Discurso no Senado Federal

CUMPRIMENTANDO O JOVEM JOSE PEREIRA GOMES, NATURAL DA CIDADE DE CORUMBA-MS, PELA CONQUISTA DO TITULO DE MELHOR ESTUDANTE DO PLANETA, CONCEDIDO PELA LIGA NORTE-AMERICANA DE ESTUDOS.

Autor
Ramez Tebet (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MS)
Nome completo: Ramez Tebet
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
CONCESSÃO HONORIFICA. ENSINO SUPERIOR.:
  • CUMPRIMENTANDO O JOVEM JOSE PEREIRA GOMES, NATURAL DA CIDADE DE CORUMBA-MS, PELA CONQUISTA DO TITULO DE MELHOR ESTUDANTE DO PLANETA, CONCEDIDO PELA LIGA NORTE-AMERICANA DE ESTUDOS.
Aparteantes
Francisco Escórcio.
Publicação
Publicação no DSF de 03/12/1996 - Página 19469
Assunto
Outros > CONCESSÃO HONORIFICA. ENSINO SUPERIOR.
Indexação
  • REGISTRO, PREMIO, JOSE PEREIRA GOMES, ALUNO, FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL (UFMS), MUNICIPIO, CORUMBA (MS), ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS), SUPERIORIDADE, ESTUDANTE, AMBITO INTERNACIONAL.
  • ANALISE, PROBLEMA, ESCOLA PUBLICA, ENSINO SUPERIOR, FALTA, ATENDIMENTO, POPULAÇÃO CARENTE.

O SR. RAMEZ TEBET (PMDB-MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ocupo hoje esta tribuna para fazer um registro como sul-mato-grossense, como brasileiro, um registro que enche meu coração de júbilo, de contentamento.

O Brasil, há poucas semanas, conquistou um título inédito, diferente, sei que pouco conhecido. Conhecemos os títulos desportivos, as nossas glórias no futebol, no campo das artes, nas Olimpíadas. Eu mesmo não sabia que o título de melhor estudante do planeta fora conquistado por um jovem humilde, filho de pais pobres, pessoas que lutam no dia-a-dia por sua sobrevivência, de origem, portanto, a mais humilde, a mais recatada. Pois esse título, Senador Lúdio Coelho, a maior glória do mundo estudantil, coube a um conterrâneo nosso, ao estudante José Pereira Gomes, de vinte anos, filho da Cidade de Corumbá, capital do Pantanal sul-mato-grossense, e foi concedido pela Liga Norte-Americana de Estudos, que existe desde a Década de 70 e promove, de quatro em quatro anos, uma espécie de olimpíada do saber. Isso significa que ele é o campeão da juventude do mundo inteiro, título que ninguém lhe tomará até o Ano 2000, porque esse torneio é realizado de quatro em quatro anos.

Cumpre destacar, Sr Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que este título ele conquistou enfrentando colegas seus, enfrentando a juventude do Primeiro Mundo; concorreu com estudantes dos Estados Unidos, da Alemanha e do Japão. Esteve, durante algum tempo, empatado com um jovem estudante japonês, só depois de algum tempo ultrapassou em 16 pontos aquele que estava mais próximo dele.

Registro isso com alegria e contentamento porque é um título para o Brasil, não só porque o título é do Mato Grosso do Sul, mais precisamente da Cidade de Corumbá. Que pais não se orgulham de ver seu filho aprovado no final de cada ano? Tenho quatro filhos e confesso minha alegria ao vê-los lograr aprovação no vestibular. Imagino a alegria e o contentamento dos pais deste meu conterrâneo, Dª Eva e seu José Pereira, homem de 73 anos, pessoa humilde, que começou a sua vida como garapeiro na cidade de Corumbá, ao verem o seu filho consagrado como o melhor estudante do mundo nesse concurso de saber, que, volto a afirmar, é o maior concurso do planeta.

Sr. Presidente, Srªs e Senadores, é com justo orgulho que faço esse registro aqui. Esse jovem, José Pereira Gomes, de 20 anos, ganha a importância de R$180 para ajudar seu pai, lecionando Geometria e Ciências no tradicional Colégio Dom Bosco, na cidade de Corumbá.

Falei hoje, por telefone, com o estudante e com seus pais e perguntei a José Gomes qual era o seu grande objetivo, o que ele pretendia na vida. Disse-me que desejava concluir o curso de Letras na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, no Centro Universitário de Corumbá. Torci e fiz votos que ele pudesse continuar seus estudos. Afirmou-me que só seria possível continuar seus estudos de pós-graduação, fazendo mestrado na Universidade de São Paulo, que é o seu sonho, se ele fosse contemplado com uma bolsa de estudos, porque ele e sua família não possuem recursos para tanto.

Prontifiquei-me, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a ajudá-lo naquilo que fosse possível; comprometi-me com ele, disse mesmo que gostaria de adotá-lo, no esforço que vou fazer para ajudá-lo quando terminar o seu curso de Letras, na cidade de Corumbá. Não será por falta de uma bolsa de estudos que deixará de fazê-lo. Naturalmente, será com o apoio do próprio Ministério da Educação, a quem neste momento me dirijo para que volva os seus olhos para os estudantes mais necessitados deste País. Dirijo-me também ao Governo do meu Estado, à Secretaria de Educação, à Prefeitura, à Câmara de Vereadores, às autoridades constituídas de Corumbá, pedindo que acompanhem com carinho a trajetória desse moço, que, sem dúvida nenhuma, hoje, é o orgulho de Corumbá, de Mato Grosso do Sul e do Brasil.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, temos de registrar os grandes feitos dos nossos patrícios. Reputo que o feito de José Pereira Gomes, ao conquistar esse título pela Liga Norte-americana de Estudos, que realiza esse concurso de quatro em quatro anos, é de extraordinária importância.

Quero que fique registrado nos Anais no Senado meu cumprimento ao jovem estudante, a seus familiares, à cidade de Corumbá, a Mato Grosso do Sul, ao Brasil e, sobretudo, meus parabéns à juventude brasileira. É com fatos positivos assim que quero ver o meu Estado nas manchetes dos jornais. Tomei conhecimento desse fato por intermédio do Correio Braziliense de ontem e quero registrá-lo da tribuna do Senado. Esse é um título inédito na América do Sul. É a primeira vez que um jovem latino-americano consegue obter uma glória e um título dessa envergadura.

O Sr. Francisco Escórcio - Permite-me V. Exª me permite um aparte?

O SR. RAMEZ TEBET - Pois não, Excelência.

O Sr. Francisco Escórcio - Ouvi atentamente as palavras de V. Exª. Eu gostaria de enaltecer a sua preocupação em trazer aqui o campeão mundial não só de futebol, não só dos esportes, mas também dos estudos. Começo a pensar atentamente no que V. Exª está trazendo a esta Casa. Lembro-me garoto humilde e pobre, quando estava perto de fazer o vestibular, tive muitas dificuldades, porque hoje é difícil para o pobre ingressar na universidade. Se ele não tiver condição de fazer um cursinho, provavelmente não passará no vestibular. Não estou aqui falando dos cursinhos, estou dizendo que quase todos fazem cursinho, e aqueles que não o fazem estão praticamente alijados do processo: não entram numa universidade. Vendo isso, a minha preocupação chega a tal ponto que eu talvez traga uma proposta a ser discutida nesta Casa, com relação à universidade pública. Quem não freqüenta um cursinho - é neles que se fazem testes simulados de vestibular e se aprendem os macetes dos gabaritos - dificilmente entrará para uma universidade pública. Não se pode fazer distinção entre o rico e o pobre, mas temos que encontrar um mecanismo para colocar o pobre para estudar na escola pública, que foi feita para isso. Se fizermos um levantamento nas universidades públicas, veremos mais ricos que pobres. Devemos trazer essa discussão para esta Casa. Chamo a atenção de V. Exª, já que trouxe o assunto, com toda alegria, para a nossa responsabilidade, isto é, que esta Casa apresente uma solução para esse grave problema, a difícil situação dos pobres diante desse processo da universidade pública. Está na hora de darmos oportunidades aos pobres. Pretendo trazer uma proposta para ser discutida nesta Casa e, tenho certeza, que contarei com o auxílio, com a colaboração e com a inteligência de V. Exª. Muito obrigado.

O SR. RAMEZ TEBET - Senador, agradeço imensamente o aparte de V. Exª. É uma grande preocupação, de todos nós, cumprir o princípio democrático do acesso ao terceiro grau a todos.

Quero dizer a V. Exª que uma das grandes reivindicações que recebemos, como Senador da República, como homem público, é concernente à bolsa de estudos. Está difícil para os pais arcar com as despesas de seus filhos em faculdades, principalmente em Estados como o meu, Mato Grosso do Sul. Lá, as escolas de nível superior ainda são poucas e os estudantes têm de demandar outras plagas, sentindo uma dificuldade imensa para continuar seus estudos, dada a elevada mensalidade das universidades particulares. E as estatísticas demonstram que têm mais acesso às universidades públicas aqueles que não precisam do que aqueles que realmente precisam. Estou solidário com V. Exª neste particular.

Ao encerrar meu pronunciamento a respeito do meu conterrâneo José Pereira Gomes, para se ter uma idéia, quem é que não vibra, por exemplo, com os gols que o Ronaldinho está fazendo pelo mundo, o quanto ele está contribuindo para elevar o nome do Brasil, o sucesso de nossos jogadores e jogadoras de basquetebol e de voleibol. Mas eu me refiro ao título do José Pereira Gomes porque é inédito. Quase ninguém sabe, isso passa despercebido. Nem sei se Corumbá está em festa, nem sei se o Colégio Dom Bosco - espero que sim - está atento ao fato e está homenageando esse rapaz tal qual merece. Mas quem ligar os canais da Internet verificará que é um brasileiro que, até o ano 2000, vai carregar a medalha do melhor estudante do mundo. Pois apenas no ano 2000 é que haverá novo concurso realizado pela Liga Norte-Americana de Estudos.

Para se ter uma idéia, diz a reportagem que José Pereira Gomes, a quem saúdo com muita emoção e com muita alegria, em seus 14 anos de vida escolar, em 1.350 provas realizadas, obteve o grau máximo em 1.018. Vejam, portanto, que se trata realmente, se me permitem, para encerrar o discurso, de um gênio que orgulha Corumbá, Mato Grosso do Sul e o Brasil.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/12/1996 - Página 19469