Discurso no Senado Federal

REUNIÃO DO PMDB, EM QUE O LIDER DO PARTIDO, SENADOR JADER BARBALHO, DECLINOU DE SUA CANDIDATURA A PRESIDENCIA DO SENADO FEDERAL EM FAVOR DO SENADOR IRIS REZENDE.

Autor
Ney Suassuna (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: Ney Robinson Suassuna
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA.:
  • REUNIÃO DO PMDB, EM QUE O LIDER DO PARTIDO, SENADOR JADER BARBALHO, DECLINOU DE SUA CANDIDATURA A PRESIDENCIA DO SENADO FEDERAL EM FAVOR DO SENADOR IRIS REZENDE.
Publicação
Publicação no DSF de 12/12/1996 - Página 20294
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • INFORMAÇÃO, REALIZAÇÃO, REUNIÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), DECISÃO, JADER BARBALHO, SENADOR, LIDER, RENUNCIA, CANDIDATURA, PRESIDENCIA, SENADO, FAVORECIMENTO, IRIS REZENDE.

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB-PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o mundo político é complicado. Horas há em que estamos um tanto quanto tontos em relação aos caminhos a seguir. Horas há em que o caminho está iluminado, tranqüilo, calmo, e todos sabemos que vamos palmilhá-lo com segurança.

Hoje, estamos num dia de tranqüilidade. Há poucos dias tínhamos grandes problemas, não sabíamos como íamos nos comportar em relação à escolha da nova Presidência desta Casa. Hoje, não temos nenhuma dúvida. Houve uma reunião da Bancada do PMDB, e, nela, o Líder, Senador Jader Barbalho, num ato de desprendimento, numa atitude de causar inveja a qualquer cidadão, declinou da sua candidatura para apoiar o Senador Iris Rezende.

O PMDB agora tem um candidato definido, um candidato que se chama Iris Rezende. Na reunião da Bancada, não só usamos a palavra para louvar esse grandioso gesto do Senador Jader Barbalho, como imediatamente conclamamos os companheiros do PMDB, Partido majoritário nesta Casa, a cerrar fileiras e pedir votos para Iris Rezende a todos os companheiros das demais agremiações.

É tradição nesta Casa escolher para a Presidência sempre um representante do partido majoritário. Raras foram as exceções. Em 1946, 47, 48, 49 e 50, não tivemos problemas; em 1951, houve uma disputa entre o Senador Mello Vianna, que recebeu 17 votos, e o Senador Marcondes Filho, do PTB, que venceu com 44 votos. De 52 a 60, a tradição foi mantida, mas, em 61, ocorreu nova disputa, entre os Senadores Moura Andrade, que venceu com 37 votos, e o Senador João Villas Boas, da UDN, com 27 votos. De 62 a 70, não tivemos problemas. Desde essa época, Sr. Presidente, temos acatado sempre a regra regimental de que o partido majoritário faz o Presidente da Comissão Diretora. Essa tem sido a regra, e espero que não a quebremos.

Embora estejamos preparados para disputar no voto, se adversários existirem, nós, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, vamos marchar com Iris Rezende, que é o nosso candidato, para a vitória. Esta Casa, posso augurar, já tem um nome para suceder o Presidente Sarney: ele se chama Iris Rezende, candidato do PMDB. Temos que aguardar para ver, mas hoje estou afirmando, fazendo uma declaração de que dificilmente teremos outro Presidente.

Caro Senador Bernardo Cabral, hoje estamos num dia realmente alegre, pois o Senador Jader Barbalho declinou da sua candidatura, num gesto grandioso, para apoiar Iris Rezende. Por isso estou declarando que o sucessor do Presidente José Sarney, com toda certeza, será o Senador Iris Rezende. Acabei de mostrar aqui que, de 1946 até hoje, só por três vezes houve disputa entre partidos pela presidência desta Casa. De 1953 para cá, não houve mais disputa: venceu sempre o Partido majoritário.

Hoje somos o Partido majoritário. Mesmo que não o fôssemos, estaríamos em condições de disputar, com o apoio das demais coligações.

O Sr. Bernardo Cabral - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. NEY SUASSUNA - Com muita alegria, Senador.

O Sr. Bernardo Cabral - Eminente Senador, desculpe-me interrompê-lo, mas V. Exª me fez lembrar - era eu rapazola - um campeonato brasileiro, cujos jogadores foram depois para a Suécia. O Feola, então técnico da seleção brasileira, chamou os jogadores e deu instruções de como fazer o gol. O Garrincha, na sua simplicidade, perguntou: "E vocês já combinaram com os adversários?" Pergunto: V. Exª já combinou com o Senador Antonio Carlos Magalhães? Porque ouvi V. Exª dizer que já tinha o Presidente.

O SR. NEY SUASSUNA - Eu tenho o Presidente.

O Sr. Bernardo Cabral - V. Exª sabe a estima que tenho pelo Senador Iris Rezende.

O SR. NEY SUASSUNA - Estou fazendo aqui a afirmação de que dificilmente esta Casa não terá Iris Rezende como Presidente, porque somos o Partido majoritário; mesmo que haja alguma modificação, temos hoje coligação.

O Sr. Bernardo Cabral - Só por enquanto. Até dezembro, não sei.

O SR. NEY SUASSUNA - Não creio. Acredito que não haja esse problema.

O Sr. Bernardo Cabral - Só lamento que o Senador Hugo Napoleão, Líder do PFL, meu Partido, não esteja aqui para falar em nome da Liderança e dar-lhe um dado concreto. Como S. Exª não está, reservo-me para não fazê-lo.

O SR. NEY SUASSUNA - Agradeço o aparte de V. Exª.

O Sr. Bernardo Cabral - V. Exª me permite aparteá-lo mais uma vez?

O SR. NEY SUASSUNA - Com prazer.

O Sr. Bernardo Cabral - Tenho tanta admiração por V. Exª que lhe pedi o aparte de pé e assim continuei. É porque a liberdade se defende de pé.

O SR. NEY SUASSUNA - V. Exª é realmente uma pessoa encantadora. Mas veja, Senador, a nossa agremiação é majoritária nesta Casa, e a tradição aqui é não sair disso. Mas mesmo que diferente fosse, mesmo que tivéssemos que disputar votos, nossa vitória estaria garantida, pois já temos hoje, com toda certeza, aliados suficientes em outras agremiações para resolver a disputa no voto.

Estou aqui usando a tribuna para declarar que o PMDB teve uma reunião de Bancada, onde nosso Líder, com grande desprendimento, anunciou que seu candidato seria Iris Rezende. O nosso compromisso hoje é sair em campo para fazer o Presidente da Casa, conforme reza o nosso Regimento e como tem sido a tradição do Senado Federal.

Era a comunicação que eu queria fazer. Agradeço a todos os companheiros, inclusive ao companheiro Bernardo Cabral pelo aparte. Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/12/1996 - Página 20294