Pronunciamento de José Sarney em 29/01/1997
Fala da Presidência no Senado Federal
ASSOCIANDO-SE AS HOMENAGENS PRESTADAS A ANTONIO CALLADO PELO SR. ARTUR DA TAVOLA.
- Autor
- José Sarney (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
- Nome completo: José Sarney
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Fala da Presidência
- Resumo por assunto
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HOMENAGEM.:
- ASSOCIANDO-SE AS HOMENAGENS PRESTADAS A ANTONIO CALLADO PELO SR. ARTUR DA TAVOLA.
- Publicação
- Publicação no DSF de 30/01/1997 - Página 3454
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
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- HOMENAGEM POSTUMA, ANTONIO CALLADO, ESCRITOR, JORNALISTA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ).
O SR. PRESIDENTE (José Sarney) - Srs. Senadores, desejo secundar as palavras do Senador Artur da Távola para expressar o meu sentimento que acho que é do Brasil inteiro: a literatura brasileira perde uma das maiores expressões do nosso tempo.
Afasto-me apenas um pouco do discurso e do registro do Senador Artur da Távola para dizer que não acredito que com a morte de um grande escritor, morrem os seus personagens. Ao contrário, acredito que eles se tornam mais eternos, porque eles sobrevivem.
Sabemos perfeitamente que escrever é uma compulsão e a criação artística faz parte também daquele sentimento da obra do Criador, que, quando fez o mundo, não o fez completamente para que pudéssemos a cada dia modificá-lo e completá-lo.
Um grande escritor, na poesia, transcende as idéias e sentimentos para torná-los quase que eternos, e os grandes romancistas eternizam fatos, pessoas, momentos que se tornam indeléveis, e por isso mesmo fazem outra história, que é a história da literatura.
Callado foi um grande escritor. Tive a ventura de conviver com ele na Academia Brasileira de Letras e, mais ainda, de ser um daqueles que o motivaram para que viesse conviver conosco. Pensava eu que a Academia não estaria completa e teria que fazer o resgate do seu dever se não o incluísse entre seus membros.
Afrânio Peixoto dizia que a Academia Brasileira de Letras vive dos seus mortos. Na realidade, são os nossos grandes mortos aqueles que fazem a glória e a eternidade da própria Academia.
Mas o Brasil hoje perde um escritor excepcional; mais do que isso, um homem que colocou sua pena, sua inteligência, como grande jornalista a serviço das grandes causas nacionais e daquilo que ele pensava serem as melhores idéias para o nosso País.
O Senado Federal, por intermédio da palavra dos Srs. Senadores, Senador Artur da Távola e, neste momento, pela Mesa, expressa o sentimento que é de todo o povo brasileiro de pesar pelo desaparecimento de Antônio Callado, glória das nossas letras e momento indelével na história da literatura brasileira.
Aproveito este instante para lembrar que no velho e tradicional Senado não se dizia "temos quorum", dizia-se "temos casa". Hoje, temos casa plena, porque 81 Senadores registraram presença na Casa.
Concedo a palavra a Senadora Marluce Pinto para uma comunicação inadiável.