Discurso no Senado Federal

CARTA ENVIADA AO JORNALISTA ARI CUNHA, VICE-PRESIDENTE DO JORNAL CORREIO BRAZILIENSE, PROTESTANDO CONTRA NOTICIA PUBLICADA NA EDIÇÃO DO ULTIMO DOMINGO, CRITICANDO A LUTA DE S.EXA. EM DEFESA DA FOTO NO TITULO DE ELEITOR.

Autor
Epitácio Cafeteira (PPB - Partido Progressista Brasileiro/MA)
Nome completo: Epitácio Cafeteira Afonso Pereira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
IMPRENSA.:
  • CARTA ENVIADA AO JORNALISTA ARI CUNHA, VICE-PRESIDENTE DO JORNAL CORREIO BRAZILIENSE, PROTESTANDO CONTRA NOTICIA PUBLICADA NA EDIÇÃO DO ULTIMO DOMINGO, CRITICANDO A LUTA DE S.EXA. EM DEFESA DA FOTO NO TITULO DE ELEITOR.
Publicação
Publicação no DSF de 11/12/1996 - Página 20084
Assunto
Outros > IMPRENSA.
Indexação
  • CRITICA, ATUAÇÃO, IMPRENSA, DIFAMAÇÃO, CONGRESSISTA, OPOSIÇÃO, REELEIÇÃO.
  • PROTESTO, INEXATIDÃO, ARTIGO DE IMPRENSA, ACUSAÇÃO, ORADOR, FALTA, IDONEIDADE, ELEIÇÃO, ESTADO DO MARANHÃO (MA).
  • RELAÇÃO, DADOS, VOTAÇÃO, ELEIÇÃO, ORADOR, ESTADO DO MARANHÃO (MA).

O SR. EPITACIO CAFETEIRA (PPB-MA. Como Líder, pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o nosso Partido - o meu Partido é o de V. Exª -, é um dos que tem sentido e sofrido a posição tomada pela maioria de votar contra a reeleição já para a eleição de 1998.

Quero ressaltar, nessa rápida comunicação, que dizem que se consegue voto de duas maneiras: pelo amor ou pelo temor. Parece que, no meu caso, querem levar meu voto pelo temor. Não vão me atemorizar. Sistematicamente, pessoas que se manifestam contra a reeleição são ridicularizadas ou têm sua honra colocada em dúvida pela mídia, como que num contraponto do Governo.

Líder do Partido, dirigi hoje carta ao Sr. Ari Cunha, Vice-Presidente do Correio Braziliense, vazada nos seguintes termos:

      "Sr. Jornalista:

      Lendo o Correio Braziliense do último domingo, dia 8, senti-me enojado, como se alguém em mim houvesse vomitado, ao deparar-me com a seguinte nota, em sua coluna:

      "FOTO

      Tudo poderia acontecer na política do Brasil, particularmente do Maranhão. Quem está exigindo que o título eleitoral tenha a foto do seu titular é tanto quanto Epitacio Cafeteira, líder de votos duvidosos em todos os seus mandatos, que não são poucos."

Causou-me estranheza o teor da notícia que demonstra de sua parte, no mínimo, total desconhecimento e insensibilidade política.

Mesmo que alguém fosse eleito com "votos duvidosos" e defendesse a transparência e lisura dos pleitos por meio da identificação dos títulos, evitando eleitores "fantasmas", mesmo assim mereceria, por isso, ser exaltado, jamais execrado.

Não é o meu caso. Defendo eleições limpas, porque foi por meio de votos limpos que adquiri o título de "campeão de votos" no Maranhão.

Essa notícia maldosa seria ridicularizada pela grande maioria dos eleitores de minha terra. Somente os "fantasmas" em meu Estado exultariam de satisfação pelos impropérios que inverteram a verdade dos fatos.

Para o povo maranhense eu não preciso esclarecer absolutamente nada. Faço esta carta pela indignação sentida, mas também para que os meus colegas Parlamentares saibam que, entre eles, não sou eu o fraudador, não sou eu quem compromete a imagem da nossa Casa.

Há apenas uma verdade na nota. Realmente não são poucos os meus mandatos, mas, em nenhum deles, jamais houve qualquer contestação.

Fui eleito pela primeira vez como suplente de deputado federal pelo Partido Republicano, em 1962, com 3.007 votos. Em 1965, pelo mesmo Partido, tornei-me Prefeito Municipal de São Luís, com 19.822 votos. Nesse pleito, das quatro Zonas Eleitorais de São Luís, abertas apenas as três primeiras, eu já era o vencedor. Entre quatro candidatos obtive mais da metade de todos os votos.

Em 1974, pelo MDB, fui eleito Deputado Federal com 39.589 votos. Quatro anos depois, fui reeleito com 39.740 votos, sendo, em ambos os casos, o mais votado do meu Partido.

Já pelo PMDB, em 1982, notem bem, dos 101.000 votos apurados na Capital do meu Estado, obtive mais de 50%. Só em São Luís foram mais de 51.000 votos, perfazendo um total de 64.771 votos, sempre superando o quociente eleitoral com sobras para os meus companheiros de chapa.

Tenho a honra de ter tido, na Capital do meu Estado, para Deputado, mais de 50% dos votos, competindo com todos os outros candidatos.

Há dez anos, fui o primeiro e único "milionário" de votos no Maranhão. Pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro, 1.040.384 eleitores maranhenses elegeram-me Governador do Estado.

O SR. PRESIDENTE (Levy Dias) - Sr. Epitacio Cafeteira, o tempo de V. Exª está esgotado.

O SR. EPITACIO CAFETEIRA - Estou concluindo, Sr. Presidente.

Foram 82% dos votos apurados e isso representou o maior índice até hoje registrado no País.

Todos esses mandatos já foram cumpridos. Não houve, em qualquer um deles, um voto sequer questionado. O atual, que já detenho há seis anos, de Senador, é fruto da confiança de 653.956 maranhenses, e representa também um dos maiores índices do Brasil em 1990.

Meu slogan, reconhecido por todos, porque jamais contestado, sempre foi "prometeu e cumpriu". Os maranhenses sabem que ele, assim como todos os votos que até hoje recebi, é verdadeiro.

Sendo assim, desafio-o, ou a seu informante, que apresente pelo menos um voto duvidoso a mim concedido. Caso isso ocorra, comprometo-me a renunciar aos dois anos que ainda restam para o final do meu mandato de Senador da República.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/12/1996 - Página 20084