço o apoio de todos os Senadores, de todos os Partidos e de todos os Estados. Peço que o Senado Federal não se omita e - mais do que isso - compareça com uma posição, que espero unânime, de apoio a essa iniciativa de candidatura da cidade do Rio de Janeiro à sede das Olimpíadas de 2004.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.