Discurso no Senado Federal

OBSERVAÇÕES SOBRE A AQUISIÇÃO DE TAPETE NOVO PARA O HALL DE ENTRADA DO BLOCO 'C' DA SUPERQUADRA 309, PERTENCENTE AO SENADO, BEM COMO DE EQUIPAMENTO DE VOTAÇÃO PARA O PLENARIO DA CASA, SEM CONSULTAS AOS SRS. SENADORES.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
REGIMENTO INTERNO.:
  • OBSERVAÇÕES SOBRE A AQUISIÇÃO DE TAPETE NOVO PARA O HALL DE ENTRADA DO BLOCO 'C' DA SUPERQUADRA 309, PERTENCENTE AO SENADO, BEM COMO DE EQUIPAMENTO DE VOTAÇÃO PARA O PLENARIO DA CASA, SEM CONSULTAS AOS SRS. SENADORES.
Publicação
Publicação no DSF de 19/12/1996 - Página 20951
Assunto
Outros > REGIMENTO INTERNO.
Indexação
  • QUESTÃO DE ORDEM, PROTESTO, AQUISIÇÃO, MOVEIS, EQUIPAMENTOS, VOTAÇÃO, PLENARIO, SENADO, AUSENCIA, ANTERIORIDADE, CONSULTA, SENADOR.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB-RS. Para uma questão de ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, gostaria de formular duas questões de ordem. A primeira, a rigor, não é uma questão de ordem, é um agradecimento. Profundamente emocionado, como morador do bloco "C" da Superquadra 309, apartamento 308, quero agradecer ao Sr. Presidente José Sarney, porque no hall de entrada está lá um tapete novo, moderno, bonito, e é bonito o gesto porque ninguém pediu, ninguém esperava, ninguém imaginava, e, de repente, chegamos e está lá o tapete novo. O velho não era velho, estava muito bem, estava perfeito, estávamos muito satisfeitos com o velho, mas o Sr. Secretário-Geral, em um gesto de grandeza, de bondade resolveu oferecer e colocar ali, no saguão de entrada do bloco "C", da superquadra 309, um bonito tapete novo. Coisas que fazem parte do nosso Senado.

Sr. Presidente, e esta é a minha questão de ordem, o que é isto aqui? Sou Senador da República, um modesto Senador, daqueles que se diz de terceira categoria, porque não é consultado, não é Líder, não é nada, não existe, mas sou Senador da República, e estou vendo aqui um negócio novo e não tenho a menor idéia do que seja, para que serve e qual o motivo pelo qual está aqui.

Agora, Sr. Presidente, apresento o meu protesto, pois apresentei um projeto sugerindo que o Senado, com seus 81 Senadores, deveria se reunir uma vez por mês, em uma sessão ordinária, a portas fechadas, onde as decisões fossem tomadas. Dessa forma todos os Senadores saberiam o que acontecerá e ninguém tomaria a decisão em nome de ninguém.

Apresento, então, o meu protesto, e, mesmo não sabendo se é bom ou ruim, tenho o direito de saber o que é isso que influenciará minha vida e minha maneira de ser. Esse novo aparato é para formular o voto ou para marcar a presença? É bom? É ruim? Alguns dizem que isso facilita a vida dos pianistas, porque hoje, para registrar a sua presença ou para votar, o Senador deve ocupar o seu lugar. Todos, então, o vêem nesses momentos. Dizem, e não sei se é certo, que com isso o cidadão vota de qualquer lugar, não saberemos, então, se o Simon estava ou não, se alguém votou ou não. A imprensa já está dizendo que isso é um "piano". Não sei o que é, mas temos o direito de saber. O Sr. Presidente do Senado deveria fazer a gentileza de nos informar, de nos comunicar, de nos pedir sugestão.

Isso é o Senado da República, não é uma sala de aula. Já estou com medo de que, dependendo do Presidente que venha a assumir, isso aqui vá se converter, no ano que vem, numa sala de aula. Vamos ter que nos levantar, para cumprimentar: "Bom-dia, Sr. Presidente!"; "Esteja à vontade". E, depois, sentar.

Agora, Sr. Presidente, esse teclado, quem decidiu? A Mesa? Mas custava muito à Mesa fazer a gentileza de nos comunicar, dizer o que é, o que não é?

Lamento profundamente esse tipo de ação.

Está lá o tapete, muito bonito.

É verdade que continuamos passando fome, a miséria continua.

O nosso tapete, não há como negar, é muito difícil, por aí afora, ter alguém com um mais bonito que o que temos lá na 309. Não sei se precisava, mas apareceu um novo. E a colocação do granito continuou, Sr. Presidente. Pensei que o Sr. Presidente José Sarney ia mandar olhar, porque recém estava começando podia parar, mas terminaram. Lá nos fundos da biblioteca, atrás da biblioteca, temos um granito do que há de mais moderno no mundo. Estão preparando.

O SR. PRESIDENTE (Lúdio Coelho) - Senador, peço que termine, porque não é questão de ordem.

O SR. PEDRO SIMON - É verdade, Sr. Presidente, são muitas coisas. V. Exª tem razão de ficar magoado.

O SR. PRESIDENTE (Lúdio Coelho) - Não estou magoado.

O SR. PEDRO SIMON - Mas V. Exª tem razão de ser enérgico, porque estou exagerando.

O SR. PRESIDENTE (Lúdio Coelho) - Exatamente.

O SR. PEDRO SIMON - Estou exagerando e não se justifica que eu esteja exagerando tanto, e porque estou exagerando vou deixar para uma outra questão de ordem os jardins suspensos que estão fazendo. Aqui no Senado, lá pelas tantas, no último andar, teremos, segundo informação que tenho, a versão moderna dos Jardins Suspensos da Babilônia. Teremos aqui os jardins suspensos do Senado Federal. Viva o Senado! Infelizmente, lamentavelmente, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/12/1996 - Página 20951