Discurso no Senado Federal

PARTICIPAÇÃO DE S.EXA. NO ENCERRAMENTO DO CICLO DE DEBATES SOBRE INTERIORIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DO CEARA - INTERCEARA, REALIZADO EM FORTALEZA - CE, NO DIA 24 DE JANEIRO ULTIMO, COM O OBJETIVO DE DEBATER AS QUESTÕES RELATIVAS A REGIÃO DO CARIRI.

Autor
Lúcio Alcântara (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/CE)
Nome completo: Lúcio Gonçalo de Alcântara
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • PARTICIPAÇÃO DE S.EXA. NO ENCERRAMENTO DO CICLO DE DEBATES SOBRE INTERIORIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DO CEARA - INTERCEARA, REALIZADO EM FORTALEZA - CE, NO DIA 24 DE JANEIRO ULTIMO, COM O OBJETIVO DE DEBATER AS QUESTÕES RELATIVAS A REGIÃO DO CARIRI.
Publicação
Publicação no DSF de 04/02/1997 - Página 3758
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • PARTICIPAÇÃO, ORADOR, DEBATE, REALIZAÇÃO, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DO CEARA (CE), REFERENCIA, NECESSIDADE, INVESTIMENTO, INTERIOR, GARANTIA, DESENVOLVIMENTO, PAIS, ESPECIFICAÇÃO, REGIÃO NORDESTE.

              O SR. LÚCIO ALCÂNTARA (PSDB-CE - Pronuncia o seguinte discurso) -

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, dia 24 de janeiro p.passado, participei em Fortaleza, no Ceará, do encerramento do CICLO DE DEBATES SOBRE INTERIORIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DO CEARÁ - I INTERCEARÁ; atendendo a convite da Federação das Câmaras dos Dirigentes Lojistas do Ceará. Ali seriam debatidas questões relativas à região do Cariri.

              Tendo debatido permanentemente, aqui no Congresso Nacional, em defesa da interiorização do desenvolvimento, porque não se pode conceber um Estado com um desequilíbrio econômico tão forte como o Ceará. Para exemplificar, sua Região Metropolitana, que ocupa apenas 2,6% do território, concentra cerca de 36% de sua população, consegue absorver mais de 56% do PIB estadual e quase 82% da renda interna.

              Acredito, também, que esse convite para traçar um breve perfil da região do Cariri, nesta solenidade de encerramento, esteja ligado a um trabalho que venho desenvolvendo no Congresso Nacional e que consubstância em um projeto de lei destinado a proteger, da extração predatória, um patrimônio histórico e cultural, que são os fósseis dessa região.

              Por tudo isso, digo que é mais uma prova que as comunidades do Ceará estão se conscientizando de que o governo não pode tudo. Que ela também tem que tomar atitudes para mostrar o caminho, fazer parcerias, enfim viabilizar o desenvolvimento.

              O Cariri necessita de um esforço diferenciado, porque sempre foi uma região de peso político, cultural e econômico muito forte. Abrigou heróis como Bárbara de Alencar, escritores renomados, conservando na legendária figura do Padre Cícero, uma referência espiritual muito forte, desencadeando um dos maiores fenômenos turísticos de massa do Brasil: as romarias de Juazeiro do Norte.

              Além disso, devido à sua importância econômica em função de suas potencialidades naturais, num passado recente, foi pioneira tendo adotado um processo de industrialização ordenado, por iniciativa da Universidade Federal da Califórnia em convênio com a Universidade Federal do Ceará, através do Projeto AZIMOV.

              Não nos cabe aqui analisar as causas do insucesso desse projeto que, sem dúvida, deixou um embrião de mão-de-obra qualificada e de empresários, potencialmente, empreendedores.

              O fato é que, em razão de várias causas, não podemos deixar de reconhecer que essa região vem sofrendo um esvaziamento político e econômico, que tem se refletido, inclusive, na auto-estima de sua população. E isso não pode continuar, pois o desenvolvimento equilibrado do Ceará será capenga se a região fronteiriça, sobretudo em um dos vales mais férteis do Estado, não for desenvolvida.

              E naquela região, em verdade, existem muito mais oportunidades do que ameaças.

              É importante registrar que o Cariri, composto de 26 municípios , circundado pela Chapada do Araripe e pelos Estados do Piauí, Pernambuco e Paraíba, abriga uma população superior a 700 mil habitantes, quase 11% do total estadual, cujo mercado potencial nenhum agente econômico deverá desprezar.

              Seus solos são sedimentares profundos, de abundantes mananciais de águas subterrâneas. Existe uma universidade, atualmente passando por um novo momento, no sentido de criar uma elite dirigente capacitada para dirigir as atividades econômicas típicas da região.

              Todo esse clima de efervescência que se observa, isso, a meu ver, é um "caldo cultural", muito interessante para a retomada de um processo de desenvolvimento da região.

              Gostaria de reiterar que o Governador Tasso Jereissati, já tem canalizado, para a Região do Cariri, uma série de indústrias, a exemplo da Grendene, instalada na cidade do Crato, que gera 1200 empregos. Recentemente foi assinado mais um termo de compromisso para instalação de uma indústria voltada para produção de equipamentos industriais do ramo de panificação.

              Paralelamente a esse esforço, o Governo Estadual deverá carrear recursos através da implantação dos programas estruturantes dirigidos para a região, como é o caso do Programa de Turismo, que incentivará o turismo religioso, ecológico e o turismo cultural-científico. O Prourb, que já promoveu importantes investimentos nas cidades de Juazeiro do Norte e Crato através do saneamento básico. O Projeto São José que, apesar de ser um Programa mais de cunho assistencial, de certa maneira contribuirá no sentido de que as comunidades estejam preparadas para um crescimento posterior da região.

              Dentro dessa macrovisão, estarei sempre atento às discussões que se seguirão no Congresso Nacional, como tenho pautado minha linha de atuação pela quebra desse desequilíbrio econômico, continuando a envidar os meus melhores esforços, para encaminhar e propor, em tempo hábil, os projetos prioritários que deverão contribuir para o desenvolvimento da região do Cariri.

              Era o que tinha a dizer.

              Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/02/1997 - Página 3758