Discurso no Senado Federal

CONGRATULANDO-SE COM O PRESIDENTE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, NA TENTATIVA DE INSERÇÃO DO BRASIL NA COMUNIDADE INTERNACIONAL. RELATOS DA VIAGEM DE S.EXA. A ANGOLA E AFRICA DO SUL, COMO MEMBRO DA COMITIVA PRESIDENCIAL.

Autor
Gilvam Borges (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: Gilvam Pinheiro Borges
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA EXTERNA.:
  • CONGRATULANDO-SE COM O PRESIDENTE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, NA TENTATIVA DE INSERÇÃO DO BRASIL NA COMUNIDADE INTERNACIONAL. RELATOS DA VIAGEM DE S.EXA. A ANGOLA E AFRICA DO SUL, COMO MEMBRO DA COMITIVA PRESIDENCIAL.
Publicação
Publicação no DSF de 30/11/1996 - Página 19401
Assunto
Outros > POLITICA EXTERNA.
Indexação
  • REGISTRO, VIAGEM, ORADOR, PAIS ESTRANGEIRO, ANGOLA, AFRICA DO SUL, ACOMPANHAMENTO, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • ANALISE, NECESSIDADE, DEMOCRACIA, COMBATE, SITUAÇÃO, GUERRA, ELOGIO, CONTRIBUIÇÃO, CONTINGENTE MILITAR, BRASIL, TROPA, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), PROCESSO, PAZ, PAIS ESTRANGEIRO, ANGOLA.
  • ELOGIO, POLITICA EXTERNA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, OBJETIVO, INTEGRAÇÃO, BRASIL, PROCESSO, GLOBALIZAÇÃO.

O SR. GILVAM BORGES (PMDB-AP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o mundo vive uma nova realidade, adequando-se ao processo de globalização.

A Guerra Fria que dividia o mundo, capitaneada, em um bloco, pelos Estados Unidos e, em outro, pela União Soviética, sofreu, nesses últimos anos, uma mudança radical e o Brasil procura se integrar e estreitar o seu relacionamento com a comunidade internacional.

Cheguei recentemente da África, onde integrei a comitiva do Presidente Fernando Henrique Cardoso. Tive a satisfação de conhecer novas culturas e o Continente, do qual recebemos uma influência decisiva na formação da nossa população.

Em Angola, observamos o que é uma guerra: o desastre, a miséria, a destruição da infra-estrutura. No entanto, a comitiva presidencial recebeu do povo angolano calor e fraternidade quando trafegava pelas ruas de Kuito. O povo acenava, sorria, dançava e, ali, vi um pedaço do Brasil.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, uma outra realidade: a África do Sul é um país que, recentemente, deu um grande passo para a democracia. O grande problema das etnias, o problema racial, hoje começa a ser resolvido.

Sabemos que o ressentimento daqueles povos é grande, mas eles procuram resolver suas diferenças dentro do sistema e do regime democrático, que, sem sombra de dúvida, é o que melhor responde ao equilíbrio do poder.

Sr. Presidente, os 37 conflitos mundiais não chegarão a lugar nenhum pelo poder das armas.

Na África, voltei meu pensamento para a nossa Pátria. Em certos momentos, relembrava as críticas generalizadas feitas a este Parlamento.

Somos a caixa de ressonância do País, a frente avançada da democracia, e comentei com alguns colegas que integravam a comitiva: talvez, se algumas lideranças - que, muitas vezes, tecem críticas exacerbadas sobre o Parlamento - tivessem a oportunidade de ver o que significa uma guerra armada, com certeza teriam sua visão modificada.

Essa guerra é mais difícil que a das idéias, em que prevalece a manifestação dos cidadãos através do voto, nas urnas.

Vejo a paz reinando em nosso território e as nossas diferenças, tiramos nas urnas.

Em muitas regiões da África, o poder ainda é disputado pela força, e nós, Sr. Presidente, passamos a ter uma visão mais apurada, uma compreensão mais avançada da responsabilidade que tem o Presidente da República de estender, intensificar e estreitar o relacionamento com a comunidade internacional.

Durante essa viagem, o Presidente Fernando Henrique teve sua agenda lotada, realizando mais de sete pronunciamentos, nos mais variados encontros com as autoridades políticas e econômicas daquele Continente.

Sr. Presidente, Srs. Senadores, estamos atrasados, é preciso ganhar tempo, é preciso integrar, e, pelo que vi e senti, o Presidente Fernando Henrique tem que acelerar o processo de contatos, para que a integração seja consolidada e o nosso País não fique para trás.

Se o Presidente pudesse e tivesse tempo para fazer, no mínimo, uma viagem por mês a outros países, para estreitar o relacionamento político e econômico, tenho certeza de que isso traria ganhos para o nosso País.

É lamentável que alguns segmentos da imprensa critiquem-nos pelo fato de fazermos viagens de interesse do nosso País. São críticas rasteiras, infundadas. Talvez não compreendam o que significam essas viagens.

Portanto, Sr. Presidente, fica aqui registrado que precisamos fazer muito mais. Vou integrar uma frente para que possamos melhorar as condições dos nossos consulados e embaixadas pelo mundo afora. O Brasil precisa ser mais conhecido.

Em Johanesburgo - pude comprovar - estavam mineiros, paulistas, associações comerciais e uma comitiva de setenta empresários de São Paulo, que lá se encontraram com o Presidente da República. Os inúmeros negócios que começaram a se viabilizar, a se materializar a partir desse contato, dessa integração, são algo fabuloso para o nosso País. Brevemente, seremos, sem dúvida, a quinta economia do mundo, quem sabe a quarta, daqui a uma década. Mas para isso precisamos correr atrás.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não se faz negócios com inimigos; é preciso fazer amigos. E o que o Presidente Fernando Henrique tem feito são viagens de trabalho, duras, o que observamos in loco.

Não sou homem dado a elogios fáceis, e não tenho tendência à bajulação; procuro ser correto e honesto, de acordo com os meus pontos de vista, para que tenha sempre a credibilidade devida. Não é à toa que estou aqui, representando o meu querido Estado do Amapá.

Sr. Presidente, antes de encerrar o meu pronunciamento, gostaria de falar sobre um outro marco desta Casa, que foi a aprovação do envio de contingentes militares a fim de contribuir com o processo de paz em Angola.

Lá estavam os nossos 1.100 militares, gozando de um prestígio muito grande. E a grande maioria da comitiva presente em Angola emocionou-se ao ver a bandeira brasileira com as nossas tropas dos boinas azuis da ONU.

Portanto, Sr. Presidente, minhas congratulações às iniciativas do Presidente Fernando Henrique Cardoso na busca de relações que tem feito com a comunidade internacional. Trata-se da globalização. O Brasil tem que correr atrás, tem que se integrar, pois precisamos, com urgência, nos modernizar internamente e nos preparar para a grande competição internacional.

Encerro as minhas palavras, nesta manhã de sexta-feira, desejando a V. Exª e a todos os que aqui estão, neste plenário, felicidades e que tenham um bom final de semana.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/11/1996 - Página 19401