Fala da Presidência no Senado Federal

ASSOCIANDO-SE AS HOMENAGENS PRESTADAS A ANTONIO CALLADO PELO SR. ARTUR DA TAVOLA.

Autor
José Sarney (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: José Sarney
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • ASSOCIANDO-SE AS HOMENAGENS PRESTADAS A ANTONIO CALLADO PELO SR. ARTUR DA TAVOLA.
Publicação
Publicação no DSF de 30/01/1997 - Página 3454
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, ANTONIO CALLADO, ESCRITOR, JORNALISTA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ).

O SR. PRESIDENTE (José Sarney) - Srs. Senadores, desejo secundar as palavras do Senador Artur da Távola para expressar o meu sentimento que acho que é do Brasil inteiro: a literatura brasileira perde uma das maiores expressões do nosso tempo.

Afasto-me apenas um pouco do discurso e do registro do Senador Artur da Távola para dizer que não acredito que com a morte de um grande escritor, morrem os seus personagens. Ao contrário, acredito que eles se tornam mais eternos, porque eles sobrevivem.

Sabemos perfeitamente que escrever é uma compulsão e a criação artística faz parte também daquele sentimento da obra do Criador, que, quando fez o mundo, não o fez completamente para que pudéssemos a cada dia modificá-lo e completá-lo.

Um grande escritor, na poesia, transcende as idéias e sentimentos para torná-los quase que eternos, e os grandes romancistas eternizam fatos, pessoas, momentos que se tornam indeléveis, e por isso mesmo fazem outra história, que é a história da literatura.

Callado foi um grande escritor. Tive a ventura de conviver com ele na Academia Brasileira de Letras e, mais ainda, de ser um daqueles que o motivaram para que viesse conviver conosco. Pensava eu que a Academia não estaria completa e teria que fazer o resgate do seu dever se não o incluísse entre seus membros.

Afrânio Peixoto dizia que a Academia Brasileira de Letras vive dos seus mortos. Na realidade, são os nossos grandes mortos aqueles que fazem a glória e a eternidade da própria Academia.

Mas o Brasil hoje perde um escritor excepcional; mais do que isso, um homem que colocou sua pena, sua inteligência, como grande jornalista a serviço das grandes causas nacionais e daquilo que ele pensava serem as melhores idéias para o nosso País.

O Senado Federal, por intermédio da palavra dos Srs. Senadores, Senador Artur da Távola e, neste momento, pela Mesa, expressa o sentimento que é de todo o povo brasileiro de pesar pelo desaparecimento de Antônio Callado, glória das nossas letras e momento indelével na história da literatura brasileira.

Aproveito este instante para lembrar que no velho e tradicional Senado não se dizia "temos quorum", dizia-se "temos casa". Hoje, temos casa plena, porque 81 Senadores registraram presença na Casa.

Concedo a palavra a Senadora Marluce Pinto para uma comunicação inadiável.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/01/1997 - Página 3454