O SR. VALMIR CAMPELO (PTB-DF. Pronuncia o seguinte discurso) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, as perdas materiais que o Brasil sofre anualmente em decorrência do estado caótico de suas rodovias são estimadas em cerca US$5 bilhões.

Em razão da má conservação das estradas, são expressivos os prejuízos advindos do consumo adicional de combustível e do desgaste acelerado dos veículos e equipamentos. Também são alarmantes os prejuízos sucedidos com mercadorias deterioradas, roubadas e avariadas.

A simples relação de custo/benefício já indicaria a necessidade imediata - ou melhor, com alguns anos de atraso - de recuperarmos nossas estradas.

O maior dos prejuízos, porém, verifica-se no lamentável número de vítimas fatais que são ceifadas aos milhares em todas as regiões do País. Famílias são destruídas, dezenas de milhares de pessoas são mutiladas e motoristas profissionais perdem o seu meio de vida.

Sr. Presidente, Senador Geraldo Melo, Srªs e Srs. Senadores, em discurso pronunciado nesta tribuna em meados do ano passado, enumerei e descrevi o estado, ou melhor, o péssimo estado de conservação das principais rodovias federais.

De lá para cá, pouquíssima coisa mudou. A maior parte das rodovias permanece praticamente sem condições de tráfego, colocando em risco permanente aqueles que, por absoluta necessidade ou desinformação, se arriscam a viajar de carro por este País.

A situação é particularmente grave, Sr. Presidente, nessa rodovia que liga Brasília a Salvador. De Brasília até Barreiras, a situação é crítica, com inúmeras crateras e sinalização quase nula. De Barreiras até Seabra, a via praticamente não existe mais, representando risco de vida para quem se dispõe a dirigir por ali. E por ali se escoa, Sr. Presidente, um volume muito expressivo de riquezas, como V. Exª sabe melhor do que ninguém.

Deixar uma rodovia dessas se acabar, além de não ser inteligente, é privar o País de uma de suas vias de transportes mais importantes, porque não são apenas a Bahia e o Distrito Federal os grandes prejudicados, mas também o Piauí, Goiás, o Ceará e até mesmo o Maranhão, que padecem com a falta de alternativa de ligação com o resto do País.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, uma boa rodovia construída dentro dos modernos padrões técnicos, atendendo a objetivos econômicos e sociais, é autofinanciável. O investimento realizado retorna em termos de crescimento de produção, da arrecadação federal, estadual e municipal, de novos empregos, do aumento dos níveis da produtividade, do consumo, do investimento, da renda, do patrimônio e do estoque de bens do País.

Um país como o Brasil precisa de um sistema eficiente de transporte ferroviário, hidroviário, marítimo e aéreo, para sua integração econômica, social, política e até cultural.

E, no que diz respeito às rodovias, nossa necessidade ainda é maior. Precisamos construir uma malha rodoviária, no mínimo, o dobro da atual.

Compreendemos a necessidade de encontrar o equilíbrio orçamentário e sabemos que os recursos são escassos, mas não podemos relegar a segundo plano a recuperação da nossa malha rodoviária. Caso contrário, estaríamos admitindo a continuidade das mortes nas estradas brasileiras. E isso seria muito triste, pois a moeda não vale mais do que vidas humanas. Uma só vida humana vale muito mais que todo o Orçamento Federal, uma só vida, Srªs e Srs. Senadores, vale muito mais do que todo o dinheiro necessário para tapar buracos nas rodovias e evitar que as pessoas continuem a morrer, que as famílias sejam destroçadas e que os jovens desapareçam de forma trágica.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.