Discurso no Senado Federal

TRISTEZA COM A DIVULGAÇÃO, A POUCOS INSTANTES, DA DECISÃO DO COMITE OLIMPICO INTERNACIONAL EXCLUINDO O RIO DE JANEIRO DO ROL DAS CIDADES CANDIDATAS A SEDIAR AS OLIMPIADAS DE 2004. RECONHECIMENTO DO ESFORÇO NACIONAL PARA QUE A CIDADE PROMOVESSE OS JOGOS OLIMPICOS.

Autor
José Roberto Arruda (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/DF)
Nome completo: José Roberto Arruda
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESPORTE.:
  • TRISTEZA COM A DIVULGAÇÃO, A POUCOS INSTANTES, DA DECISÃO DO COMITE OLIMPICO INTERNACIONAL EXCLUINDO O RIO DE JANEIRO DO ROL DAS CIDADES CANDIDATAS A SEDIAR AS OLIMPIADAS DE 2004. RECONHECIMENTO DO ESFORÇO NACIONAL PARA QUE A CIDADE PROMOVESSE OS JOGOS OLIMPICOS.
Publicação
Publicação no DSF de 08/03/1997 - Página 5119
Assunto
Outros > ESPORTE.
Indexação
  • FRUSTRAÇÃO, DECISÃO, ORGANISMO INTERNACIONAL, ESPORTE, EXCLUSÃO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), CANDIDATURA, SEDE, OLIMPIADAS.
  • RECONHECIMENTO, ESFORÇO, POPULAÇÃO, PAIS, DEFESA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), SEDE, OLIMPIADAS.

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA (PSDB-DF. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Gostaria de merecer a atenção do Sr. Presidente e dos Srs. Senadores para dizer que o Comitê Olímpico Internacional acaba de publicar a sua decisão acerca das cinco cidades finalistas para sediarem a Olimpíada de 2004. Infelizmente, para nós brasileiros, o Rio de Janeiro não ficou entre elas. A notícia foi dada há cinco ou seis minutos, por meio da imprensa internacional.

É exatamente nesse momento, Sr. Presidente, que nós, que torcemos tanto para que, no cenário internacional, representado pelo Rio de Janeiro, o nosso País tivesse considerada a sua candidatura - que não era de uma cidade, mas do País -, estamos tristes por esse resultado e ainda sob o impacto dessa comunicação oficial.

Creio que é preciso registrar desta tribuna o esforço que toda a Nação brasileira fez, principalmente a população brasileira e, particularmente, a do Rio de Janeiro, no sentido de que aquela cidade pudesse sediar a Olimpíada de 2004.

Eu gostaria de deixar consignado, Sr. Presidente, que o Senado Federal aprovou, por unanimidade, há alguns meses, uma moção de apoio à candidatura do Rio de Janeiro, o que sinalizou claramente que a mais alta Casa Legislativa do País estava de acordo com a vontade desta Nação e predisposta a ajudar naquilo que lhe coubesse, para que a cidade se preparasse para essa missão.

Eu gostaria de registrar também o empenho dos organizadores dessa campanha, em particular o do Deputado Ronaldo César Coelho e há que citar também o de brasileiros da estirpe de João Havelange e Pelé, Edson Arantes do Nascimento, que rodaram o mundo, que fizeram uma programação profissional envolvendo a sociedade carioca. A campanha foi para as ruas e ganhou o apoio de todas as camadas da sociedade.

Sr. Presidente, é preciso dizer inclusive o quanto melhorou o Rio de Janeiro nos últimos anos e melhorou pelo esforço do Governo Estadual, pelo esforço da Prefeitura e pela ajuda que o Governo Federal vem dando.

As melhorias são sensíveis tanto no que diz respeito à segurança, como no que diz respeito a outros quesitos da vida urbana.

O Rio de Janeiro, a olhos vistos, é uma cidade que, na verdade, representa o Brasil no exterior, é o nosso grande cartão de visita. É, provavelmente, a cidade mais bonita do mundo, de beleza natural e está num processo de franca recuperação.

Chego a afirmar, Sr. Presidente, com a responsabilidade deste mandato, que considero injusto o resultado com o Rio de Janeiro. Considero que outras cidades, inclusive da América do Sul, têm hoje problemas muito mais graves e não têm, por outro lado, as circunstâncias favoráveis e os equipamentos públicos concluídos que o Rio de Janeiro tem.

Há que se lamentar, como brasileiro, que essa decisão venha a frustrar as esperanças de toda uma geração, que gostaria de ver não só as Olimpíadas no Rio de Janeiro, mas as Olimpíadas a serviço do esporte mundial como fator de melhoria, de motivação da vida de um País como o nosso; um País que tem muito mais futuro do que passado, um País que tem uma população jovem extremamente grande, um País que merecia sediar essa Olimpíada, até como forma de motivar o esporte, até como forma de resolver os seus problemas.

Sr.Presidente, vivi algum tempo em Barcelona, exatamente na época em que aquela cidade se preparava para sediar as Olimpíadas. As mudanças foram impressionantes, Barcelona também tinha problemas seriíssimos de criminalidade, problemas seriíssimos de ocupação do solo urbano e resolveu todos esses problemas exatamente para sediar as Olimpíadas.

Há que se lamentar, portanto, essa decisão do Comitê Olímpico Internacional, mas devemos ter serenidade e equilíbrio mesmo nesse momento ruim para a Nação brasileira, em particular para o Rio de Janeiro; há que se cumprimentar os que organizaram essa campanha; há que se louvar o envolvimento da sociedade brasileira nesse processo de escolha; e principalmente há que se registrar que não nos devemos desmotivar.

O País - não tenho dúvidas - busca os seus caminhos; o País tem democracia, o País tem liberdade, o País tem liberdade econômica, o País vive um processo de mudanças e as realiza pelo caminho democrático. Se Deus quiser, essa campanha vai significar uma semente, aquela que um dia vai germinar a realização de acontecimentos internacionais desse porte, para que o Mundo possa saber que o Brasil, por intermédio de sua população, faz um esforço contínuo no sentido de realizar mudanças e de preparar-se para o novo milênio, o novo modelo de sociedade que todos nós desejamos mais justo e menos desigual.

Ao Rio de Janeiro envio a nossa solidariedade; ao País alerto que não devemos ficar tristes. Devemos recolher os ensinamentos positivos resultantes dessa campanha - a derrota ensina mais do que a vitória - e devemos nos preparar para outros embates internacionais que, se Deus quiser, se transformarão em conquistas. Lá na frente, quando o País vier a sediar um acontecimento internacional desse porte, haveremos de fazer a nossa homenagem a Ronaldo César Coelho, a João Havelange, a Pelé, por terem plantado, nesse momento, essa semente.

Muito obrigado, era o que tinha dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/03/1997 - Página 5119