Discurso no Senado Federal

LAMENTANDO O FALECIMENTO DO CANTOR PERNAMBUCANO FRANCISCO ASSIS FRANÇA, O CHICO SCIENCE.

Autor
Benedita da Silva (PT - Partido dos Trabalhadores/RJ)
Nome completo: Benedita Souza da Silva Sampaio
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • LAMENTANDO O FALECIMENTO DO CANTOR PERNAMBUCANO FRANCISCO ASSIS FRANÇA, O CHICO SCIENCE.
Publicação
Publicação no DSF de 05/02/1997 - Página 3811
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, FRANCISCO ASSIS FRANÇA, MUSICO, ESTADO DE PERNAMBUCO (PE).

A SRª BENEDITA DA SILVA (PT-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero, nesta oportunidade, lamentar o falecimento trágico de uma das figuras mais importantes para a cultura brasileira e para o meio artístico da capital pernambucana e também para o País. Sei que aquela população está de luto por ter perdido Francisco Assis França, um grande defensor da música popular brasileira. O cantor e compositor o Chico Science, de 30 anos de idade, vocalista da banda Nação Zumbi, faleceu domingo à noite em um acidente acidente de carro em Recife.

A popularidade do artista levou quase dez mil pessoas a acompanharem-no com saudade e reconhecimento pela contribuição que deu à cultura da música popular brasileira.

A perda desse grande talento trará prejuízos consideráveis à evolução da cultura de Pernambuco, que temos acompanhado.

Chico foi um idealizador e entendeu a necessidade de se mesclar a tradição à evolução. Promoveu, sem dúvida nenhuma, o cruzamento do chapéu de palha com o tênis importado. Também trouxe-nos, na sua produção com a Banda Nação Zumbi, "Da Lama ao Caos", uma maneira de contar em verso e prosa como gostar verdadeiramente do seu Estado, do seu País.

O trabalho musical desse artista tem grande relação com sua infância e juventude. Ele gostava de chapéu de palha, era um brincalhão, pegava caranguejos, sabia cantar e dançar, sobretudo tinha responsabilidade em fazer feliz o seu Estado.

Como sabemos, abriu mão de seu emprego numa empresa pública de informática para se dedicar totalmente ao trabalho musical, e termina sua vida aos trinta anos de idade, junto com a promessa de um futuro promissor. Perde o meio artístico, perde o Estado de Pernambuco.

Como um bom pernambucano, amava demais o seu Estado.

Nesta minha homenagem, prestada a um cidadão que, pelo seu espírito, se fosse do Rio não seria outro senão um grande carioca, gostaria de repetir as palavras de uma de suas produções:

      "Meu coração ancorou quando ouvi o primeiro tambor, entreguei ao Recife a minha emoção e a Pernambuco o meu amor. Pernambuco, aqui é o meu lugar."

Lamento, mais uma vez, a perda irreparável de Chico Science, uma perda também para todos nós, cariocas, que tivemos a oportunidade de visitar aquele Estado e de participar das suas manifestações culturais, da sua música e, por que não dizer, da sua grande popularidade.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/02/1997 - Página 3811