Discurso no Senado Federal

DESAFIOS DA MEDICINA NO COMBATE E PREVENÇÃO DO CANCER. TABAGISMO E CONSUMO DE ALCOOL COMO PRINCIPAIS ALIADOS DO CANCER.

Autor
Lúcio Alcântara (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/CE)
Nome completo: Lúcio Gonçalo de Alcântara
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE.:
  • DESAFIOS DA MEDICINA NO COMBATE E PREVENÇÃO DO CANCER. TABAGISMO E CONSUMO DE ALCOOL COMO PRINCIPAIS ALIADOS DO CANCER.
Publicação
Publicação no DSF de 29/01/1997 - Página 3285
Assunto
Outros > SAUDE.
Indexação
  • DEFESA, CAMPANHA, GOVERNO, UTILIZAÇÃO, MEIOS DE COMUNICAÇÃO, PREVENÇÃO, CANCER, PAIS.
  • SOLICITAÇÃO, PAULO RENATO SOUZA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA EDUCAÇÃO (MEC), INCLUSÃO, CURRICULO, ESTABELECIMENTO DE ENSINO, EDUCAÇÃO, CRIANÇA, PREVENÇÃO, CANCER.

O SR. LÚCIO ALCÂNTARA (PSDB-CE) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, desde que a medicina tornou-se capaz de diagnosticar a doença, o câncer passou a significar nada mais nada menos que sentença de morte. Só a Aids causa maior horror e pânico à humanidade.

Mas há um pormenor a considerar. A síndrome de imunodeficiência adquirida pode ser cem por cento prevenida. O câncer não. Na maioria dos casos, ter ou não ter a moléstia é questão de sorte.

No jogo de azar da vida, morrem por ano mais de quatro milhões de pessoas no mundo. Só no Brasil, o número de óbitos anuais alcança os noventa mil.

Esse número está em terceiro lugar no ranking de vítimas. Nos Estados Unidos, só as doenças cardíacas, como o infarto, e as do aparelho circulatório, como o derrame, estão na frente. Mas por pouco tempo. No alvorecer do novo século, o câncer já encabeçará a lista das doenças campeãs de mortalidade.

No Brasil, os números dão o mesmo recado. Aqui, só as doenças cardíacas e a violência, que inclui os acidentes, estão na frente. Mas, aqui como nos Estados Unidos, já no ano 2000 o câncer irá para a ponta.

A perspectiva preocupa, Sr. Presidente. É muita gente ceifada no auge da vida produtiva. Pois, na loteria da morte, as pessoas maduras têm maior probabilidade de levar o prêmio. É que muitos cânceres exigem tempo de maturação. Em outras palavras: anos de vida.

O maior problema reside na dificuldade de detectar precocemente a maior parte dos tipos de cânceres. E aí, Senhor Presidente, esse mal se torna mais sério que a Aids, totalmente possível de prevenir.

Mas há formas -- e aí está o grande desafio a enfrentar -- de prevenir a doença. Sabe-se hoje, por exemplo, que o cigarro é causa direta de trinta por cento de todos os tipos de câncer. Três em cada dez óbitos são debitados ao vício de fumar.

A gama de órgãos atingidos pelo hábito do tabagismo é impressionante. Pulmão, boca, língua, lábios, garganta, laringe, faringe, esôfago, pâncreas, rins, bexiga e colo do útero têm mais de noventa por cento de chance de serem poupados se a pessoa não fumar.

O consumo de álcool é outro grande aliado do câncer. Mama, esôfago e boca revelam-se particularmente sensíveis ao consumo excessivo de bebidas alcoólicas. Essas modalidades de neoplasias respondem por mais de nove mil óbitos anuais.

Se nem sempre é possível detectar precocemente o câncer, é possível tomar algumas precauções capazes de preveni-lo. E aí entra nossa responsabilidade.

As campanhas contra o tabagismo e o consumo de álcool devem ser intensificadas. O câncer, além de ceifar vidas humanas no auge da produtividade, custa aos cofres públicos algo em torno de vinte e cinco milhões de dólares anuais em gastos com internações, considerando unicamente aquelas efetivadas pela Previdência Social. Sem falar, Sr. Presidente, nos custos indiretos, que são altíssimos.

A escola e os meios de comunicação de massa podem exercer importante papel no processo. Crianças e adultos são muito sensíveis às mensagens dos professores e dos ídolos da TV, do teatro, do esporte, do cinema. Ambos devem cumprir seu papel educativo.

Os Ministérios da Saúde e da Educação precisam abraçar a causa da prevenção do câncer. Por isso meu apelo ao Ministro Adib Jatene, que, antes de ministro é médico, para que promova campanhas educativas contra o cigarro e o álcool.

E outro apelo ao Ministro e grande educador Paulo Renato para que faça constar dos currículos escolares matérias que esclareçam desde cedo às crianças as formas saudáveis de bem viver e, sobretudo, de prevenir doenças.

A informação -- sabemo-lo todos -- é a melhor arma contra o câncer.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/01/1997 - Página 3285