O SR. ROBERTO REQUIÃO (PMDB-PR. Para uma comunicação inadiável.) - Sr. Presidente, se já tivéssemos votado o meu projeto sobre o direito de réplica talvez eu não precisasse estar usando esta tribuna nesta tarde de segunda-feira.

Não conheço o Sr. Ricardo Boechat, colunista do jornal O Globo, responsável pela coluna do Swann. Nunca falei com ele, nunca o vi pessoalmente. No entanto, o Sr. Ricardo Boechat, no jornal O Globo de 05 de dezembro de 1996, quinta-feira, publica a seguinte nota na sua coluna:

      Maus vizinhos. Cassado pelo TRE do Paraná por abuso do poder econômico na campanha de 94, o Senador Roberto Requião colheu 400 assinaturas de Deputados em apoio ao recurso que encaminhou ao TSE. Apesar da adesão maciça dos 30 Deputados de seu Estado, só 5 endossaram o desagravo.

É mentira, Sr. Presidente.

Determinei à minha assessoria de imprensa que conversasse com o Sr. Ricardo Boechat e demonstrasse ao colunista com clareza que, dos 25 Deputados do Paraná que estavam no plenário no momento da coleta da assinatura, 23 assinaram a adesão e o protesto contra a tentativa absurda de cassação do meu mandato. Dois não assinaram: um, inimigo de velha data, o Sr. Renato Johnsson; e outro, para o meu espanto, o ex-candidato à Prefeitura de Londrina, do PSDB, que contou com o meu apoio, e solicitava o meu apoio 24 horas por dia com insistentes telefonemas, o Sr. Luiz Carlos Hauly. Os dois não assinaram. Dos 25 presentes, 23 assinaram. Os outros, seis ou sete, certamente assinarão.

A minha assessoria de imprensa entrou em contato pessoal com o Sr. Ricardo Boechat, enviou fax das assinaturas, mas o Sr. Ricardo Boechat não retificou a notícia. Esconde-se atrás dessa liberdade toda, dessa impunidade que a imprensa brasileira tem, na falta de legislação clara para a réplica.

Mas ele não parou aí. Sábado 7 de dezembro, comprei O Globo, para ler a retificação - que não havia sido publicada no dia 6 - que tentava demonstrar que no meu Estado, onde me conheciam, eu não tinha apoio de ninguém. Safadeza explícita, Sr. Presidente. Encontro outra nota do Sr. Ricardo Boechat.

"Barra Pesada" é o título:

      O Deputado Paulo Cordeiro, que socou o chefe de gabinete de Gustavo Krause, não é réu primário.

Ele continua:

      Segundo o Senador Roberto Requião, ele já foi condenado a um ano de prisão, no Paraná, por subtração e venda de três aparelhos de ar-condicionado.

Não tenho essa notícia, não conversei com o Sr. Ricardo Boechat e não passei essa notícia a nenhum de seus assessores. Fui procurado em Aracaju, onde participava do Seminário Latino-Americano da Escola Pública, por alguém que se dizia representante do jornal O Globo, que me perguntava se eu conhecia um dossiê sobre o Sr. Paulo Cordeiro. Disse que não tinha conhecimento do dossiê e não podia, por isso, dar nenhuma informação.

Mas a irresponsabilidade da coluna do Swann coloca o meu nome, e quero consignar o meu protesto.

O que pretendem com isso? Primeiro, mostrar-me como um desmoralizado dentro do meu Estado. Bela desmoralização: 2,3 milhões de votos para o Senado! A maior votação de um Senador na história do Paraná e a primeira votação de um Senador acima da votação do Governador eleito. A segunda nota tenta me indispor com a bancada do Paraná, atribuindo-me uma declaração que não fiz e não poderia ter feito porque dela não tenho conhecimento.

Fica aqui o registro e o meu protesto contra a absoluta irresponsabilidade dessa coluna, aliás uma coluna sob a irresponsabilidade do Sr. Ricardo Boechat.

Muito obrigado, Sr. Presidente.