Discurso no Senado Federal

LAMENTANDO O SEQUESTRO DO EMPRESARIO ALEXANDRE BARBOSA, OCORRIDO EM TUCURUI-PA QUE CONSEGUIU ESCAPAR HOJE PELA MANHÃ. RECLAMAÇÃO CONTRA O MINISTERIO DA FAZENDA POR NÃO TER LIBERADO RECURSOS A FUNAI-PA NO CORRENTE ANO.

Autor
Ademir Andrade (PSB - Partido Socialista Brasileiro/PA)
Nome completo: Ademir Galvão Andrade
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA. POLITICA INDIGENISTA.:
  • LAMENTANDO O SEQUESTRO DO EMPRESARIO ALEXANDRE BARBOSA, OCORRIDO EM TUCURUI-PA QUE CONSEGUIU ESCAPAR HOJE PELA MANHÃ. RECLAMAÇÃO CONTRA O MINISTERIO DA FAZENDA POR NÃO TER LIBERADO RECURSOS A FUNAI-PA NO CORRENTE ANO.
Publicação
Publicação no DSF de 05/03/1997 - Página 4937
Assunto
Outros > SEGURANÇA PUBLICA. POLITICA INDIGENISTA.
Indexação
  • DENUNCIA, OCORRENCIA, SEQUESTRO, ALEXANDRE BARBOSA, EMPRESARIO, MUNICIPIO, TUCURUI (PA), ESTADO DO PARA (PA).
  • APREENSÃO, OCORRENCIA, SEQUESTRO, RESULTADO, INEFICACIA, GOVERNO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, SOLUÇÃO, PROBLEMA, NATUREZA SOCIAL, PAIS.
  • RECLAMAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), AUSENCIA, LIBERAÇÃO, RECURSOS FINANCEIROS, FUNDAÇÃO NACIONAL DO INDIO (FUNAI), ESTADO DO PARA (PA).

O SR. ADEMIR ANDRADE (PSB-PA. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, a questão social no Brasil é cada dia mais grave. Creio que grande parte do banditismo que existe no nosso País é conseqüência da falta de oportunidade, de emprego, de trabalho e de justiça social.

Quero ressaltar, Sr. Presidente, que o que é comum no Rio de Janeiro, em São Paulo, nas grandes capitais de nosso País, começa a acontecer agora também nas regiões mais pobres.

Domingo à noite, no município de Tucuruí, foi seqüestrado o jovem empresário Alexandre Barbosa por uma quadrilha de bandidos que o esconderam em uma reserva indígena nas proximidades daquele município.

A ação firme do prefeito daquela cidade contou com a participação da Polícia Federal de Marabá, que, no mesmo instante, se deslocou para a área. Tive a oportunidade de tratar do assunto pessoalmente com o Ministro Nelson Jobim; com o Diretor da Polícia Federal, Sr. Vicente Chelotti; e essa interferência firme desestruturou o seqüestro. A pessoa encarregada da negociação foi presa e o seqüestrado, filho de um empresário que possui uma rede de supermercados na região, conseguiu escapar hoje pela manhã.

Fico preocupado, Sr. Presidente, porque esse tipo de ação, tão comum no Rio de Janeiro, nunca aconteceu em meu Estado. E agora começa a ocorrer. Isso é conseqüência - repito - de problemas sociais sérios que o nosso País enfrenta.

Ainda ontem ouvimos chocados a notícia de dois jovens brasileiros que tentavam atravessar a fronteira entre o México e os Estados Unidos para irem trabalhar naquele país. Lá, qualquer trabalhador, por menos qualificação que tenha, consegue angariar um salário, no mínimo, de US$1.500,00 e pode variar até US$3.000,00 ou US$4.000,00 por mês. Aqui, no Brasil, devido à má condução do processo político, é difícil arrumar-se emprego e a maioria do nosso povo ganha um salário insignificante, que não atende às necessidades de um único cidadão, quanto mais de toda uma família.

É lamentável que tenhamos de assistir um jovem brasileiro morrer afogado ao tentar atravessar o rio de um país para buscar oportunidade de trabalho que não encontrou na nossa pátria.

Portanto, é preciso ficarmos alertas para isso. Precisamos perceber que o Governo Fernando Henrique Cardoso não é nenhuma maravilha, que Sua Excelência não é nenhum salvador da pátria que justifique estar-se falando em reeleição com o entusiasmo com que se fala e muito menos se admite a subserviência com que este Congresso Nacional vota os desejos desse Presidente da República.

É preciso estarmos atentos para a realidade que estamos vivendo, é preciso termos conhecimento de que este País tem gente melhor que Fernando Henrique Cardoso para dirigir os destinos de nossa pátria, gente que enxergue essas coisas pequenas que estão acontecendo.

Finalmente, quero fazer uma reclamação ao Ministro da Fazenda com relação à Funai, Fundação Nacional do Índio. No Estado do Pará, a Funai não recebeu recurso algum no ano de 1997 e está devendo R$300 mil a fornecedores.

Depois, quando os índios se reúnem e tomam uma atitude como as que foram tomadas por aqueles índios do Maranhão, que destruíram duas torres de transmissão de energia, quando os índios se reúnem e tomam uma ação mais radical devido à falta de atenção do Governo para com eles, dizem que os mesmos são inconseqüentes, radicais e intolerantes. Na verdade, o Governo não está alerta para as coisas que estão acontecendo e não cumpre com seus compromissos e com suas obrigações, permitindo que atos de violência, como os que aqui foram citados por nós, ocorram.

Espero que recursos sejam imediatamente destinados à Funai de Brasília, para que esta possa repassá-los à Funai do Estado do Pará, para evitar uma atitude mais violenta por parte dos índios daquele Estado.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/03/1997 - Página 4937